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7.2.11

O(s) cisne(s) branco e negro



Com os óscares a aproximarem-se a passos largos, está descoberto um pretexto para regressar às salas de cinema (porque é que será que a falta de tempo normalmente sacrifica a cultura?!).

Vou com enormes expectativas ver o "Black Swan" (Cisne Negro) e o filme corresponde. Corresponde, mas não excede. [acontece...]

No papel central, surge-nos a (quase) angelical Natalie Portman - com uma representação mais do que digna para ser devidamente galardoada - numa incessante busca pela perfeição. Pela perfeição na dança, nos movimentos, nos gestos, na graciosidade.

O objectivo central - colocado à personagem Nina - é perder o controlo, viver... Como compatibilizar a perfeição com a libertação? Como imprimir energia e sensualidade quando não se conhece nada mais do que a pureza?

O filme é potente, cru, directo. Com uma densidade psicológica invejável, enquanto se encontra, metaforicamente, quase uma luta entre o belo/feio, o bem/mal, o branco/negro, a sanidade/loucura. A metamorfose, o desenvolvimento, a transmutação de um cisne divino num cisne obscuro.

Gostei do argumento, da representação. E da surpresa. Pena que a crueza do filme nos assalte sem estarmos à espera (sim, eu sei que isto devia ser um ponto positivo...)

Saldo final - 5 estrelas à Natalie Portman e 4 estrelas ao filme.

Enjoy.

7.3.10

Venham os Óscares


Em jeito de antevisão para mais uma noite de entrega das estatuetas douradas, aqui ficam, uma vez mais, as minhas previsões e apostas.

Num ano marcado pela luta pelas estatuetas entre ex-casados (!) pelos prémios da Academia e pelo (incompreensível) aumento no número de candidatos para Melhor Filme, ainda nada estará decidido.

O vencedor do braço de ferro, parece-me, será James Cameron, em virtude dos acontecimentos dos últimos dias relativos a tentativas de pressão da Academia... O Oscar que já estava nas mãos de Kathryn Bigelow pode ter-lhe fugido entre os dedos.


Aqui ficam, então:

Melhor Filme
- Quem deve ganhar - Avatar
- Por quem vou torcer - Sacanas sem Lei

Reconhece-se que The Hurt Locker pode vir a surpreender. Se Avatar não ganhar nesta categoria, pode ficar, apenas, pelos prémios de caracterização...


Melhor Realizador
- Quem deve ganhar - James Cameron
- Por quem vou torcer - Quentin Tarantino

Mantendo-se a tendência para Melhor Filme e Melhor Realizador coincidirem, a confirmar-se a minha previsão, James Cameron será o grande vencedor.

Taratino levará sempre a que aposte nele (enquanto um dos meus realizadores de eleição), mesmo que saiba, à partida, que os filmes por si concebidos não acolhem aplausos unânimes. De qualquer forma, se o Oscar fosse para Tarantino seria bem entregue!


Melhor Actriz
- Quem deve ganhar - Sandra Bullock (The Blind Side)
- Por quem vou torcer - Meryl Streep (Julie & Julia)

Sandra Bullock e Meryl Streep desempenham, nos filmes para que são nomeadas, papéis muito diferentes daqueles que as lançaram para a ribalta. Sandra Bullock, nos jeitos, caracterização e sotaque, tem uma representação consistente e bem conseguida mas parece faltar "qualquer coisa". De todo o modo, em jeito de prémio pos outros filmes, pode bem ser o ano em que ganha.

Meryl Streep é genial em "Julie & Julia". Sem falhas. Brilhante.

Melhor Actor
- Quem deve ganhar - Jeff Bridges
- Por quem vou torcer - George Clooney (porque já está na altura...)

Melhor Actriz Secundária
- Quem deve ganhar - Mo’Nique
- Por quem vou torcer - Vera Farmiga

Melhor Actor Secundário
- Quem deve ganhar - Christoph Waltz
- Por quem vou torcer - Christoph Waltz

Sacanas sem Lei foi um dos melhores filmes do ano e a representação de Christoph Waltz merece ser premiada. Os críticos não têm dúvida que o prémio é dele.

E amanhã fazem-se as contas!

28.1.10

No grande ecrã

Após algum interregno, regressei ao cinema e, há que reconhecer, sobretudo para ver dois dos filmes que têm estimulado, neste momento, a crítica, sobretudo em virtude dos prémios alcançados por ambos no âmbito da cerimónia dos Globos de Ouro (mais o primeiro do que o segundo...). Vamos então a eles:

1.Avatar



O género, em si, não faz parte daquele grupo de filmes que me arraste alegremente para o cinema. Tudo o que se enquadre no âmbito do vasto conceito de "ficção científica" costuma causar-me algum desconforto (e admito estar a cometer uma heresia para os aficcionados).

Mas o "Avatar" despertou a minha curiosidade, não só por se apresentar como um dos filmes mais caros na história do cinema, como pelo facto de vir assinado por um realizador que já demonstrou saber surpreender - James Cameron.

E assim fui. Com os óculos 3D, somos levados para um mundo paralelo (?) a algumas décadas de distância e deparamo-nos com seres extra-terrenos com hábitos tão distintos e dignos de aprendizagem. E é a essa empreitada que se atira o personagem Jake Sully, representado por Sam Worthington - conhecer esses seres, os seus hábitos para depois ser mais fácil o domínio dos humanos.

O argumento do filme não é brilhante e chega, frequentemente, a ser previsível para o espectador. Mas o filme não é argumento, pelo menos para mim. O filme vale pela imagem, pelos efeitos, pelo cenário tridimensional e gráfico.

Diverte. Mas não nos rendemos ao seu encanto.

Saldo final
- 3 estrelas.

2. Nas Nuvens




Não é um filme fácil de digerir. Comecemos pelo fim. A sensação que nos acompanha à saída do cinema é de alguma estranheza pela densidade do filme.
Porquê?

Ao contrário do "Avatar" - não sendo dois filmes comparáveis, coloquei a análise dos dois temporalmente perto - "Nas Nuvens" é sobretudo argumento. Tal como era o anterior de Jason Reitman, o belíssimo "Juno".

George Clooney apresenta-se como um quarentão cuja actividade profissional envolve viajar, por avião, cerca de 11 meses por ano, preparando meticulosamente a mesma mala de viagem com o objectivo de despedir pessoas, ou eufemisticamente, levar a que estas abracem outras oportunidades.

É um papel oscarizável em toda a linha. A aparente frieza inerente à actividade de Ryan (Clooney) - e, sobretudo, o distanciamento e ausência de raízes que as viagens obrigam - começa a ser, pouco a pouco, posta em causa. Até ao momento em que a conferência tantas vezes proferida pela personagem quanto a "largarmos tudo o que nos pesa" deixa de fazer sentido. Porque há tanto mais do que viagens de avião. Há tanto mais do "fugas". E a solidão não faz sentido.

Saldo final
- 4 estrelas. Pelo fantástico argumento, pela actuação de Clooney e pela ironia do final.

19.11.09

Treto - Coppola


Um agradável convite para a ante-estreia (fica o agradecimento...) leva-me para "Tetro".

O filme, de Francis Ford Coppola, está bem estruturado - o que não surpreende, atendendo a quem o assina - e o enredo vai-se compondo assim que os minutos avançam.

Ainda que sob o carimbo de "drama" há no filme qualquer coisa de uma "estranha tragi-comédia".

O argumento é simples - Bennie viaja para Buenos Aires à procura do irmão mais velho Angie. Sem imaginar encontra um "Tetro" e não um "Angie", com personalidade e hábitos diferentes do que se recordava. Tetro já não é um génio da escrita, mas um escritor falhado.

Como a sua estadia em Buenos Aires se vai prolongado, o propósito de Bennie passa a ser, além de tentar descobrir o seu passado, recuperar a genialidade do irmão.

A banda sonora, em que reparo sempre, é consentânea com o enredo. Consistente. A fotografia - entre o preto e branco e as cores, e com todo o jogo que isso envolve - é magnífica.

Recomendo vivamente. Porque Coppola é sempre Coppola.

Saldo final - 4,5 estrelas.

22.2.09

Q & A e Slumdog Millionaire

Li o livro de Vikas Swarup, Q & A (cuja tradução para português coincide com a tradução do filme para "Quem quer ser bilionário"), com a velocidade própria de quem queria comparar o texto que deu o mote ao filme com a adaptação do argumento ao grande ecrã.

Comecemos pelo livro. No livro, a personagem principal Ram Mohammad Thomas vai narrando à sua advogada, Smita Shah, o motivo pelo qual conseguiu acertar nas doze (ou treze?) perguntas do concurso televisivo.

Não estava prevista a sua vitória, não era suposto que soubesse tanto, nem, muito menos, que chegasse ao prémio mais alto que o concurso alguma vez tinha dado.

O livro, narrado na primeira pessoa, é intimista. Pela voz da personagem principal vamos conhecendo, peça por peça, ou, melhor, pergunta por pergunta, as várias peripécias da sua infância e adolescência.

Sem dúvida que o livro é consistente, bem escrito e que apresenta uma boa história. Aqui e além inspirada (conscientemente ou não) em segmentos de Charles Dickens e os cenários mais ou menos funestos da infância de um órfão.

Passemos ao filme.

Pelas mãos de Danny Boyle, é adaptado ao cinema o livro de Vikas Swarup. Já há muito que não fazia a ponte livro-filme. Até que ponto consegue um realizador transformar um livro - porque a passagem ao cinema implica necessariamente uma transformação - sem destruir a essência da escrita?

Jamal Malik - a personagem principal - às portas do grande prémio, tem que convencer a polícia indiana de que, apesar dos seus 18 anos e de ser apenas um servidor de chás, "sabia todas as respostas".

O livro, como é regra, é mais completo e, de vez em quando, reparam-se os saltos da película em relação ao texto original. Até as próprias perguntas do concurso não são coincidentes. Mas apesar desta desconformidade (e porque desconformidade não significa obra menor), o filme é meritório.

O cenário indiano dá-nos por alguma vezes um murro no estômago. Da imundice dos bairros de lata à pobreza e miséria dos pedintes.

O melhor do filme? A banda sonora. Genial mesmo. Dá um ritmo excepcional ao encadeamento dos factos e fica a vontade de levar já para casa o cd. 5 estrelas para A. R. Rahman. Já em Trainspotting (que é melhor do que este Sumbdog Millionaire) a banda sonora tinha um dos mais importantes papéis na película.

Saldo final - 4,5 estrelas. Pela comparação com o livro conduzir à conclusão que o filme podia, e devia, ter aproveitado alguns segmentos da narrativa em benefício da história.

Previsões e apostas 2009


Esta noite/madrugada todos as atenções estarão dirigidas para a entrega dos maiores prémios do cinema. Num ano especialmente marcado por argumentos adaptados e por filmes de (aparente) baixo orçamento, deverá haver poucas surpresas.

Julgo que um filme que tenha a sua história já escrita e seja, portanto, não mais do que um argumento adaptado, não deveria ganhar o óscar de melhor filme, mas a academia não se deixa seduzir pelos meus "julgamentos" e, por isso, deve mesmo vir a premiar a passagem ao ecrã de um livro bem escrito (a crítica seguirá dentro de momentos...) - "Quem quer ser bilionário?".

Recolhidos os pareceres e vistos quase todos os filmes, aqui ficam algumas tendências:

Melhor filme: Deve ganhar "Quem quer ser bilionário?". Por mim ganharia o "Estranho caso de Benjamin Button", mas talvez este só venha a vencer nas categorias de caracterização.
Melhor realizador: Gus Van Sant, com "Milk". Fugindo-lhe o óscar de melhor filme, que será o mais provável, não lhe deve escapar este justo galardão. Num filme que é, todo ele, feito à imagem do realizador.
Melhor actriz: Kate Winslet. Claro que, por mim, ganharia sempre Meryl Streep que já mais do que provou, com todos os prémios e nomeações, que é a melhor actriz da sua geração e que apresenta sempre uma representação sublime em todos os filmes em que intervém.
Melhor actor: Mickey Rouke. Já recolheu o apluso unânime da crítica, ao regressar às luzes da fama depois de uns anos na sombra. Se perder, só se for para Sean Penn, visto que o papel em "Milk" lhe assenta como uma luva. Eu torço por ele.
Melhor actriz secundária: Já quase que Penélope Cruz tem o prémio nas mãos, mas estaria melhor nas de Viola Davis que tem uma interpretação irreprensível no filme "Dúvida". Resta saber se a Academia se deixa convencer por uma interpretação de apenas cerca de 10 minutos. A mim convenceu.
Melhor actor secundário: Heath Ledger. A título póstumo e quase certo.

Logo se verá.

2.2.09

Benjamin Button


Fui avisada de que o filme duraria quase três horas mas que nem se sentia o tempo passar. Como se de uma metáfora em relação ao próprio filme se tratasse, em jeito de relógio que vai andando para trás, manifestando um acto de catarse do relojoeiro.
"O estranho caso de Benjamin Button" não ignora a grandeza que o envolve nem o impacto que causa a quem o vê.

Baseado na "short story" história de Scott Fitzgerald com o mesmo nome, é sobretudo pelo argumento que o filme tem algumas cartas (de trunfo) a dar. Ainda que seja um argumento adaptado, é enriquecido com umas pinceladas de actualidade, nomeadamente o tempo real em que são recordados os momentos da vida da personagem principal suceder em 2005, em pleno Katrina.

Sob a pena de um dos meus realizadores favoritos - David Fincher (que já me tinha roubado muitos aplausos com Seven, não devendo este ano a estatueta dourada escapar-lhe) - temos a histórica de Benjamin, cujo nascimento ocorre no final da 1ª Guerra Mundial, e cuja vida é o contrário do esperado. Começa-se com rugas e acaba-se num bébé. E ainda que a frase "no final, todos acabamos de fraldas" seja o mote do filme, todos os contra-tempos e fases vividas em turbulência num corpo que vai rejuvenescendo são dignas de apreço e muito bem conseguidas.
A caracterização tem aqui um papel irrepreensível. Como envelhecer e rejuvenescer Brad Pitt e Cate Blanchet (e todas as outras personagens secundárias) parece ser uma operação tão simples para a produção do filme.
Brad Pitt tem uma representação consistente, mas talvez um pouco abaixo do que esperava. Reconhece-se, não obstante, que foi uma boa escolha para a personagem central.

Um filme a não perder, que recomendo.

Saldo final - 4 estrelas (sob reserva de correcção superveniente - para mais -, caso os filmes que estão para vir/ver se revelarem como de segunda linha).

28.1.09

O regresso de Woody Allen


Nos preparativos para as apostas para os melhores filmes do ano, regressei às salas de cinema (após um largo período de jejum, reconheço).

Desta vez, para rever Woody Allen e a sua incessante busca da compreensão do comportamento humano relacional. Vicky Cristina Barcelona não deve ter pretensões em chegar ao nível de Match Point ou sequer de Scoop. Ao nível do argumento, este é mais comum, quase em jeito de filme de Domingo à tarde.

Quanto à representação, só mesmo Penélope Cruz consegue subir a fasquia e destacar-se dos restantes, talvez por isso mesmo se compreenda a sua nomeação para o Óscar de Melhor Actriz Secundária.

A história, em si, não podia ser mais simples. Duas amigas vão de férias para Barcelona e uma delas, em vésperas de casamento, começa a avaliar se terá feito uma boa escolha e se todos os princípios e (pre)conceitos que a caracterizam têm realmente sentido. O já esgotado (a nível de cinema) conflito entre razão-emoção surge, uma vez mais, aqui retratado.

Além da representação de Penélope Cruz, destaca-se a banda sonora, diversificada, mas, inevitavelmente com domínio espanhol, de que saliento Paco de Lucia. E, ainda, a cidade. Barcelona.

Saldo final - 3 estrelas.

30.9.08

Mamma mia!


Já devem ter decorrido mais do que 12/13 anos desde a data em que reclamei e obtive o "Abba Gold", ainda em formato de Vinyl, com dois discos. O grupo sueco que marcou uma geração anterior viu o seu sucesso prolongar-se muito para além do terminus da banda. E eu ouvia as músicas insistentemente, levando a que, não raras vezes, o frágil vinyl ficasse riscado de forma irremediável.

Foi, pois, com grande entusiasmo que soube que as músicas mais conhecidas (ainda que não todas) iam finalmente dar um filme. O musical Mamma mia!, com origem em 1999, é, agora, dado ao grande ecrã e por caras bem conhecidas. Meryl Streep confirma que é uma das mais versáteis actrizes das últimas décadas, mostrando que não há papel que não consiga representar e fazê-lo com excelência.

Meryl Streep aparece-nos no papel de Donna Sheridan, cuja filha - Sophie - decide convidar, para o seu casamento, os três possíveis pais (Pierce Brosnan, Colin Firth e Stellan Skarsgard)... Entre as recordações do passado e as conjecturas acerca de um futuro "que poderia ter sido" diferente, surgem as músicas dos "Abba" cantadas pelos actores. As coreografias são, sem excepção, extremamente divertidas encontrando-se, algumas delas, entre o non sense e o ridículo. Mas é a receita certa para as gargalhadas do público e, também, para uma vontade de cantar e dançar com o elenco.

Do best of musical do filme fazem parte, para mim, a Mamma Mia, Chiquitita, Take a chance on me e, a melhor, Dancing Queen (com um dress code mesmo a preceito).

Para quem aprecia a banda e o género musical, o filme é imperdível (e garante-se a vontade de ir comprar o álbum logo que se sai do cinema). Para os outros, é uma bela maneira de começar a semana...

Saldo final - 5 estrelas (confesso que ainda estou a cantar as músicas:

Mamma mia, here I go again
My my, how can I resist you
Mamma mia, does it show again
My my, just how much I've missed you...)

6.6.08

Mr. Jones


Em jeito de limpar o pó ao blog [quase que se diria manifestar umas férias prolongadas da signatária, mas as férias ainda têm de esperar...], aqui fica um pequeno apontamento ao último filme da saga Indiana Jones.

O primeiro filme data de 1981 e o último - com um título menos bem conseguido - está agora nas salas de cinema - "Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal".

Harrison Ford continua em forma no papel de professor de Arqueologia nas horas vagas e de aventureiro como profissão principal. Destaca-se o papel de Cate Blanchet. Se dúvidas houvesse quanto à capacidade da actriz em desempenhar qualquer papel, elas dissipar-se-iam com este filme. Indiana Jones tem agora a acompanhá-lo nas suas andanças Shia LaBeouf, no papel de Mutt Williams.

O artefacto que agora guia as aventuras é uma caveira de cristal, com mistérios quanto aos seus reais efeitos e poderes. E é aqui que o filme perde as potenciais cinco estrelas que poderia alcançar (pela representação e pelos efeitos especiais). Tentou-se inovar ao nível do argumento - talvez para conseguir conquistar um público mais alargado - e a tentativa não terá sido suficiente. Demasiado fantástico, talvez. A explorar os mundos paralelos.

Mas como filme de entretenimento, nada há a apontar. O constante perigo, a saída dele de forma hábil, o sotaque da personagem interpretada por Cate Blanchet, os pequenos momentos de humor, a fantástica explosão nuclear...

Cabe perguntar se este é mesmo o último filme da saga ou se tem sentido dar continuidade. Para mim, ficará sempre, como o melhor, o "Indiana Jones e o Templo Perdido", visto há cerca de 20 anos quando mal conseguia ler as legendas à velocidade que elas apareciam no ecrã...

Saldo final - 3 estrelas.

2.5.08

Nós controlamos a noite


Com a assinatura de James Gray, surge este "Nós controlamos a noite" [o título original inglês - We own the night é mais rico, provando que o "lost in translation" é verídico].

O género não traz nada de novo - o retrato dos anos 80 em Nova Iorque. Uma cidade que se vê a braços com o aumento da criminalidade e com o combate ao narcotráfico.

Joaquim Phoenix, na pele de Bobby (um gerente de uma discoteca), é, claramente, um anti-herói. E mesmo assim resulta. Ainda que o realizador tenha explorado, algo abusivamente, a tradicional dicotomia bem/mal, polícia/criminoso...

Mark Wahlberg (Joe) apresenta-se como o irmão de Bobby (a ovelha negra da família), um polícia exemplar que foi recentemente empossado na liderança do combate ao tráfico de droga.

Para quem é, como eu, fã dos filmes deste género talvez tenha faltado um pouco o factor supresa. Desconstruir o enredo e adivinhar o final não foi tarefa difícil. E as comparações deste com outros filmes melhores, tornam-no mais pobre. O "Departed", de Scorsese, bate-o aos pontos.

A banda sonora está apropriada. Ali encontram-se nomes como Blondie (com a divertida Heart of Glass) ou David Bowie.

Quanto ao saldo final, atendendo a que foi um filme visto na sala vip e com cadeiras ajustáveis [um mimo], leva as 4 estrelas.

P.S. Se tivesse sido visto em sala normal e ao som de pipocas, ficaria pelas 3. Mas um filme também ganha pelas circunstâncias...

5.3.08

O vilão


Quem terá sido, no cinema, o melhor vilão de sempre? Se da lista podem fazer parte:
- Hannibal Lecter (Silêncio dos Inocentes)
- John Doe (Sete Pecados Mortais)
- Bill, the Butcher (Gangs de Nova Iorque)
- Dracula (Dracula)

atrever-me-ia a juntar este Anton Chigurh (brilhantemente interpretado por Javier Bardem, no "Este país não é para velhos"), com a sua expressão facial quase indecifrável, e o estranho "Call It" para decidir o futuro a dar a quem o rodeia.
5 estrelas.

22.2.08

Previsões e apostas

Aproximando-se a cerimónia de entrega dos óscares da Academia, num ano particularmente imprevisível, quase que diria ser tarefa impossível acertar nos vencedores das principais categorias.

Apesar disso, aqui ficam as minhas apostas:


Melhor filme:

No country for old men

Melhor realizador:

Joel e Ethan Cohen (No country for old men)

Melhor actor:

Daniel Day-Lewis (There will be blood)

Melhor actriz:

Julie Christie (Away from her)

Melhor actor secundário:

Casey Affleck (The assassination...). Só para ser diferente, já que tudo aponta para que seja Javier Bardem (No country for old men).

Melhor actriz secundária:

Cate Blanchet (I'm not there)

O No country for old men - que vai abrir o Fantasporto no dia 25.2 - apresenta-se na pole position e deve sagrar-se o papa-óscares no próximo Domingo. O Expiação que recebeu alguns aplausos nos globos de ouro deve ser um dos esquecidos... Mas as contas fazem-se no fim!


4.2.08

A excentricidade e loucura de Tim Burton


Não se pode dizer que Tim Burton realize dois filmes iguais, há sempre o elemento supresa, há sempre uma novidade. Apesar disso, há que salientar alguma continuidade: as imagens a preto e branco (ou escurecidas), recordando Ed Wood ou a Noiva Cadáver, a que se junta o mais recente Sweeney Todd - O Terrível barbeiro de Fleet Street.

Se, como várias vezes o referi, a qualidade de um filme se pode medir pelo tempo que ele permanece depois de ter acabado, este seria um filme 5 estrelas. No entanto, o efeito prolongado deve-se, sobretudo, às imagens brutais a que o espectador é exposto.
Num filme quase todo a preto e branco, só o vermelho do sangue é salientado, como se tudo o que é essencial se resumisse a isso.

A adaptação do musical da Broadway (cuja estreia data de 1979) traz às salas de cinema a história (que ainda se discute se é ou não baseada em factos reais) de um barbeiro injustamente condenado por um juiz de quem, 15 anos volvidos, se pretende vingar. E a vingança servir-se-á na cadeira de um barbeiro. Para o ajudar na sua tarefa, Sweeney Todd tem Mrs. Lovett, a criadora das piores empadas de Londres [não perguntem porquê, porque é melhor não saberem...]

O argumento é simples e bem escrito. Tim Burton refere que nada faz mais feliz Johnny Depp do que um pouco de maquilhagem e roupa esquisitas. E nisso o filme é meritório - a caracterização das personagens está ao melhor nível e todo o ambiente vitoriano londrino não foi esquecido (antes ampliado e enegrecido).

Pela terceira vez nomeado para o Óscar de Melhor actor, será que é desta que Johnny Depp vai receber o galardão?

Saldo final - 3 estrelas.

22.1.08

Expiação

Joe Wright - o realizador - confessa-se devoto de happy endings e, na sequência do que já tinha criado em "Orgulho e Preconceito", traz-nos para o grande ecrã a adaptação de uma obra, desta feita de Ian McEwan (Atonement, de 2001).

Não se pode dizer que os happy endings de que o realizador se afirma fã seja o tradicional "e viveram felizes para sempre". É só e apenas uma visão possível - e quiça distorcida (como a visão da personagem que desencadeia a expiação) - do que significa a felicidade eterna.

A obra de McEwan, já premiada, é toda ela o suporte do filme. O argumento conta uma história, aparentemente simples, de Briony que, aos 13 anos, assiste ao romance da sua irmã, Cecília (Keira Knightley) com Robbie (James McAvoy) e, em virtude de um conjunto de "mal-entendidos", toma uma decisão que vai mudar o rumo de toda a família.

A vida de Briony será, pois, vivida na expiação do mal provocado. Até à velhice, na pele de escritora [com o pormenor - pouco real - do mesmo penteado sobreviver desde os 13 anos até aos 90 anos...], quando relata, de forma pouco imparcial, os factos ocorridos no âmbito da sua família.

O filme é, assumidamente, divisível em duas partes. A primeira, no sossego campestre, em palácios sumptuosos, e de uma concepção das personagens quase que como se saíssem de um quadro emoldurado. A segunda parte, ocorrida aquando da II Guerra Mundial apresenta uma fotografia própria do ambiente bélico. Ainda que se destaque todo o trabalho de recriação daquele momento, falhou a preocupação como o argumento que é, surpreendentemente, relegado para segundo plano.

A música que acompanhada as personagens, [os seus passos pelo soalho], é de um ritmo que evoca as batidas de uma máquina de escrever e é de uma envolvência indescritível. Talvez por isso, seja merecidíssimo o globo de ouro conquistado pela banda sonora do filme.

Saldo final - 4 estrelas [lamenta-se que os actores principais não tenham trazido a mais valia necessária para chegar às 5 estrelas. Ao nível da representação, talvez só mesmo Saoirse Ronan (Briony) mereça destaque, tendo-lhe já valido nomeação para melhor actriz secundária].

5.1.08

Promessas perigosas

"Eastern Promises" (no título original) encontra a sua mais valia no argumento muito bem escrito e no leque de actores com uma representação consistente.

Reconheço que me supreendeu positivamente - dada a ausência, em Coimbra, de alguns filmes que queria ver - fui convencida a ver este, que já conta com algumas semanas em exibição no nosso país. E o filme conquista quase desde o início.

David Cronenberg recupera-nos Viggo Mortensen (o "saudoso" Aragorn do Senhor dos Anéis) e atribui-lhe o papel principal - de Nikolai - (que já conduziu a uma nomeação para um Globo de Ouro como melhor actor) num enredo do interior das máfias de leste, operante em Londres.

Naomi Watts (Anna) representa o papel de uma parteira que, por um acaso, toma conhecimento de um crime cometido no âmbito das máfias de leste. O que constitui o pretexto para conhecer as famílias russas, com as suas práticas, hábitos e crimes. Saliente-se, ainda, a representação de Vincent Cassel, no papel de Kirill.

Não é só mais um filme de acção, um triller, um drama ou uma história bem contada. Talvez seja tudo isso ordenado sob a batuta de um realizador que quis imprimir o maior realismo a cada uma das cenas. A todas as cenas. Incluindo as mais crúeis e brutais, sem descurar a própria fotografia. Como se não tivesse qualquer tipo de compaixão pelo espectador, não o poupando das cenas mais violentas.

O canadinado Cronenberg não esquece a pincelada político-social - o KGB e o seu sucessor, a imigração vinda de Leste à procura de melhores condições de vida e que apenas conduz ao ingresso num sub-mundo, com a luta pela sobrevivência e dignidade.

Saldo final - 4 estrelas. Um filme absolutamente recomendável.

31.12.07

Os melhores de 2007

Quando todos fazem - porque a data o exige - o balanço do ano que agora finda, aqui fica a lista dos [MEUS] melhores de 2007, com toda a subjectividade que caracteriza uma escolha deste género.

Música (impossível reduzir a apenas uma):

Linkin Park - What I've I done
Mika - Grace Kelly [a revelação do ano]
My Chemical Romance - I don´t love you
David Fonseca - Superstars II

Cinema:

Num ano que, comparado com o anterior, apresentou filmes menos consensuais (talvez mais perto da data da entrega das estatuetas douradas, o cenário melhore, com a estreia [tardia] em Portugal de alguns que já por cá deveriam andar), e reconhecendo, também, a minha falha nalguns filmes, há que apontar "Gangster Americano" como um dos melhores.

Livro:

"A fórmula de Deus", José Rodrigues dos Santos.

Deixo, também, os votos de um óptimo novo ano de 2008, que seja, independentemente das fugazes resoluções feitas à meia-noite, em grande...

27.12.07

A história de uma abelha

Ainda imbuída de espírito natalício, nada melhor do que um filme de animação para prolongar o estado. "A História de uma Abelha" apresenta-se como mais uma produção dos autores de "Shrek" e "Madagascar", mas, pelo menos em relação a "Shrek", não acolhe tantos aplausos.

A história é simples - Barry, um adolescente-abelha à porta do mundo do trabalho, recusa-se a produzir mel a sua vida toda, à semelhança do que fazem todas as abelhas da organizada colmeia. Quando descobre, numa das suas fugas ao mundo fora da colmeia, que os humanos também consomem mel, decide processar as produtoras de mel e exigir a retirada de todas as embalagens expostas na prateleira.

O argumento, que conta com a escrita de Jerry Seinfeld (que também empresta a sua voz ao personagem principal), convence e rouba os sorrisos da plateia.

Aparte algumas falhas científicas no argumento, conseguiu-se reunir as vozes de figuras bem conhecidas do mundo do espectáculo - Renée Zellwegger, Sting (que também é processado por utilizar o nome "sting" [=picada], sem ter pago os direitos de autor), Larry King, Chris Rock ou Oprah Winfrey).


São 90 minutos bem aproveitados, principalmente pelos mais novos [excepto nalgumas piadas (à Seinfeld) e outras que só resultam na língua inglesa].

Saldo final - 3 estrelas.

18.12.07

Desafio: 5 filmes, 5 bandas sonoras

A RTP, do Tretas & Letras lançou-me um desafio. Encontrar cinco filmes que se destaquem pela sua banda sonora. Se a tarefa parece, à partida, relativamente simples, os problemas começam a surgir quando se tem de restringir a escolha a apenas 5.

Consultada a memória cinematográfica/musical, aqui ficam algumas perólas, sem qualquer ordem hierárquica:

1. Trainspotting (de Danny Boyle)







O filme leva já mais do que uma década (1996) e foi um dos que me levou, rapidamente, a adquirir a banda sonora. Com nomes como Iggy Pop (o fantástico "Lust for Life"), Lou Reed ou Underworld. Uma mistura que ilustra na perfeição o poder da película.


2. Chicago (de Rob Marshall)



Mais recente que o anterior (2002) e num registo completamente diferente. Apresenta igualmente uma escolha apropriada para a representação da Broadway. Ainda que os intérpretes sejam, na maior parte das vezes, os próprios actores, a qualidade não saiu afectada.

Saliento, no entanto, a "All that Jazz", de Velma Kelly.



3. Moulin Rouge (de Baz Luhrmann)



Tal como Chicago, um musical que salta para o cinema. A escolha musical recaiu, e de aplaudir, sobre nomes como Labelle, Queen, Fatboy Slim, The Police ou David Bowie.
Um filme que vale, sobretudo, pela banda sonora e, só por isso, merece um lugar na pole position.


4. Pulp Fiction (de Quentin Tarantino)


À semelhança da banda sonora de Trainspotting, também este filme me levou à aquisição da banda sonora. Ainda hoje ouço as músicas que o compõem com igual apreço, tais como a "Girl, will be a woman soon", interpretada por Urge Over Kill, ou a "You never can tell" (Chuck Berry), que serve pano de fundo para a dança de Uma Thurman e John Travolta. Um filme para ver e ouvir, sem limites de consumo.



5. The Lion King (de Roger Allers e Rob Minkoff)




Sim, eu sei que é um filme de animação. Mas a banda sonora é divertida e fica no ouvido. Porque nem só de bandas sonoras sérias é feita uma lista das melhores. Para a história do cinema de animação ficará, por muito tempo, a "Hakuna Matata".

Para uma lista das 100 melhores bandas sonoras no cinema vejam neste site.

O desafio fica aberto a qualquer um dos leitores do blog que queira partilhar as suas preferências...

25.11.07

Gangsters

A fórmula não é mais do que um "baralhar e dar de novo". O cinema norte-americano colecciona filmes que retratam os anos 70' em Nova Iorque, com lutas de grupos de gangsters que tentam dominar o submundo da droga.

Como pegar num tema mais do que comum e introduzir algum elemento de novidade que consiga o aplauso do público?

Ridley Scott escolhe dois actores oscarizados - Denzel Washington e Russel Crowe -, atribui-lhes funções maniqueístas (o primeiro representa o crime organizado na cidade e o segundo a luta contra o mesmo), introduz elementos polémicos (a guerra do Vietname) e espera que resulte.

Quanto a mim, resulta. Denzel Washington tem uma representação coesa e bem estruturada, livrando-se da conotação óbvia de que só consegue fazer papéis de "boa pessoa".

O argumento é inteligente - adaptado de factos verídicos - (em especial, quando são confrontadas as duas personagens principais) e tem o mérito de prender o espectador, o que não seria tarefa fácil atendendo à duração do filme.

Mais do que a tentativa policial de combater o tráfico de droga em Nova Iorque, há, no enredo, uma tentiva de desmascarar a corrupção, incluindo dos elementos policiais.

O que falta para não receber as 5 estrelas? Talvez alguma ousadia? A referência, na perspectiva em que é feita, à guerra do Vietname é louvável, mas logo se tenta corrigir a mão e forçar um final que poderia ter sido mais intrigante.

Gangster Americano vale pelos actores - que fazem quase o trabalho todo - mas não consegue superar o Departed (Entre Inimigos), sendo a comparação exigida dada a proximidade temporal entre os dois e, até, semelhanças no próprio argumento.

Parece-me que não vai ser um filme esquecido pelos Óscares, sobretudo ao nível da representação... Mas as contas ainda vêm longe.

Saldo final - 4 estrelas.