24.12.08

Pink Christmas


Quando por todo o lado se ouvem músicas de Natal alusivas ao "White Christmas", por aqui o Natal é cor-de-rosa. A árvore poderia ser rosa choque da cabeça aos pés (se a nossa tivesse pés e não andasse a tombar de vez em quando...).

Não sei se inspirada pelo fenómeno Hello Kitty, ou se por alguma reminiscência de infância, este Natal estas são as cores reinantes.

Nada de branco, castanho, vermelho ou dourado. Cor-de-rosa, portanto.

Ficam, nestes tons, os votos de um colorido Natal a todos os que visitam este espaço!!!

7.11.08

No porta bagagem


No programa da manhã da Radio Comercial, perguntava-se hoje o que guardamos no porta-bagagem, além das trivialidades.

Chegando ao local de destino, apressei-me a abrir a mala e a confirmar que a ordem e a arrumação não impera naquele espaço. Ali encontro um porta-moedas (vazio...), um cestinho em papel resultante de uma oferta num dos 3.000 casamentos que tive este ano (na esperança de que os noivos não leiam o post e não saibam o destino daquela oferta). Uma prenda para oferecer a alguém que fez anos, que, por preguiça e comodidade, ali vai ficando até ao momento da oferta.

Invariavelmente dois ou três livros técnicos, em jeito de biblioteca ambulante.

E vocês? O que se pode encontrar na vossa mala?

4.11.08

Fragmentos ou a vox populi à portuguesa

Num daqueles dias - cada vez mais - em que a hora do lanche se confunde com a hora de jantar, ouvem-se os seguintes fragmentos:

- então já se sabe o resultado das eleições? (pergunta uma cliente ao dono)
- não, é mais tarde...
- aquele Obama não deve ganhar
- então porquê?
- desde que disse que era contra o casamento dos gays, perdeu quase todos os votos
- eu também sou contra (conclui o dono). É só para se exibirem...
- Oh. Mas cada um come o que quer.

A conversa continua entre muitos e variados temas (em apenas 5 minutos...) para gaúdio dos ouvidos de quem procura fonte de energia em paragens tardias para café.

22.10.08

Frase do dia - vii



"Para dialogar não é preciso falar muito".


Fonte: algures no dia 11.10.2008

30.9.08

Mamma mia!


Já devem ter decorrido mais do que 12/13 anos desde a data em que reclamei e obtive o "Abba Gold", ainda em formato de Vinyl, com dois discos. O grupo sueco que marcou uma geração anterior viu o seu sucesso prolongar-se muito para além do terminus da banda. E eu ouvia as músicas insistentemente, levando a que, não raras vezes, o frágil vinyl ficasse riscado de forma irremediável.

Foi, pois, com grande entusiasmo que soube que as músicas mais conhecidas (ainda que não todas) iam finalmente dar um filme. O musical Mamma mia!, com origem em 1999, é, agora, dado ao grande ecrã e por caras bem conhecidas. Meryl Streep confirma que é uma das mais versáteis actrizes das últimas décadas, mostrando que não há papel que não consiga representar e fazê-lo com excelência.

Meryl Streep aparece-nos no papel de Donna Sheridan, cuja filha - Sophie - decide convidar, para o seu casamento, os três possíveis pais (Pierce Brosnan, Colin Firth e Stellan Skarsgard)... Entre as recordações do passado e as conjecturas acerca de um futuro "que poderia ter sido" diferente, surgem as músicas dos "Abba" cantadas pelos actores. As coreografias são, sem excepção, extremamente divertidas encontrando-se, algumas delas, entre o non sense e o ridículo. Mas é a receita certa para as gargalhadas do público e, também, para uma vontade de cantar e dançar com o elenco.

Do best of musical do filme fazem parte, para mim, a Mamma Mia, Chiquitita, Take a chance on me e, a melhor, Dancing Queen (com um dress code mesmo a preceito).

Para quem aprecia a banda e o género musical, o filme é imperdível (e garante-se a vontade de ir comprar o álbum logo que se sai do cinema). Para os outros, é uma bela maneira de começar a semana...

Saldo final - 5 estrelas (confesso que ainda estou a cantar as músicas:

Mamma mia, here I go again
My my, how can I resist you
Mamma mia, does it show again
My my, just how much I've missed you...)

15.9.08

Miss Madonna

75 mil pessoas para ver aquela que, goste-se ou não, é um dos maiores fenómenos da indústria da música actual e, pelo menos, das últimas duas décadas.
E ela, com 50 anos, dança como ninguém. As controversas poses e coreografias estiveram lá todas, no parque da Bela Vista. E alguns dos hits mais antigos (do final dos anos 80') também. Sendo que o destaque, sem dúvida, vai para "Like a prayer" transformado em hino próprio de uma pista de dança. Sem esquecer a vertente latina, também "La isla bonita" provocou a rendição do público. E porque não, em alguns segmentos, o piscar de olho às sonoridades de Emir Kusturica?

Quase duas horas em cima do palco (como se o tic tac que se ouvia repetidamente lembrasse que o que é bom acaba depressa...), meia dúzia de roupas trocadas, tudo - notou-se - foi pensado ao pormenor. Desde os jogos de luzes às imagens que iam sendo projectadas nos ecrãs gigantes (com conotação política evidente e não neutra, o apelo à paz, as eleições nos EUA...).

Madonna é mais do que uma cantora. Ali representou (como sempre o fez) um papel. E até deu tempo para relembrar, com recurso a "bonecas" de carne e osso, as várias fases da personagem que sempre interpretou.

No final, um ilustrativo "Game Over" em todos os ecrãs e no próprio palco confirma aquilo que suspeitava - não há encore para ninguém. Entre a confusão da saída (e da entrada, e do metro, e das filas intermináveis para as barracas das comidas...) reclama-se que faltaram alguns clássicos como o mítico "Like a virgin", "Papa don't preach" ou "Material girl".

Os fãs a 100% identificam-se facilmente. Ou com perucas cor de rosa, ou com meias de rede e botas de salto alto...

O saldo, esse (quando se procura, a custo, combater o sono e o cansaço próprios de um concerto ao Domingo à noite), é extremamente positivo. Pode regressar que nós voltaremos a assistir, a dançar e a cantar com Madonna.

10.9.08

Na crista da onda


[Praia de Ribeira d'Ilhas, Ericeira]

Uma aula de surf

Daquela praia dizem que é uma das melhores do mundo para a prática do surf, atendendo, sobretudo, ao facto de o fundo do mar não ser de areia mas sim rochoso. Se é bom para a formação das ondas ("ficam mais perfeitinhas", diz o instrutor), não o é para as mazelas. Tendo como pára-choques as canelas e as pontas dos dedos, os arranhões foram mais do que muitos.

E foi com este pano de fundo que aquartelamos no surf camp de Ribeira d'Ilhas.

As instalações são, no seu todo, bem conseguidas. Compostas por um conjunto de bungalows, todos pintados de modo diferente e com muita cor.









O ambiente é descontraído e a conversa surge naturalmente com os vizinhos, na sua maioria estrangeiros.



"Como é que são as ondas lá para o norte?" Perguntam-nos quando descobrem que somos da Invicta. Se não os consegues vencer, junta-te a eles.

Respondo "aqui são melhores". Quando a única resposta que me assaltava era "lá são mais pequenas por isso é menos assustador...".

Já lá vão cerca de 10 anos da última vez em que me atirei ao mar em cima de uma prancha de surf. Com ondas bem mais fracas e baixas. E com o espírito de aventura próprio da adolescência.

Quanto à aula propriamente dita, começa-se com aquecimento no jardim, prova de corrida (regular's contra goofy's), passos básicos. Fato vestido e sapatos calçados. E vamos ao mar. Muitos litros de água bebidos, muitas quedas, alguns segundos de pé em cima da prancha e, finalmente, uma hora depois, termina. Quando já não se sente o corpo.

Feita a advertência, por parte dos instrutores, "vão-vos doer músculos que vocês nem sabiam que existiam", a profecia cumpriu-se. Três dias sem poder tossir, espirrar ou sequer rir...

Mas a vontade de repetir ficou.

Pela revogação da Lei de Murphy - iii




As operações stop da polícia acontecem sempre quando estamos atrasados.

7.8.08

Férias

Este ano mais tardias (e também mais curtas...) que o normal. Mas uns dias de descanso (e diversão) chegam finalmente!...

Deixo uma das possíveis músicas para a banda sonora desta silly season que agora abraço. Boas férias.



[Coldplay - Viva la vida]

23.7.08

Lugares (pouco) comuns



Nem sempre as fotos de um pôr-do-sol me conseguem cativar e preencher. A banalidade do tema leva a que, na maior parte das vezes, nada de novo surja numa foto tirada naquele contexto.
Apesar disso, partilho uma das fotos tiradas, este fim de semana, algures na zona de Caminha. Só para abrir o apetite para as férias...

8.7.08

Manias - iv





Ouvir a mesma música, em repeat sucessivo (e voluntário...), nas viagens na A1.

Deve ser uma patologia sem tratamento à vista.

17.6.08

Porque hoje me apetece

... lembrar Sophia de Mello Breyner. Mesmo que não seja um dia em que se comemore o que quer que seja. Só porque sim. Aqui fica:

" ...Cada dia te é dado uma só vez
E no redondo círculo da noite
Não existe piedade
Para aquele que hesita.

Mais tarde será tarde e já é tarde.
O tempo apaga tudo menos esse
Longo indelével rasto
Que o não-vivido deixa..."

(Homenagem a Ricardo Reis, Dual)

6.6.08

Mr. Jones


Em jeito de limpar o pó ao blog [quase que se diria manifestar umas férias prolongadas da signatária, mas as férias ainda têm de esperar...], aqui fica um pequeno apontamento ao último filme da saga Indiana Jones.

O primeiro filme data de 1981 e o último - com um título menos bem conseguido - está agora nas salas de cinema - "Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal".

Harrison Ford continua em forma no papel de professor de Arqueologia nas horas vagas e de aventureiro como profissão principal. Destaca-se o papel de Cate Blanchet. Se dúvidas houvesse quanto à capacidade da actriz em desempenhar qualquer papel, elas dissipar-se-iam com este filme. Indiana Jones tem agora a acompanhá-lo nas suas andanças Shia LaBeouf, no papel de Mutt Williams.

O artefacto que agora guia as aventuras é uma caveira de cristal, com mistérios quanto aos seus reais efeitos e poderes. E é aqui que o filme perde as potenciais cinco estrelas que poderia alcançar (pela representação e pelos efeitos especiais). Tentou-se inovar ao nível do argumento - talvez para conseguir conquistar um público mais alargado - e a tentativa não terá sido suficiente. Demasiado fantástico, talvez. A explorar os mundos paralelos.

Mas como filme de entretenimento, nada há a apontar. O constante perigo, a saída dele de forma hábil, o sotaque da personagem interpretada por Cate Blanchet, os pequenos momentos de humor, a fantástica explosão nuclear...

Cabe perguntar se este é mesmo o último filme da saga ou se tem sentido dar continuidade. Para mim, ficará sempre, como o melhor, o "Indiana Jones e o Templo Perdido", visto há cerca de 20 anos quando mal conseguia ler as legendas à velocidade que elas apareciam no ecrã...

Saldo final - 3 estrelas.

22.5.08

Joe Cocker


O cantor já conta 64 anos (acabados de completar, por sinal) e nota-se que o vigor já não é o mesmo. Apesar do peso (da idade...) conseguiu convencer todas as milhares de pessoas que se encontravam ontem no esgotado Pavilhão Municipal de Vila Nova de Gaia. O concerto insere-se numa série de iniciativas da cidade quanto à comemoração dos 40 anos do Maio de 1968.

Ainda que apenas por pouco mais do que uma hora e confundindo a língua portuguesa com a espanhola (o "gracias" teimou em aparecer), houve tempo para ver e ouvir os hits de há largos anos.
Destaco, naturalmente, "Up where we belong", "You are so beautiful", "Unchain my heart", "With a little help from my friends", "Summer in the city" e o muito aclamado e aplaudido "You can leave your hat on". O público era muito heterogéneo, mas avultavam aqueles que ali se deslocaram para ouvir um ídolo da juventude.

O som estava razoável - a proximidade do palco ajudou à envolvência - e cantou-se e dançou-se ao som de hinos que vão ficar para a história. Ainda se esperou e pediu um segundo encore, mas Joe Cocker já tinha dado muito mais do que se estava à espera (incluindo todos os saltos e coreografias que lhe são características).

Com uma carreia que se caracteriza por alguns altos e baixos, superou as expectativas e pode voltar que nós voltaremos a vê-lo e a dançar ao som das suas músicas...

2.5.08

Nós controlamos a noite


Com a assinatura de James Gray, surge este "Nós controlamos a noite" [o título original inglês - We own the night é mais rico, provando que o "lost in translation" é verídico].

O género não traz nada de novo - o retrato dos anos 80 em Nova Iorque. Uma cidade que se vê a braços com o aumento da criminalidade e com o combate ao narcotráfico.

Joaquim Phoenix, na pele de Bobby (um gerente de uma discoteca), é, claramente, um anti-herói. E mesmo assim resulta. Ainda que o realizador tenha explorado, algo abusivamente, a tradicional dicotomia bem/mal, polícia/criminoso...

Mark Wahlberg (Joe) apresenta-se como o irmão de Bobby (a ovelha negra da família), um polícia exemplar que foi recentemente empossado na liderança do combate ao tráfico de droga.

Para quem é, como eu, fã dos filmes deste género talvez tenha faltado um pouco o factor supresa. Desconstruir o enredo e adivinhar o final não foi tarefa difícil. E as comparações deste com outros filmes melhores, tornam-no mais pobre. O "Departed", de Scorsese, bate-o aos pontos.

A banda sonora está apropriada. Ali encontram-se nomes como Blondie (com a divertida Heart of Glass) ou David Bowie.

Quanto ao saldo final, atendendo a que foi um filme visto na sala vip e com cadeiras ajustáveis [um mimo], leva as 4 estrelas.

P.S. Se tivesse sido visto em sala normal e ao som de pipocas, ficaria pelas 3. Mas um filme também ganha pelas circunstâncias...

23.4.08

Nick Cave... finalmente!

Consigo precisar exactamente o que me levou a, pela primeira vez, ouvir Nick Cave. Algures na adolescência, quando tinha um certo fascínio em relação aos Blind Zero ouvi, tocada por aquela banda, um cover de uma música que me ficou no ouvido.

A música era Weeping Song que, depois de uma pequena pesquisa (limitada aos meios que tinha na altura) identifiquei como sendo de Nick Cave e incluída no álbum "The Good Son", lançado em 1990.

A partir daí fui ouvindo, e adquirindo aos poucos, a discografia de Nick Cave, da qual saliento, sem qualquer reserva, "The Boatman's Call".

Foi ontem, no Coliseu do Porto, que o vi... finalmente. E a cumplicidade é total. Com os seus 50 anos, dança, interage, canta, conversa (tenta falar português), diverte e diverte-se. Diverte-se com pequenas coisas. Desde começar a cantar um dos hinos que mais o notabilizou - "Into my arms" (apenas um verso) e constatar que o público pedia aquela música. Interrompe e diz "I'll finish that later" [e não cantou, por teimosia...].

Do elenco - que podia ter sido mais extenso - constaram Straight to you, The Ship Song, Red Right Hand ou Deanna. Faltou a tal Weeping Song e ainda, entre muitas outras, Do you love me e a Henry Lee. Mas o enfoque foi, sobretudo, no novo álbum - "Dig, lazarus, dig!!"

À saída [ainda] tentei argumentar para quem me acompanhava que Nick Cave é mesmo teimoso e não vai em discos (músicas) pedidos...

O som estava no seu melhor e o saldo final foi de 4 estrelas (ainda não perdoei a falha da Weeping Song...).

11.4.08

O assobio


Uma das secções do "Portugal Diário" que mais me diverte é a "Acredite se quiser". Que reúne um conjunto de notícias que bem poderia resultar da imaginação dos mais criativos mas, ao que parece, são verídicas.

Das últimas notícias que aquele jornal digital publicou diz respeito àquela prática bem ancestral que consiste no assobio.

Segundo noticia o jornal, uma empresa britânica de construção civil decidiu proibir os seus trabalhadores de assobiarem às mulheres que passam junto às obras. E, para garantir que a medida é efectivamente cumprida, existem mesmo fiscalizadores do comportamento dos trabalhadores.

A medida é justificada, nas palavras do Director de Vendas, pelo facto de "no século XXI, o assobio não ter lugar". E é assim.

Portanto, algures no séc. XXI vamos mesmo ter de deixar de ouvir os assobios presentes em algumas músicas:

- Superstars, David Fonseca
- Patience, Guns n' Roses
- ou a fantástica Young Folks de Peter, Bjorn and John;

ou até o intrigante assobio de Daryl Hannah no filme Kill Bill.

Será que conseguíamos prescindir do assobio?

1.4.08

A menina má

"Travessuras da Menina Má", de Mario Vargas Losa chegou-me às mãos como presente do último Natal.

Não conhecia a escrita do autor e posso dizer que me deliciei com as travessuras que a Menina Má, ao longo de algumas décadas, vai proporcionando a Ricardo (o Menino Bom, como é apelidado pela primeira).

E fica o resumo: "Na verdade, havia nela qualquer coisa que era impossível não admirar, por aquelas razões que nos levam a apreciar as obras bem feitas, mesmo que sejam perversas". (Mario Vargas Losa, Travessuras da Menina Má, Dom Quixote, pág. 344).

Mais não revelo. De um livro 5 estrelas.

30.3.08

Os limites da criatividade - ii

Já passaram alguns meses desde o post com as criações comercializadas pela D-Mail. Com a chegada de mais uma revista promocional a casa com novos artigos, deixo-vos a minha escolha do melhor artigo do mês.

O conhecido jogo sudoku em formato de casa-de-banho. Para verdadeiros viciados.

26.3.08

Landing in London

(St. James Park)

Há cidades que nunca cansam. Que convidam sempre a um regresso. A um prolongamento das férias. Mesmo que sejam apenas 3 dias. Londres é uma delas. Pela imensidão do Hyde Park, pelas compras no Covent Garden ou no Portobello Road Market. Ou, ainda, pela animação garantida no Picadilly Circus ou em Trafalgar Square.


P.S. Título emprestado da música dos 3 Doors Down.

25.3.08

Inverno de Praga



1. As estações

Aterrámos com a pista coberta de gelo/neve, sentámo-nos ao sol nos bancos de jardim e fugimos ao vento e à neve que nos fustigavam, a cada passo, durante os passeios junto ao rio.
A Primavera chega a custo a Praga e nem o Festival da Primavera - que ocorreu na "Cidade Velha" - conseguiu dominar o poder do Inverno durante algumas horas.
Quase no mesmo dia, conseguimos percorrer as várias estações do ano. Entre um raio de sol que espreita por trás de uma nuvem mais escura, há sempre um floco de neve que teima em cair, não deixando, no entanto, de provocar um sorriso nos turistas oriundos de locais em que a neve rareia.

2. Cidade Velha

É aqui que se encontra o ex-libris da cidade. Entrando pela Porta da Pólvora e seguindo em direcção à Praça, confirma-se que Praga beneficia de construções dignas de admiração e tributárias da influência russa.
As lojas de souvenirs tomam conta do centro e verifica-se que o que outrora terá sido pitoresco está agora direccionado para o turista.
Um dos pontos que maior atenção reclama é o relógio astronómico, sito na Praça da Cidade Velha, que, com muita pompa, dá as horas de forma original - com movimentação de estátuas que simbolizam a avareza, a vaidade, a morte e a invasão pagã. Datado do séc. XV, foi alvo de violentos ataques por altura da II Guerra Mundial mas encontra-se completamente reconstruído.




3. O Bairro Judeu

A contrastar com a imponência das construções do Bairro Pequeno, Cidade Nova ou Cidade Velha, o Bairro Judeu apresenta-se com sobriedade. A cada esquina se encontra um indício de uma cultura (religião) diferente.

E ali se revelam muitos motivos de visita (ainda que alguns deles sejam "para turista ver"), dos quais destaco a Sinagoga Espanhola e o Cemitério Judeu.




4. Bairro Pequeno
Atravessada a ponte Carlos, serpenteiam-se as ruas e alcança-se uma vista magnífica sobre a Cidade Velha e sobre o rio Vlatva.




É também no Bairro Pequeno que se situa a Catedral de S.Vito (com vitrais de cores magníficas e o barroco a manifestaram-se em pleno) e um conjunto de palácios, cada um deles a convidar a uma visita demorada.


Saldo final
Uma cidade para conhecer a pé, de lés a lés (não vos garanto, no entanto, que não seja um percurso cansativo, mas é inegável que dá uma melhor perspectiva da cidade). O momento ideal para a visita talvez seja em plena Primavera, para evitar as temperaturas muito baixas e a neve (ambos factores que convidam a retiradas estratégicas para saborear um dos doces típicos - Trdlo).
Ainda em relação a sabores, nota-se que a cozinha checa aposta, sobretudo, nos pratos à base de carne de porco, surgindo diversas aproximações e variantes do típico goulash (húngaro).

12.3.08

Countdown


A tentativa de combate à preguiça, quando já só se pensa em férias...

10.3.08

A longevidade dos Cure


Os Cure têm o seu nascimento registado em 1976. Quando tento recordar a primeira vez que os ouvi, lembro, com alguma nitidez, os momentos em que os videoclip's dos Cure se sucediam na MTV e quando se gravavam os mesmos nas quase extintas VHS.

32 anos volvidos apresentam-se no Pavilhão Atlântico com mais do que uma dezena de álbuns editados e dando mostras de que ainda têm voz no panorama musical actual.

Foram 3 horas (?!) de espectáculo... E Robert Smith mantém o seu estilo - o penteado desalinhado, os olhos pintados de negro e os lábios esborratados.

O som esteve muito bom (melhor do que outros concertos que aquele espaço já recebeu) e houve tempo para ver e ouvir os grandes êxitos (Friday I'm in love, Just like heaven, Close to me, Why can't I be you e o muito aplaudido Boys don't cry).

O público - sobretudo na faixa etária 20-30 - é todo ele muito heterogéneo, incluindo aqueles que se vestem à Robert Smith dos pés à cabeça (mesmo ao nível dos penteados e maquilhagem...).

O concerto salda-se com 35 músicas e com direito a três encores.

À saída, algumas vozes queixam-se da extensão do concerto - 3 horas a saltar não é para qualquer um!

5.3.08

O vilão


Quem terá sido, no cinema, o melhor vilão de sempre? Se da lista podem fazer parte:
- Hannibal Lecter (Silêncio dos Inocentes)
- John Doe (Sete Pecados Mortais)
- Bill, the Butcher (Gangs de Nova Iorque)
- Dracula (Dracula)

atrever-me-ia a juntar este Anton Chigurh (brilhantemente interpretado por Javier Bardem, no "Este país não é para velhos"), com a sua expressão facial quase indecifrável, e o estranho "Call It" para decidir o futuro a dar a quem o rodeia.
5 estrelas.

22.2.08

Previsões e apostas

Aproximando-se a cerimónia de entrega dos óscares da Academia, num ano particularmente imprevisível, quase que diria ser tarefa impossível acertar nos vencedores das principais categorias.

Apesar disso, aqui ficam as minhas apostas:


Melhor filme:

No country for old men

Melhor realizador:

Joel e Ethan Cohen (No country for old men)

Melhor actor:

Daniel Day-Lewis (There will be blood)

Melhor actriz:

Julie Christie (Away from her)

Melhor actor secundário:

Casey Affleck (The assassination...). Só para ser diferente, já que tudo aponta para que seja Javier Bardem (No country for old men).

Melhor actriz secundária:

Cate Blanchet (I'm not there)

O No country for old men - que vai abrir o Fantasporto no dia 25.2 - apresenta-se na pole position e deve sagrar-se o papa-óscares no próximo Domingo. O Expiação que recebeu alguns aplausos nos globos de ouro deve ser um dos esquecidos... Mas as contas fazem-se no fim!


18.2.08

Manias - iii

Riscos e rabiscos

Em momentos de maior concentração e reflexão (mesmo em chamadas telefónicas), existindo um papel e caneta à mão, os meus rabiscos sucedem-se uns atrás dos outros (reconheço que inutilizo muitas folhas de papel com estas manias).

Fiquei a saber que há uma interpretação para os tais riscos.

Se desenho cubos é porque não sou preguiçosa (não me conhecem às segundas-feiras de manhã, pois não?); se desenho setas, tenho ideias fixas; se desenho linhas, é porque vou directa ao assunto...

Se querem saber a interpretação dos vossos riscos vejam aqui.

10.2.08

Sway

A música, que data dos anos 50', tem cerca de 50 versões. Uma vez ouvida, compreende-se porquê. O ritmo que encerra (o inconfundível Mambo) é contagiante e convida à dança (é tão fácil pensar no caribe com esta banda sonora...)

Das muitas possíveis, escolhi a versão daquele que, com a sua voz, conquista facilmente - Michael Bublé.

Aqui fica, com os votos de uma boa semana...


4.2.08

A excentricidade e loucura de Tim Burton


Não se pode dizer que Tim Burton realize dois filmes iguais, há sempre o elemento supresa, há sempre uma novidade. Apesar disso, há que salientar alguma continuidade: as imagens a preto e branco (ou escurecidas), recordando Ed Wood ou a Noiva Cadáver, a que se junta o mais recente Sweeney Todd - O Terrível barbeiro de Fleet Street.

Se, como várias vezes o referi, a qualidade de um filme se pode medir pelo tempo que ele permanece depois de ter acabado, este seria um filme 5 estrelas. No entanto, o efeito prolongado deve-se, sobretudo, às imagens brutais a que o espectador é exposto.
Num filme quase todo a preto e branco, só o vermelho do sangue é salientado, como se tudo o que é essencial se resumisse a isso.

A adaptação do musical da Broadway (cuja estreia data de 1979) traz às salas de cinema a história (que ainda se discute se é ou não baseada em factos reais) de um barbeiro injustamente condenado por um juiz de quem, 15 anos volvidos, se pretende vingar. E a vingança servir-se-á na cadeira de um barbeiro. Para o ajudar na sua tarefa, Sweeney Todd tem Mrs. Lovett, a criadora das piores empadas de Londres [não perguntem porquê, porque é melhor não saberem...]

O argumento é simples e bem escrito. Tim Burton refere que nada faz mais feliz Johnny Depp do que um pouco de maquilhagem e roupa esquisitas. E nisso o filme é meritório - a caracterização das personagens está ao melhor nível e todo o ambiente vitoriano londrino não foi esquecido (antes ampliado e enegrecido).

Pela terceira vez nomeado para o Óscar de Melhor actor, será que é desta que Johnny Depp vai receber o galardão?

Saldo final - 3 estrelas.

30.1.08

Escritos


"O pensamento voa e as palavras vão a pé: eis o drama do escritor". (Julien Green)

"Quando se trata de escrever, acredito mais na tesoura do que na caneta". (Truman Capote)

"Escreve, se puderes, coisas que sejam tão improváveis como um sonho, tão absurdas como a lua-de-mel de um gafanhoto e tão verdadeiras como o simples coração de uma criança". (Ernest Hemingway)

Porque hoje se comemoram 2 anos desde a inauguração deste espaço, deixo alguns dos motes para a minha escrita, que, por falta de tempo, tem sido menos frequente do que queria...

22.1.08

Expiação

Joe Wright - o realizador - confessa-se devoto de happy endings e, na sequência do que já tinha criado em "Orgulho e Preconceito", traz-nos para o grande ecrã a adaptação de uma obra, desta feita de Ian McEwan (Atonement, de 2001).

Não se pode dizer que os happy endings de que o realizador se afirma fã seja o tradicional "e viveram felizes para sempre". É só e apenas uma visão possível - e quiça distorcida (como a visão da personagem que desencadeia a expiação) - do que significa a felicidade eterna.

A obra de McEwan, já premiada, é toda ela o suporte do filme. O argumento conta uma história, aparentemente simples, de Briony que, aos 13 anos, assiste ao romance da sua irmã, Cecília (Keira Knightley) com Robbie (James McAvoy) e, em virtude de um conjunto de "mal-entendidos", toma uma decisão que vai mudar o rumo de toda a família.

A vida de Briony será, pois, vivida na expiação do mal provocado. Até à velhice, na pele de escritora [com o pormenor - pouco real - do mesmo penteado sobreviver desde os 13 anos até aos 90 anos...], quando relata, de forma pouco imparcial, os factos ocorridos no âmbito da sua família.

O filme é, assumidamente, divisível em duas partes. A primeira, no sossego campestre, em palácios sumptuosos, e de uma concepção das personagens quase que como se saíssem de um quadro emoldurado. A segunda parte, ocorrida aquando da II Guerra Mundial apresenta uma fotografia própria do ambiente bélico. Ainda que se destaque todo o trabalho de recriação daquele momento, falhou a preocupação como o argumento que é, surpreendentemente, relegado para segundo plano.

A música que acompanhada as personagens, [os seus passos pelo soalho], é de um ritmo que evoca as batidas de uma máquina de escrever e é de uma envolvência indescritível. Talvez por isso, seja merecidíssimo o globo de ouro conquistado pela banda sonora do filme.

Saldo final - 4 estrelas [lamenta-se que os actores principais não tenham trazido a mais valia necessária para chegar às 5 estrelas. Ao nível da representação, talvez só mesmo Saoirse Ronan (Briony) mereça destaque, tendo-lhe já valido nomeação para melhor actriz secundária].

21.1.08

Rotas

Tira a mão do queixo não penses mais nisso
O que lá vai já deu o que tinha a dar
Quem ganhou ganhou e usou-se disso
Quem perdeu há-de ter mais cartas pra dar
E enquanto alguns fazem figura
Outros sucumbem à batota
Chega aonde tu quiseres
Mas goza bem a tua rota

(Jorge Palma, A gente vai continuar)

Eloquências de meia-noite, traduzidas por versos.

19.1.08

Portugal no seu melhor - iv

Nós por cá temos um especial apreço por aquelas notas com pedidos e agradecimentos colocados nos prédios onde se diz "agradecia que fecha-se sempre a porta" e afins. Desta vez o apreço foi ainda maior, visto que aqui se juntam vários motivos de regozijo em apenas sete linhas...

7.1.08

O legislador

Ainda que a tão falada Lei 37/2007 seja objecto de interpretações distintas, especiais, excepcionais, únicas, dúbias, pela ASAE, pelos casinos, pelo Ministério da Saúde, e àparte todas as controvérsias, não se pode acusar o nosso eloquente legislador de falta de honestidade. Atentem neste segmento que transcrevo que é, para mim, uma das melhores pérolas do diploma:


5.1.08

Promessas perigosas

"Eastern Promises" (no título original) encontra a sua mais valia no argumento muito bem escrito e no leque de actores com uma representação consistente.

Reconheço que me supreendeu positivamente - dada a ausência, em Coimbra, de alguns filmes que queria ver - fui convencida a ver este, que já conta com algumas semanas em exibição no nosso país. E o filme conquista quase desde o início.

David Cronenberg recupera-nos Viggo Mortensen (o "saudoso" Aragorn do Senhor dos Anéis) e atribui-lhe o papel principal - de Nikolai - (que já conduziu a uma nomeação para um Globo de Ouro como melhor actor) num enredo do interior das máfias de leste, operante em Londres.

Naomi Watts (Anna) representa o papel de uma parteira que, por um acaso, toma conhecimento de um crime cometido no âmbito das máfias de leste. O que constitui o pretexto para conhecer as famílias russas, com as suas práticas, hábitos e crimes. Saliente-se, ainda, a representação de Vincent Cassel, no papel de Kirill.

Não é só mais um filme de acção, um triller, um drama ou uma história bem contada. Talvez seja tudo isso ordenado sob a batuta de um realizador que quis imprimir o maior realismo a cada uma das cenas. A todas as cenas. Incluindo as mais crúeis e brutais, sem descurar a própria fotografia. Como se não tivesse qualquer tipo de compaixão pelo espectador, não o poupando das cenas mais violentas.

O canadinado Cronenberg não esquece a pincelada político-social - o KGB e o seu sucessor, a imigração vinda de Leste à procura de melhores condições de vida e que apenas conduz ao ingresso num sub-mundo, com a luta pela sobrevivência e dignidade.

Saldo final - 4 estrelas. Um filme absolutamente recomendável.