26.3.06

Chique a valer


Não é fácil representar uma obra com mais de 500 páginas em apenas duas horas e meia. Escolher os melhores episódios e fazê-lo com mestria.
Ainda que o Dia Mundial do Teatro seja só amanhã, decidimos antecipar as festividades e assistir ao último dia de exibição d' "Os Maias", levado à cena pelo Teatro Experimental do Porto.
Cerca de 90% da audiência era sub-18, aproveitando um resumo representado da obra e evitando lê-la para as aulas de Português. Ou, então, caso se queira ser optimista, porque gostaram da obra e quiseram vê-la ao vivo.
As expectativas de ver a peça correspondente a um dos meus livros de eleição eram elevadas e não saíram goradas. Exceptuando a representação das personagens femininas (a condessa do Gouvarinho e a Maria Eduarda), os actores aproximaram-se, e quase se fundiram, com as personagens queirosianas.
De salientar, naturalmente, a personagem por excelência. O João da Ega. Que sempre me fascinou quando pintado por Eça de Queiroz e que ficou bem entregue a quem o representou.
Gargalhadas sintonizadas para o pitoresco Dâmaso Salcede. Um guarda-roupa fiel à personagem.
Surpreendente é constatar que quase tudo o que consta da obra, mantém inteira actualidade. Principalmente todo o conjunto de intenções e de projectos que não são concretizados. E a frase essencial d' "Os Maias" é, para mim, aquela que é dita mesmo no final entre os dois amigos Carlos de Maia e João da Ega - "Falhámos a vida". E quando se questionam se vale a pena correr para se alcançar alguma coisa... Quanto mais não seja para apanhar o "Americano".
Não tivesse sido o último dia de representação, ficava a sugestão... Resta esperar pela reposição ou então reler - uma vez mais - esta obra prima.

2 comentários:

Anónimo disse...

Os Maias são para mim a obra prima da literatura portuguesa. E Eça de Queirós o seu expoente máximo. Tinha que aproveitar a oportunidade para dizer isto. E tenho dito!

joão marinheiro disse...

OLha! o Eça tambem le blogs!!!