28.3.06

Mudar de vida?



O que nos faz mudar? O que nos faz abandonar o topo de uma carreira, numa grande multinacional, para abraçar um projecto incerto, como seja um café ou um restaurante?
Para muitos isto é incompreensível e até condenável. Para outros, por exemplo, Pablo Neruda, é desejável. Já que dizia "Morre lentamente quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho".
Sonho ou não, a decoração está perfeita [quadros e fotografias escolhidos a dedo], o ambiente é muito agradável, a comida saudável [um pouco spicy, talvez...] e tem futuro.
Pelo menos é o que desejo. Para que arriscar tenha valido a pena. Mas será relevante o desfecho? Não terá valido a pena o risco só pelo gozo?
É na Avenida da Boavista e fica a sugestão.

26.3.06

Chique a valer


Não é fácil representar uma obra com mais de 500 páginas em apenas duas horas e meia. Escolher os melhores episódios e fazê-lo com mestria.
Ainda que o Dia Mundial do Teatro seja só amanhã, decidimos antecipar as festividades e assistir ao último dia de exibição d' "Os Maias", levado à cena pelo Teatro Experimental do Porto.
Cerca de 90% da audiência era sub-18, aproveitando um resumo representado da obra e evitando lê-la para as aulas de Português. Ou, então, caso se queira ser optimista, porque gostaram da obra e quiseram vê-la ao vivo.
As expectativas de ver a peça correspondente a um dos meus livros de eleição eram elevadas e não saíram goradas. Exceptuando a representação das personagens femininas (a condessa do Gouvarinho e a Maria Eduarda), os actores aproximaram-se, e quase se fundiram, com as personagens queirosianas.
De salientar, naturalmente, a personagem por excelência. O João da Ega. Que sempre me fascinou quando pintado por Eça de Queiroz e que ficou bem entregue a quem o representou.
Gargalhadas sintonizadas para o pitoresco Dâmaso Salcede. Um guarda-roupa fiel à personagem.
Surpreendente é constatar que quase tudo o que consta da obra, mantém inteira actualidade. Principalmente todo o conjunto de intenções e de projectos que não são concretizados. E a frase essencial d' "Os Maias" é, para mim, aquela que é dita mesmo no final entre os dois amigos Carlos de Maia e João da Ega - "Falhámos a vida". E quando se questionam se vale a pena correr para se alcançar alguma coisa... Quanto mais não seja para apanhar o "Americano".
Não tivesse sido o último dia de representação, ficava a sugestão... Resta esperar pela reposição ou então reler - uma vez mais - esta obra prima.

23.3.06

Utilidades marginais


A pergunta é pertinente: será que a nossa vontade de consumir determinado bem diminui à medida que o vamos obtendo, ao ponto de, a partir de determinada quantidade, o facto de o consumirmos ou possuirmos já nos causar maior prejuízo do que vantagem?
Hoje fui como que transportada no tempo cerca de 6 anos, relembrando a aprendizagem do conceito de utilidade marginal, a partir do tradicional exemplo do copo de água. A nossa vontade de beber água diminui à medida que a nossa sede vai sendo saciada.
Na prova oral de Microeconomia, o aluno lá conseguiu explicar mais ou menos aquele conceito. Enquanto isso, eu percorria no tempo e tentava, simultaneamente, aplicar a teoria a outras situações que não a do copo de água.
E pergunta que se coloca [e já o li em qualquer lado] é esta: depois de conseguirmos aquilo que queríamos, será que ainda queremos aquilo que conseguimos?
Mal sabiam eles que ao indicarem-me como júri daquela oral iriam estar a incentivar a filosofia [barata, naturalmente, que a época é de crise e não há tempo de comprar filosofias luxuosas...]!

21.3.06

Porque hoje é dia...


Ainda que todos se lembrem e festejem o Dia Mundial da Árvore ou a chegada da Primavera [recuso-me a festejar a chegada da Primavera quando ela EFECTIVAMENTE não anda por aí; deve-se ter perdido algures nas Caraíbas...], hoje as minhas linhas são para o (mais esquecido) Dia Mundial da Poesia. Não que seja fã incondicional ou que tenha muitos livros de poesia. Aprecio com moderação.
Não vou transcrever o meu poema preferido [da autoria de Pablo Neruda, naturalmente] mas um poema que descobri, com agrado, num livro que me foi oferecido há largos anos.

Pergunta-me

Pergunta-me
se ainda és o meu fogo
se acendes ainda
o minuto de cinza
se despertas
a ave magoada
que se queda
na árvore do meu sangue

Pergunta-me
se o vento não traz nada
se o vento tudo arrasta
se na quietude do lago
repousaram a fúria
e o tropel de mil cavalos

Pergunta-me
se te voltei a encontrar
de todas as vezes que me detive
junto das pontes enevoadas
e se eras tu
quem eu via
na infinita dispersão do meu ser
se eras tu
que reunias pedaços do meu poema
reconstruindo
a folha rasgada
na minha mão descrente

Qualquer coisa
pergunta-me qualquer coisa
uma tolice
um mistério indecifrável
simplesmente
para que eu saiba
que queres ainda saber
para que mesmo sem te responder
saibas o que te quero dizer.

[@ Raiz de Orvalho e Outros Poemas, de Mia Couto]

E poesia faz-se todos os dias. Até numa sala de audiência. Como a testemunha de hoje quando inquirida quem era o senhor X. Resposta pronta: "Ele é o ex-pai do filho dela". Digam lá que isto não é poesia?! Bonito!

20.3.06

Café, bica ou cimbalino



Qualquer que seja a designação que se dê, e com conceitos regionais à parte, o café sempre foi algo com o qual nunca tive uma propensão completa e, muito menos, estável e quotidiana.
Para mim, o café sempre foi algo para ser junto a outras substâncias – ao leite [que dá o pingo, café pingado ou garoto, mais uma vez conforme a região do país em que nos encontremos, ou ainda, a meia de leite ou o galão] com um toque italiano [o fabuloso capuccino, muito bem servido no Irish & Co, no Cais de Gaia], em doces caseiros, com leite condensado [uma bomba calórica, mas que vale mesmo a pena!].

[Capuccino, @ Irish & Co, Cais de Gaia]


Mais do que uma bebida, o café tem sido visto como um ritual. “Vamos tomar café?” – pergunta chave para marcar um encontro. Quando no local de convívio, nem sempre se toma café, mas o mote e o propósito não mudam. Não se diz “Queres vir tomar um chá?” ou, pior, “E se fossemos tomar um carioca de limão?”. Ficaria, no mínimo, ridículo o convite…

Não o vejo como um vício; sou capaz de estar dias sem beber um café e parece-me estranho que haja pessoas que não conseguem manter uma conversação normal pela manhã sem a cafeína.

Não prescindo, no entanto, à noite – só quando esta se adivinhe longa… - e quando o espartilho social o obrigue…

Curiosidades – a origem do café pode ser apontada na Abissínia (actual Etiópia). Rapidamente, no século XVI, os seus efeitos para combater o sono se dissiminam para oriente, tendo sido torrado, pela primeira vez, na Pérsia.

Para aqueles que não prescindem da cafeína, fiquem a saber que a mesma (moderadamente) não tem só efeitos nefastos. Saliente-se que pode prevenir a doença de Parkinson, a depressão e melhora a memória (depois da troca de nomes, acho que este efeito é relevante!).

18.3.06

Troca de nomes



O saber não ocupa lugar (já o devo ter dito num post anterior)… A minha mais recente descoberta quanto aos dizeres e conhecimentos populares é a seguinte:

- Caso se troque o nome de alguém, deve-se oferecer um pacote de amêndoas na Páscoa.

Serei a única pessoa que não sabia da existência de tal regra?

Levada a letra, isso levaria a que se vendesse, ao que me parece, uma quantidade de amêndoas bem superior à que efectivamente se vende.

Por outro lado, se se pensasse numa interpretação extensiva daquela regra e se considerasse que a mesma obrigação devia ser cumprida pelas pessoas que não se lembrassem sequer do nome da outra quando confrontadas com a sua imagem, então o desastre ainda seria maior…

Recordo-me com clareza de quanto nos ríamos quando a minha avó materna trocava os nomes dos netos todos [somos muitos…], quando nos queria chamar. Por vezes – muito frequentemente - só acertava à quinta ou sexta tentativa, passando tanto por nomes masculinos como femininos, mesmo que a pessoa a chamar fosse uma menina.

Ríamos sem saber [ou mesmo, por não sabermos] que passados escassos anos nos aconteceria o mesmo. Agora, invariavelmente, reconheço a cara mas esqueço o nome. Numa situação como essas, mais vale evitar tentar adivinhar, porque senão é melhor pedir um empréstimo para custear as amêndoas.

Para quem me trocou o nome alguma vez (?!), fica o aviso que este ano vou cobrar as amêndoas em falta. Podem ser de chocolate que não me importo!





16.3.06

Um lugar ao sol


Apesar de - segundo dizem os entendidos - o sol estar de novo em fuga, tivemos dias verdadeiramente solarengos.
E cada um aproveita o sol da melhor maneira que pode. Devido ao facto de o posto de trabalho de Coimbra ter recebido cerca de 100 alunos de Erasmus durante duas semanas, foram várias as culturas em sã convívio - desde alemães, espanhóis ou holandeses.
Tudo isto a propósito do sol. Desconhecendo como se comportam os alunos nos seus países de origem, aqui viam-se, frequentemente, a jogar futebol nos jardins ou deitados a apanhar sol em roupa interior (!). Porque quem não tem cão, caça com gato e seria ridículo desperdiçar uns minutos de banhos de sol.
Um cenário interessante, no mínimo.
Decifrei-lhes o estilo - muito mais descontraídos que os alunos portugueses, com um look muito próprio (quase todos com cabelos compridos, piercings nos sítios mais estranhos, roupas coloridas).
Não pude deixar de, por breves momentos, imaginar como teria sido se tivesse feito Erasmus. Que país escolheria, quem queria que viesse comigo e, sobretudo, se conseguiria suspender - durante uns meses - as ligações que inevitavelmente temos e não sabemos se conseguimos prescindir.
Mesmo assim, com todas as eventuais condicionantes, teria, sem dúvida, adorado a experiência, nem que isso implicasse estender-me nos jardins de uma qualquer universidade a aproveitar os primeiros raios de sol do ano.

14.3.06

Além da língua materna

São várias e diversificadas as minhas incursões em institutos de línguas e nenhuma delas foi voluntariamente acolhida.

Língua inglesa
- Primeira incursão
Foi pressão doméstica e ainda antes de ter começado a ter inglês na escola. Como nestas coisas há que repartir o mal pelas aldeias – e porque um mal nunca vem só – lá iam as duas irmãs todos os Sábados de manhã para uma casa antiga – ocupada por um instituto que agora está extinto – aprender a língua que cantávamos nas músicas e de que pouco percebíamos.
A parte mais traumática desta experiência – além de ser a um sábado de manhã – era a hora do coffe break. Que na altura não era de coffe mas sim de coca-cola acompanhada com bolachas recheadas de chocolate. Lembro-me que era para mim – com aquela idade – um verdadeiro sacrifício beber a dita bebida e comer as referidas bolachas, mas que não dizia que não para não ser a única.
Em todos os anos que andei lá, continuei a não gostar da coca-cola e das bolachas. Mas o trauma passou.

- Segunda incursão
Já com a maioridade atingida e com o intuito de alcançar um título que permitisse a candidatura a pós-graduação em Brugges. Foi um curso intensivo – quantas horas seguidas tínhamos nós naquelas salas sem janelas na zona de Cedofeita? – mas muito divertido, onde se reuniam alunos com idades bem diferentes e de áreas ainda mais diversas.


Língua alemã
De curta duração – um ano. Motivação – afastar o fantasma que pairava na escola secundária de que as notas no exame nacional de alemão seriam catastróficas. Pouco se aprendeu, mas apaziguou o receio de catástrofe.
Deu para reter a localização em prédio frio, bem como as conversas nada alemãs tidas quando a falta de vontade em aprender matéria era muito elevada.

Língua francesa
Com a mesma duração da aprendizagem do alemão e com a motivação da segunda incursão no inglês. Aulas dadas quase de madrugada e com um sabor especial a café, tomado na (MUITO) acolhedora confeitaria Campo.
Um professor com uma mística inesquecível – na sua acelera, com capacete à coco e cigarro no canto da boca.
Também os colegas eram de relevo – sem esquecer a parecia jurídica (que também me acompanhou na segunda incursão no inglês), tínhamos uma designer de moda, uma professora que só dizia “oui, c’est ça” e um engraçado gestor que queria a todo o custo evitar falar em português na sala de aula. Quando não sabia como dizer em francês, lá vinha o inglês à mistura – “about the test…” Expressão que ficou para a história.

E são estes os meus contactos com línguas estrangeiras (sem equívocos, que a língua portuguesa é traiçoeira!...). A próxima etapa é o espanhol, mas quanto a isso a cobaia (sem ofensa, ok?) já está em laboratório e depois decidirei se efectivamente vale a pena ou se continuo com o meu portunhol que muito riso provoca a quem me ouve…

12.3.06

Reencontrar a Invicta

É forçoso reconhecer que, muitas vezes, só damos o devido valor à nossa cidade quando a temos de mostrar a visitantes.
Em relação à Invicta esta não foi a primeira vez que tive esta sensação. E adorei, este fim de semana, revisitar pontos que relativizamos (porque estão sempre lá...) mas que são dignos do nosso tempo e atenção.

Porque é que nem sempre nos damos conta…

que o nevoeiro às vezes nos prega partidas e nos impede uma visão clara da Ribeira?



que o vinho do Porto – tomado no Solar do Vinho do Porto – tem um sabor incomparável?






que as francezinhas são um prato insubstituível?


[@ Ar de Rio]

que as visitas culturais que são um óptimo motivo para levantar cedo ao Domingo de manhã…



[@ Museu de Serralves]











[@ Museu de Serralves – Ignasi Abalí]

que o rio Douro tem um encanto fascinante em qualquer altura e visto de qualquer ângulo?


que vale a pena subir os 225 degraus da Torre dos Clérigos (tarefa cansativa mesmo para quem tenha preparação física...) para desta vista [de baixo]


passar a ter esta vista [do alto dos 76 metros]

Post scriptum - A Invicta não tem fechaduras e será sempre acolhedora...

11.3.06

Falhas


Falhas todos temos
Mas crónicos remorsos são por demais indesejáveis
Se agiste mal corta essa
Mas tenta pensar melhor da próxima vez
Não te deixes cair em tentações melancólicas
Porque rebolar no lodo só serve para te sujares

letra: Tim (Xutos & Pontapés)

Esta letra da música "Falhas", dos Xutos & Pontapés, recorda-me o Samuel Beckett, quando dizia: "Tudo desde sempre. Nunca outra coisa. Nunca ter tentado. Nunca ter falhado. Não importa. Tentar outra vez. Falhar outra vez. Falhar melhor".

Post scriptum para S.P. - Afinal sempre visitei o site dos Xutos... ;)

9.3.06

Encantos da Venezuela

O ditado é antigo "a necessidade aguça o engenho"... Há que reconhecer que o "melting pot" é o conceito que caracteriza as habitantes (e invasores...) da casa verde.

Confrontam-se ideias, partilham-se desabafos, discute-se se na televisão se verá futebol (que ontem foi o programa que recolheu mais votos) ou séries cómicas. Nem sempre é fácil conseguir sentar à mesa 8 pessoas, mas com jeitinho há sempre lugar para mais um.

Inventam-se, invariavelmente, refeições ou - como foi o caso do dia de ontem - dão-se a conhecer pequenos segredos culinários oriundos de outras paragens. 2/5 das habitantes da casa são de origem venezuelana o que possibilita descobrir sabores e técnicas (além de incentivar incontroláveis gargalhadas devido a pequenos "desajustes" no Português) do outro lado do mundo.

Como transformar uma omelete numa refeição fabulosa?

Vejamos:



[2 ovos por pessoa]




[colocam-se na frigideira]




[recheia-se com queijo (de duas qualidades), delícias do mar, milho, cebola, cogumelos]




[ficará com este aspecto]

E uma refeição venezuelana não fica completa sem Chicha (para não falar nas Arepas)






[a que se junta leite]




[e dá nisto]

Uma espécie de batido com sabor a canela...

Com encantos venezuelanos destes, está encontrada mais uma justificação para as fugas para Coimbra.

8.3.06

Nós

Ainda que tendencialmente contra estes dias fixos para nos lembrarmos de determinadas situações ou pessoas, hoje não posso deixar de dedicar umas linhas à MULHER.

Porquê uma dedicatória às mulheres?

Porque somos mães,
… dedicadas, protectoras,
… gentis e acolhedoras.

Porque choramos,
… de alegria, de tristeza, de saudade,
… de revolta, de angústia, de amor e de amizade.

Porque rimos,
… de alegria, para não chorar,
… de vergonha, do ridículo.

Porque temos dúvidas,
… muitas,
… das escolhas e das atitudes.

Porque erramos,
… contra a nossa vontade,
… ou de acordo com a nossa vontade,
… mas contra a nossa racionalidade.

Porque nos dedicamos,
… sempre,
… de corpo e alma,
a tudo o que acreditamos.

Porque abraçamos,
… com força,
… com delicadeza,
… com medo,
o que não queremos perder.

Porque somos complicadas.
E eternamente insatisfeitas.

Do lado lunar, em jeito de post scriptum: porque andamos penosamente em saltos altos (quando eles não partem), porque fizemos (e fazemos) o Homem cair em tentação, por uma simples maçã (se ainda fosse por um morango, agora por uma maçã?), porque somos teimosas, mas corajosas e porque adoramos que nos abram a porta, nos paguem as contas e nos acompanhem às compras (esta é quase impossível, mas não custa tentar!).

Porquê o dia 8 de Março? No dia 8 de Março de 1857 em Nova Iorque, operárias da indústria têxtil protestaram contra as condições de trabalho. O Dia Internacional da Mulher foi revitalizado na década de 60, em virtude dos movimentos feministas e desde 1975 que este dia é patrocinado pelas Nações Unidas. Fica a nota de que o dia constitui feriado oficial da Rússia.

6.3.06

Chave perdida procura fechadura



Tenho sete chaves [agora sim posso dizer que estou habilitada a fechar algo a sete chaves] no porta-chaves [que neste momento é um urso em peluche e não uma joaninha...], sem contar com a chave do carro que tem direito a um porta-chaves à parte…
Chaves de casas e locais de trabalho. No entanto, há uma chave sem dono, uma chave sem fechadura.
Já mudei de porta-chaves várias vezes e continuo sem ter coragem para deitar aquela chave ao lixo ou guardá-la numa qualquer caixa de objectos inúteis.
Hoje, quando colocava mais uma chave no porta-chaves, tentei, em vão mais uma vez, descortinar a proveniência daquela chave.
São várias as hipóteses: cacifo da escola secundária (o que implicava que a dita já tivesse mais de oito anos sem laboração), cacifo da faculdade (três anos sem utilização), alguma mala de viagem, ou ser da casa de alguém que me terá dado em momento de pouca lucidez

Alguém tem uma fechadura que não consiga abrir?

Dizem os entendidos que existem chaves Gorja (as mais simples), Yale (com 4 a 8 pinos), Yale dupla, Tetra (com 4 lados), Pantográfica (com o segredo à superfície) e Codificada (com combinação numérica).
Tenho que arranjar um modelo com um nome pomposo para a minha chave. Pode ser que fique iluminada a minha memória e finalmente me recorde do motivo pelo qual aquela chave apareceu (e não quer sair) do meu porta-chaves...


5.3.06

Previsões


Consultada a bola de cristal, aqui ficam as minhas previsões para alguns dos nomes que se devem ouvir esta noite como vencedores dos Óscares da Academia:
- Melhor actor - Philip Seymour Hoffman (“Capote”)
- Melhor actriz - Reese Witherspoon (“Walk the Line”)
- Melhor actor secundário - George Clooney ("Syriana")
- Melhor actriz secundária - Rachel Weisz ("O fiel jardineiro")
- Melhor realizador - Ang Lee ("O segredo de Brokeback mountain")
- Melhor filme - "Munique"

Alea acta est. A academia esqueceu o Match Point... Imperdoável!!!

4.3.06

Karaoke



A mais recente aquisição de um dos bares sitos na mesma rua da casa verde, em Coimbra, foi toda a artilharia relacionada com o karaoke.
A etimologia da palavra karaoke (de origem japonesa) remete para o conceito de vazio (kara) de orquestra (oke). Portanto, só temos a música de fundo que fica pronta para acolher as vozes mais corajosas que se apresentem para cantar.

As minhas – poucas – incursões em karaoke são quase todas traumáticas. O primeiro contacto que tive foi há cerca de 15 anos, no Algarve, nas míticas festas de animação que tinham os hotéis. Só quase os ingleses cantavam e, na sua maioria, de forma desafinada. Era uma tortura ouvi-los.

Quando me atrevi a cantar pela primeira vez [num bar que julgo estar já extinto, mas acho que não foi por minha causa…], caí no erro (não repetido) de cantar uma música que pouco mais conhecia do que o refrão e cuja música de fundo era muito baixa. Por isso, foi perfeitamente audível para todos os que ali se encontravam que a voz da pessoa que estava a cantar não era muito afinada…

A partir desse momento, e depois de outras incursões, surgem algumas dicas para quem (como eu) não cante lá muito bem, mas que queira – ainda assim – aventurar-se em frente ao micro:
- a música a escolher deve ser o mais pimba possível e, de preferência, muito conhecida. Com sorte, a assistência começa a cantar e pouco mais teremos que fazer do que mover os lábios como se estivéssemos a fazer playback.
- não se deve cantar sozinho. No mínimo reunir três pessoas e evitar ficar com o microfone. Basta dar a entender que se está a cantar.
- evitar cantar alcoolizado. Os resultados podem ser irreparáveis…

Regressando ao bar da rua da casa verde, ali não existe isolamento sonoro. Conseguem-se ouvir perfeitamente todos os hits do karaoke – desde o mítico “Anzol”, passando por “Amanhã de manhã” e “More than words”.

Daí que se aplique o ditado – “Se não os podes vencer, junta-te a eles”. Enquanto eles cantam (e impossibilitam que se consiga dormir), nós encantamo-nos noutros spots e com outras músicas:



[Morangoska, @ Botânico Bar]

2.3.06

Time out


Nem sempre o tempo me pareceu ser algo tão imponente e invencível como nos últimos anos. Desde que me lembro que utilizo relógio no pulso (houve uma altura em que o usava no pulso direito; não me perguntem porquê, mas devia ser na fase contestatária da minha vida...) e raramente olho para ele durante o dia. Mas se, por alguma razão, me esqueço de o trazer, parece que o dia já não vai ter o mesmo curso.
24 horas são MANIFESTAMENTE insuficientes para se fazer tudo o que se pode, tudo o que se quer, tudo o que nos apetece, tudo que merecemos. O que nos obriga, inevitavelmente, a fazer escolhas.
Apesar desta inevitabilidade fica a intenção de requerer - às autoridades competentes - que o dia tenha duas horas de TIME-OUT. Teríamos direito (direito adquirido à nascença, com o nascimento completo e com vida - para recordar conceitos...) a duas horas de suspensão de contagem de tempo. Que poderíamos gozar quando e como pretendêssemos.
Se assim fosse, não teríamos falhado o cinema dois dias consecutivos, fruto de jantares mais prolongados. Às 21h os relógios teriam parado, ficaríamos mais 2h alegremente à conversa e ainda chegaríamos a tempo de um gelado antes do cinema.
Considero-me a primeira subscritora deste abaixo-assinado para requerer o TIME-OUT de 2 horas por dia. Estão abertas as hostilidades para quem queria subscrever o requerimento...