7.2.11

O(s) cisne(s) branco e negro



Com os óscares a aproximarem-se a passos largos, está descoberto um pretexto para regressar às salas de cinema (porque é que será que a falta de tempo normalmente sacrifica a cultura?!).

Vou com enormes expectativas ver o "Black Swan" (Cisne Negro) e o filme corresponde. Corresponde, mas não excede. [acontece...]

No papel central, surge-nos a (quase) angelical Natalie Portman - com uma representação mais do que digna para ser devidamente galardoada - numa incessante busca pela perfeição. Pela perfeição na dança, nos movimentos, nos gestos, na graciosidade.

O objectivo central - colocado à personagem Nina - é perder o controlo, viver... Como compatibilizar a perfeição com a libertação? Como imprimir energia e sensualidade quando não se conhece nada mais do que a pureza?

O filme é potente, cru, directo. Com uma densidade psicológica invejável, enquanto se encontra, metaforicamente, quase uma luta entre o belo/feio, o bem/mal, o branco/negro, a sanidade/loucura. A metamorfose, o desenvolvimento, a transmutação de um cisne divino num cisne obscuro.

Gostei do argumento, da representação. E da surpresa. Pena que a crueza do filme nos assalte sem estarmos à espera (sim, eu sei que isto devia ser um ponto positivo...)

Saldo final - 5 estrelas à Natalie Portman e 4 estrelas ao filme.

Enjoy.

16.1.11

Berlim

Para não variar - e parece que o frio e o neve não têm força suficiente para me demover desse ritual - mais uma passagem de ano em terras gélidas. Desta vez, é Berlim que me acolhe. Fria. Imponente. E deslumbrante.
Encontro uma cidade reconstruída e bem organizada; uma cidade que não se envergonha do passado e que tenta manifestar a sua redenção em pequenas homenagens.
É possível conhecer Berlim a pé. Um bom mapa ajuda a serpentear as ruas amplas e a encontrar cada um dos pontos dignos de visita. E são vários.

Aqui vão os essenciais:

1. Reichtag

O edifício parlamentar alemão assume um significado histórico único. Enquanto edifício insistentemente utilizado para propaganda durante a II Guerra Mundial até ter sido bombardeado em 1945.

Actualmente a cúpula transparente atrai muitos turistas, que, através dela, conseguem ter uma visão ampla da cidade.

Dada a neve que assolou a capital alemã durante a época que lá estive, a cúpula, coberta de um manto branco, estava encerrada, por isso apenas a vista do exterior foi registada fotograficamente:

2. As homenagens/memoriais aos Judeus
É inequívoco, e tal infere-se facilmente, o esforço alemão no sentido de não fazer cair no esquecimento o sacrificado povo judeu. Absolutamente avassalador é o "Memorial aos Judeus Mortos da Europa", tendo sido concluída a sua construção em 2005.


Mas as homenagens vão-se sucedendo. Destaco, em especial, o Museu Judaico, com uma componente histórica enriquecedora para qualquer um, sendo de sublinhar, ainda, o facto de ser um museu interactivo, onde os visitantes são convidados a descobrir, por si, aspectos históricos da convivência entre o povo alemão e o povo judaico. Muito bom, mesmo. E de imprescindível visita.

3. As portas de Brandenburgo

Mais um símbolo da capital alemã. Inicialmente construídas para serem apenas mais uma das entradas da cidade, actualmente traduzem um local de referência para a realização de uma série de eventos, incluindo os concertos e fogo de artifício da noite de passagem de ano.

Milhares de pessoas juntam-se para assistir aos concertos, que, neste último ano, contou com a presença (musical?!) do inigualável David Hasselhof...

4. Ilha dos Museus

Situada na parte leste da cidade, reunem-se aqui os principais, e mais imponentes, museus de Berlim: Pergamon, Altes, Neue e Bode. Também aqui se localiza a Catedral de Berlim.

Berlim é uma cidade com uma grande oferta cultural e museulógica. Difícil será escolher quais visitar, tendo em conta que existem cerca de 170 museus em Berlim. O Pergamon é o mais paradigmático, sobretudo pela obras da antiguidade clássica.



5. Muro de Berlim

Construído em 1961 e derrubado em 1989 foi, durante 28 anos, a barreira física entre a parte ocidental e oriental.

Actualmente, há uma pequena parcela, na zona de Postdamer Platz, mas a parte que vale a pena visitar, e que tem algumas centenas de metros de extensão situa-se na zona da estação de Ostbanhof é denominada "East Side Gallery", onde se encontram autênticas obras de arte no muro, incluindo de artistas portugueses...



6. Miscelâneas
Berlim não tem o potencial para compras que tem Londres ou Nova Iorque, mas existem grandes catedrais do consumo na zona ocidental, em Kurfunrkstendamm. Em termos de gastronomia, não me posso dizer rendida à comida típica alemã. Dificilmente abro mão dos sabores mediterrâneos, mesmo além-fronteiras...

Para quem, como eu, é absolutamente fã da arquitectura moderna e experimental Berlim é um paraíso. A cada esquina se descobrem construções magníficas, só possíveis numa cidade com um esforço de reconstrução e de reabilitação como Berlim.

Conselho final - visitar Berlim na Primavera! Nem sempre é fácil aguentar 12 graus negativos...