28.1.10

No grande ecrã

Após algum interregno, regressei ao cinema e, há que reconhecer, sobretudo para ver dois dos filmes que têm estimulado, neste momento, a crítica, sobretudo em virtude dos prémios alcançados por ambos no âmbito da cerimónia dos Globos de Ouro (mais o primeiro do que o segundo...). Vamos então a eles:

1.Avatar



O género, em si, não faz parte daquele grupo de filmes que me arraste alegremente para o cinema. Tudo o que se enquadre no âmbito do vasto conceito de "ficção científica" costuma causar-me algum desconforto (e admito estar a cometer uma heresia para os aficcionados).

Mas o "Avatar" despertou a minha curiosidade, não só por se apresentar como um dos filmes mais caros na história do cinema, como pelo facto de vir assinado por um realizador que já demonstrou saber surpreender - James Cameron.

E assim fui. Com os óculos 3D, somos levados para um mundo paralelo (?) a algumas décadas de distância e deparamo-nos com seres extra-terrenos com hábitos tão distintos e dignos de aprendizagem. E é a essa empreitada que se atira o personagem Jake Sully, representado por Sam Worthington - conhecer esses seres, os seus hábitos para depois ser mais fácil o domínio dos humanos.

O argumento do filme não é brilhante e chega, frequentemente, a ser previsível para o espectador. Mas o filme não é argumento, pelo menos para mim. O filme vale pela imagem, pelos efeitos, pelo cenário tridimensional e gráfico.

Diverte. Mas não nos rendemos ao seu encanto.

Saldo final
- 3 estrelas.

2. Nas Nuvens




Não é um filme fácil de digerir. Comecemos pelo fim. A sensação que nos acompanha à saída do cinema é de alguma estranheza pela densidade do filme.
Porquê?

Ao contrário do "Avatar" - não sendo dois filmes comparáveis, coloquei a análise dos dois temporalmente perto - "Nas Nuvens" é sobretudo argumento. Tal como era o anterior de Jason Reitman, o belíssimo "Juno".

George Clooney apresenta-se como um quarentão cuja actividade profissional envolve viajar, por avião, cerca de 11 meses por ano, preparando meticulosamente a mesma mala de viagem com o objectivo de despedir pessoas, ou eufemisticamente, levar a que estas abracem outras oportunidades.

É um papel oscarizável em toda a linha. A aparente frieza inerente à actividade de Ryan (Clooney) - e, sobretudo, o distanciamento e ausência de raízes que as viagens obrigam - começa a ser, pouco a pouco, posta em causa. Até ao momento em que a conferência tantas vezes proferida pela personagem quanto a "largarmos tudo o que nos pesa" deixa de fazer sentido. Porque há tanto mais do que viagens de avião. Há tanto mais do "fugas". E a solidão não faz sentido.

Saldo final
- 4 estrelas. Pelo fantástico argumento, pela actuação de Clooney e pela ironia do final.

15.1.10

New York, New York



Apaixonarmo-nos pela cidade é inevitável. Sobretudo pela sua completude. Nova Iorque tem (quase) tudo - jardins, museus, organização, horizonte, monumentos. Falta, talvez, um pouco mais de história, de cultura de povo, que se encontra, abundantemente, em países do Velho Continente. Um metro de melhor qualidade - e que garantisse a deslocação este/oeste/este também seria perfeito.

Fica, então, um pequeno olhar sobre os cantos e percursos de NYC. Os percursos possíveis de percorrer quando a neve, o frio e algum vento, por vezes, nos dificultam os movimentos.


1. Museus

A oferta museológica de Nova Iorque é incompatível com uma visita de apenas uma semana. Ainda assim, com alguma organização de tempo (nem sempre fácil, quando os pontos de interesse não culturais abundam...), conseguem ver-se os principais museus da cidade: Metropolitan, Moma, História Natural e Guggenheim.

Escolher apenas um deles seria demasiado redutor. Pela imensidão e diversidade do espólio talvez optasse pelo Metropolitan (e pelos seus inúmeros Miró, Picasso, Gaugin ou Van Gogh), mas o Guggenheim tem uma arquitectura que o eleva ao pódio, mesmo que a quantidade de obras expostas seja bem menor. É, no entanto, um museu que não cansa, nem é labiríntico nem potencia a que nos percamos...E a exposição de Kandisky é memorável!


Ficam os dois em ex aequo, se me é permitido.



[Metropolitan]



[Guggenheim]

2. Restaurantes

Nova Iorque tem, também ao nível da restauração, uma ampla diversidade de oferta. Desde os restaurantes das cadeias de fast-food (que não abundam tanto como imaginava), aos mais requintados e de excelente cozinha.

Escolher o melhor que visitei é tarefa muito simples. De longe o "Mercer Kitchen", pela localização, decoração (um pouco mais de iluminação seria preferível), serviço e comida. De excelente qualidade, apresentação e originalidade.

Com os atributos descritos o preço não é abusivo. Deixar a escolha das entradas ao empregado é uma óptima opção.


3. Shopping

Como em qualquer cidade em que visite nesta altura do ano, a vertente "compras" está sempre presente. E NYC é uma cidade bem apelativa neste domínio. E não, não me refiro às compras na Chinatown, mas, sobretudo, em todos os cantos da cidade. Os preços são bem simpáticos - desde vestuário à mais recente tecnologia.

O segredo está em descobrir as promoções escondidas em sítios menos frequentados, já que as lojas como a GAP e a Levi's estão sempre cheias.

Se o objectivo for a diversão, a visita à loja dos "M&M" é mais do que recomendada! Londres é mais excêntrica e, por isso, ainda vence Nova Iorque quanto à originalidade.


4. Horizonte

A imensidão de Nova Iorque - sobretudo em altura - pode ser apreciada em vários pontos. Cada um com uma perspectiva diferente mas sendo, todos eles, dignos de visita.

Da Liberty Island vê-se, sobretudo, a parte sul de Manhattan (Downtown), enquanto que do Empire State Building, à noite, alcança-se todo um conjunto de luzes que a descrição em palavras e o registo fotográfico são sempre demasiado pobres para se alcançar a realidade que o nosso olhos consegue captar.


[Vista de Manhanttan do 86º andar do Empire State Building]

A Ponte de Brooklin sendo, por si, motivo de visita permite que, afastando-nos de Manhattan consigamos, finalmente, compreender que Nova Iorque não acaba ali.


5. New Year's Eve

A passagem de ano em Nova Iorque, como tão bem noticiam as nossas televisões, é colorida e muito populosa. De tal forma que todos os acessos a Times Square se encontram fechados desde a tarde de dia 31.12.

De qualquer forma, posso garantir-vos que o Day After tem mais ou menos este aspecto:




E há tantos outros pontos dignos de visita - os passeios pela Greenwich Village (uma das melhores zonas de Nova Iorque para andar a pé, longe do reboliço do centro urbano e dos prédios de dezenas de andares), a Estátua da Liberdade, o Edifício das Nações Unidas, Chinatown, Soho ou o Central Park, coberto de neve, o Harlem e toda a área envolvente da Universidade, a Central Station. E a Broadway, claro. Para ver um musical, mas apenas quando o jet lag já estiver totalmente controlado, para evitar que o sono e o cansaço nos roubem a atenção merecida ao espetáculo grandioso com que somos presenteados...




Por mais que se tente, fica sempre tanto por dizer e mostrar. E recordar. Desde a simpatia dos ali residentes (muitos deles imigrantes, inevitavelmente) ao encanto de descobrir que tanto do que já se viu é tão pequeno quando comparado com NYC. Sem dúvida, uma das cidades mais fascinantes que já percorri.

E o regresso, decerto, não tardará.