27.2.07

Adenda

Aqui fica mais um acrescento para juntar aos argumentos dos defensores de D. João II como o maior português de todos os tempos.

Registem, porque sentenças destas não saem todos os dias:

Do Arquivo Nacional da Torre do Tombo
SENTENÇA PROFERIDA EM 1487 NO PROCESSO CONTRA O PRIOR DE TRANCOSO
(Autos arquivados na Torre do Tombo, armário 5.o, maço 7)
"Padre Francisco da Costa, prior de Trancoso, de idade de sessenta e dois anos, será degredado de suas ordens e arrastado pelas ruas públicas nos rabos dos cavalos, esquartejado o seu corpo e postos os quartos, cabeça e mãos em diferentes distritos, pelo crime que foi arguido e que ele mesmo não contrariou, sendo acusado de ter dormido com vinte e nove filhadas e tendo delas noventa e sete filhas e trinta e sete filhos; de cinco irmãs teve dezoito filhas; de nove comadres trinta e oito filhos e dezoito filhas; de sete amas teve vinte e nove filhos e cinco filhas; de duas escravas teve vinte e um filhos e sete filhas; dormiu com uma tia, chamada Ana da Cunha, de quem teve três filhas, da própria mãe teve dois filhos.
Total: duzentos e noventa e nove, sendo duzentos e catorze do sexo feminino e oitenta e cinco do sexo masculino, tendo concebido em cinquenta e três mulheres".
[agora vem o melhor:]
"El-Rei D. João II lhe perdoou a morte e o mandou por em liberdade aos dezassete dias do mês de Março de 1487, com o fundamento de ajudar a povoar aquela região da Beira Alta, tão despovoada ao tempo e guardar no Real Arquivo da Torre do Tombo esta sentença, devassa e mais papéis que formaram o processo".

26.2.07

Day after


Confrontando as apostas deixadas aqui há umas semanas atrás em relação a que nomes seriam proferidos na cerimónia de entrega dos Óscares, confirma-se, uma vez mais, que a Academia me trocou as voltas em relação ao melhor filme. Também o ano passado, tinha-me rasteirado com o "Crash".

Fiquei extremamente satisfeita com o facto de, várias nomeações goradas depois, Martin Scorsese ter conquistado, finalmente, a Academia. Que se redimiu, premiando-o duas vezes. Iñatirru terá que esperar. Bem sabemos nós que Scorsese pedalou muito (durante 37 anos) para chegar ao pódio, à oitava nomeação!

Aplaudo também a escolha - supresa - mas que correspondeu à minha preferência, como melhor actor secundário, de Alan Arkin.

O grande derrotado foi mesmo Babel. Confesso que era um filme que pedia um óscar numa categoria que não fosse "um prémio de consolação". Também a Clint Eastwood não lhe sorriu a sorte... Mas quanto a este, não posso dizer que me tenha desapontado. Não sei porquê, mas não me convence!

25.2.07

Roads (Portishead)

Quase que poderia ouvir como banda sonora [em repeat] nestes dias. Quer o original, quer o ao vivo quer ainda a fabulosa versão de Pete Tha Zouk que encerrou a noite carnavalesca.
Enjoy

21.2.07

Portugal no seu melhor - ii


[Numa loja de roupa de um shopping da cidade de Coimbra]


O bluÇão será, talvez, o resultado da fusão entre um blusão e um calção. Ou outra fusão do género... Aceitam-se apostas!

19.2.07

Máscaras e camuflagens


A utilização da máscara vem de há muitos séculos atrás, apontando-se a sua utilização no Egipto, Atenas ou Roma.

O hábito de as pessoas se mascararem ou camuflarem no Carnaval encontra a sua razão de ser na ideia de inverter os usos sociais e a sua origem ocorre em Roma. A quarta-feira a seguir ao Carnaval marca o regresso à normalidade e, portanto, a dissipação da folia que caracteriza o Carnaval.

As primeiras festas eram realizadas em torno do deus Baco ou Dionísio e a palavra Carnaval só terá surgido no século X.

Com máscara ou sem máscara, divirtam-se.

18.2.07

Verdes anos

Já várias vezes defendi a década de 80 em relação à de 70. E, diga-se o que se disser, foi uma década de transição e que marcou o surgimento de novas mentalidades...

Quer do ponto de vista político (com o início do poder de Saddam Hussein, a queda do muro de Berlim, a difusão do fundamentalismo islâmico ou a dama de ferro britânica), tecnológico (com a informática a tornar-se acessível ao cidadão comum e o início da comercialização dos telemóveis) ou artístico.

Está patente até ao próximo dia 25 de Março uma exposição no Museu de Serralves dedicada aos "ANOS 80: uma topologia".
O panfleto distribuído para a exposição começa de forma categórica: "os anos 80 foram a década de maior mudança cultural e política no chamado mundo ocidental depois do fim da Segunda Guerra Mundial".

Não é, no entanto, uma exposição que apaixone à primeira vista. É arrojada, diferente mas que se justifica por todo o background que marcou a década.
A cor está quase sempre presente.





E as palavras são utilizadas de forma inteligente.

A exposição é especialmente rica pela variedade: fotografia, escultura, pintura e audiovisual [com os divertidos spots televisivos]. Pena que tenha ficado relativamente esquecida [não sei se propositadamente ou não] a música dos anos 80 - os míticos Police, Duran Duran, Madonna, Cher, Tina Turner ou os Dire Straits.
A música tem, apesar de tudo, um papel central na obra de David Hammons, homenageando [ainda que não de forma óbvia] o saxofonista de jazz John Coltrane.



[Georg Herold]



[Matt Mullican]


Saldo final:
Original. Forte. Intrigante.



15.2.07

Previsões e apostas (a quatro mãos) - ii # parte 2

Continuando o périplo pelo Top10 dos Grandes Portugueses (já sem a Raquel Prates e o Francisco Mendes, que foram recrutados à força pela RTP1 [não confundir com a nossa vizinha do lado do T&L])...

- Aristides de Sousa Mendes (1885-1954)



Mr. Sherlock:
Aristides: ora aí está um nome bom para não se pôr a um filho; a par de Vladislau e Aramid (existe, não se enganaram!! Há gostos para tudo!!!!).
Bem o senhor era português – check!!!
Este cônsul de Portugal em Bordéus fez actos heróicos ou elogiosos de boa vontade e altruísmo – check!!!
Ajudou o país ou contribuiu de uma forma ou de outra para o desenvolvimento do país – Falta!!!
Lá está, salvou não sei quantos judeus. Nenhum deles (ou perto disso) era português.
É o factor “bonzinho”. É o único “bonzinho” dos 10. Todos os outros ou tinham muitos defeitos, ou tinham vícios ou eram déspotas.
Este salvou não sei quanta malta e acabou na miséria. Um mártir, portanto. Bem, mas segundo as más línguas isso não é ser português em modos. Já que a malta lusa é mestre do desenrascanço e usa e abusa do adágio “quem parte e reparte e não fica com a melhor parte ou é burro ou não sabe da arte”. Este senhor podia ser burro e não saber nada da arte, mas não era português com toda a certeza.
Se queriam nomear um emigrante português em França mais valia terem nomeado a Linda de Susa, que ao menos vinha com o bónus da mala de cartão.

Joaninha:

Probabilidade - 25%.
Tem uma legião de fãs, mas que não chega às massas. E por isso não ganha, sendo, quanto a mim, aquele que tem menor probabilidades de vir a ser eleito. Apesar de tudo, tem como trunfos o seu papel aquando da Alemanha nazi, no auxílio aos judeus.
Ai a Linda de Susa... Há quanto tempo não ouvia falar dela?

- D. João II (1455-1495)



Mr. Sherlock:

Também conhecido por gostar de ir a Tordesilhas comer umas tapas e dar umas voltas com a tetratetarabisa-avó da Penélope Cruz, este senhor fez muita coisa, mas duvidamos que fosse tudo mérito dele.
Sobretudo porque consta que este senhor tinha como braço direito na sua tarefa reinante um tal de Abraão Zacuto.
Este Abraão Zacuto (esse sim um nome digno de pôr a um filho) era um judeu ibérico que dominava a cena toda e teve a maior parte das ideias. Era portanto quem vestia as calças lá em casa e mandava naquilo tudo. O rei gostava mesmo era de tapas e da Penélope Cruz do tempo dele. E nesses entretantos o Senhor Zacuto mandava nisto.
Daqui se conclui que a malta que elaborou a lista e incluiu este D. João II (que já era recesso porque não era o original) era um bando de anti-semitas, porque ignorou o grande Abraão Zacuto.
Portanto, eu voto no Zacuto!!! E pronto!!!

Joaninha:
Probabilidade – 45%.
A expansão ultramarina foi prioridade sua e foi no âmbito do seu reinado que Bartolomeu Dias cruzou o Cabo da Boa Esperança. Obteve o cognome de Príncipe Perfeito. Julgo que os critérios de perfeição, na altura, não eram muito exigentes…
Tem alguma probabilidade de ganhar, tendo em conta que, na Mensagem, Fernando Pessoa também torce por ele.

"E disse no fim de tremer três vezes:
«Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um povo que quer o mar que é teu;
E mais que o mostrengo, que me a alma teme
E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade, que me ata ao leme,
De El-Rei D. João Segundo!» "

(Mr. Sherlock acrescenta: “pois tá bem!! Se fosse o Johnyzinho a conduzir a caravela queira vê-lo a entrar em pânico e a gritar: «Senhor mostrengo não me faça mal que eu sou rei e o meu também era e quero passar o Bojador para ir a Moçambique comer chamuças e moelas, que lá na metrópole não sabem fazer esses petiscos. E eu sou home de petiscos e miúdas. E também dizem que depois do Bojador há umas mulatas valentes!! Vá lá não me faça mal!!!»)


- Marquês de Pombal (1699-1782)



Mr. Sherlock:
Ora aí está mais um nomeado com uns adornos catitas: era um com a pala, outro de bigodinho e óculos “à neca” e agora vem-me um de peruca todo janota.
Ó ‘migo não tamos na câmara dos Lordes em Londres, como é?!?!?!?!?!!?
Este deve ter a mania que gostou de ver o “Dangerous Liasons” e vem-me armado em Valmont ou Maria Antonieta; meu caro, isto não é o novo filme da Coppola!!!!!
Ora bem, por outro lado, este é o homem que encomendou o terramoto. Sim senhor, e por duas razões: já não havia mais ninguém que aceitasse ser assassino a seu mando e ainda havia Távoras escondidos, ou malta que um dia tinha jantado em casa dos Távoras ou coisa do género; e depois porque deu um jeitaço para ele poder criar uma malha urbana nova na capital e ficar famoso com isso. Pois para criar é preciso deitar abaixou primeiro. Ele encontrou o método mais eficaz.
Aliás o Bin-Laden está a tentar encontrar amostras de ADN deste senhor para fazer um clone e incorporá-lo nas fileiras de terroristas, esquadrão de “estourar tudo pela base”. Assim, nem é arma biológica nem química é natural e tudo e não polui o ambiente.
Ainda assim o Sebastião era um bom tipo.
Talvez tenha sido nele que se inspiraram para música do “Sebastião come tudo, tudo”. Se bem que os Távoras eram mais malta para cantar “O Sebastião mata tudo, tudo”.

Joaninha:
Probabilidade: 35%.
Envolto em alguma controvérsia, devido à sua inserção no Iluminismo e ao facto de ter sido dos principais responsáveis pela expulsão dos jesuítas de Portugal. Pode apresentar como trunfo a forma como reformulou a arquitectura da cidade de Lisboa, na decorrência do terramoto de 1755.
Sebastião come tudo? Deve ser por isso que tem aquela pose... pesada...

Pronto, e já só faltam mais dois. Preparem-se que vem aí um combate de wrestling/boxe entre dois pesos pesados digno de Rocky/Batista. Preparem-se...
Ah, e já agora, nos entretantos: divirtam-se!!!!
A gerência agradece.

[Trazido em simultâneo pelo M&P e pelo EmFuga]

Futilidades


Hoje, num dos programas matinais de rádio, falava-se da ligação das mulheres com a roupa. Todo o celeuma veio a propósito de um estudo norte-americano (só eles é que se lembram de fazer estes estudos!), que, tendo inquirido um grupo de 1000 mulheres entre os 18 e os 54 anos, chegou à conclusão que as mulheres preferem a companhia das roupas do que a companhia masculina...

A maioria das mulheres respondeu que, se existe amor à primeira vista, este é em relação a uma peça de roupa.

E mais... 48% considerou que um homem não lhes pode transmitir tanta segurança como uma peça de roupa!...

Não fica por aqui. A maioria preferia 15 meses sozinhas, se, ao final desse período de tempo, encontrar um armário cheio de roupa nova!

13.2.07

Previsões e apostas (a quatro mãos) - ii

Encontrando-se em debate, e a votos, a figura que será o Maior Português, não quiseram o Em Fuga e o Motivos e Pretextos ficar à margem da eleição, e juntaram-se os signatários dos respectivos blogs para ponderar quanto ao top 10, mais concretamente quanto à probabilidade de cada um dos dez nomes sair vencedor.

Nesta primeira parte [devido à escrita desenfreada de Mr. Sherlock, isto teve mesmo que ser dividido em partes], têm lugar aqueles que têm maior probabilidade de vir a ganhar a estatueta.
Aqui estão eles. Divirtam-se!

Os óbvios

- D. Afonso Henriques (1109-1185)




Mr. Sherlock:
O óbvio dos óbvios. Considerado o pai dos pais. Típico português: teimoso, mandou-se para frente, adorava discutir com os vizinhos e batia na mãe (ou pelo menos dizia mal dela). Falta saber se ia para os shoppings ao domingo à tarde e se tinha a bela da proeminente unha do mindinho da mão direita; pelo menos bigode tinha. Ah, já me esquecia, adorava andar à batatada com o pessoal.
Foi pena o Prof. Freitas do Amaral, autor de uma obra séria sobre este senhor de terras de Guimarães, estivesse doente, e não tenha aceite defender o primeiro rei de Portugal. Eu não lhe chamaria o primeiro português como alguns insistem.
Quando tudo indicava que a vitória esta garantida avistam-se sinais de que não será assim e se conseguir ficar no pódio é uma sorte.
Pelo marketing devia ganhar: não falta livro escolar sem ele na capa, e quem tiver visitado a cidade berço e não tenha trazido a bela da estátua deste senhor não é modo.
O povo é saudosista e gosta de andar à batatada com os progenitores e com os vizinhos…

Joaninha:
Probabilidade – 60%.
Sim. É o 1º Rei de Portugal e determinou a fronteira que actualmente temos, mas tem contra si, nesta eleição, a distância temporal. Mostram as escolhas ocorridas nos outros países que a tendência é escolher uma personalidade mais recente. Por outro lado, não é consensual.
Fiquei agora a saber que o típico português bate na mãe… Dever ser para os lados da cidade que alguns denominam “where the streets have no name”.

- Luís de Camões (1524-1580)



Mr. Sherlock:
Better known como aquele tipo da pala do olho. Outro com um marketing genial. Mas neste caso jogando a seu favor. Agora já não; mas todos aqueles que no 9.º ano tiveram de aturar os Lusíadas, e aqueles que há muitos anos no antigo regime tinham de saber as declinações e orações todas de cor, podem trazer algum rancor e más memórias de chumbos camonianos na algibeira. O que jogará concerteza a desfavor do homem das folhas de louro na cabeça e da pala no olho.
As miúdas que vão descalças para as fontes devem votar todas nele já que as imortalizou. O problema é que agora com as lojas dos chineses o que não faltam são chanatas a preço da chuva.
Por outro lado, a malta de além da Trapobana também deve votar nele, só é pena serem de longe e estarem a milhas do que se passa aqui.
Depois há o perdigão que perdeu a asa, mas como perdeu a asa deve custar-lhe a votar.
Eu cá gostava de estar na sala da mesa de voto quando as meninas da ilha dos amores fossem às urnas. Isso é que valia a pena. Não se esqueçam de me avisar. Que aqui faz muito frio e não há miúdas com as miudezas à mostra, e dizia o moço da pala que elas valiam mesmo a pena.
Depois há o factor coacção: ele devia ser primo do Zandinga, porque à cautela deixou virados as armas e os canhões, a modos de como quem diz, não votas em mim levas balázio no lombo.
Cá pr’a mim ganha ele. Se bem que com o novo P.R. nunca se sabe.
Ainda fica com menos um ponto, tipo 9 em vez de 10.

Joaninha:

Probabilidade – 75%.
Acredito que é dos que tem maiores possibilidades de ganhar. Não me surpreenderia nem me desiludiria. Foi, sem dúvida, dos melhores poetas portugueses e cantou, como ninguém, há que dizê-lo, o povo português. Por alguma razão, o dia de Portugal (10 de Junho) é também o seu dia.
Ao contrário do Mr. Sherlock, não provocou rancor à Joaninha os cantos de Camões, mas também não os tinha de decorar!

- Fernando Pessoa (1888-1935)



Mr. Sherlock:
Bem, o senhor do bigodinho e dos “óculos de tartaruga à neca” tá em vantagem. Cá pra’ mim aquilo dos heterónimos foi jogada antecipada para estar em vantagem numérica, em jeito de contornar as probabilidades. Com tanta personalidade múltipla é natural que consiga arranjar adeptos por tudo o que é lado. Ou não…
Conta com o apoio dos intelectuais e de todos aqueles camones e outros turistas que se sentaram a seu lado no chiado e cuja fotografia que guardou esse momento pá eternidade está conservada num qualquer álbum de fotografias religiosamente arquivado.
A malta que chumbou no exame de 12.º ano por não conseguir descortinar qual era afinal a mensagem que este senhor queria passar, e nem mesmo com recurso ao código morsa chegaram lá.
Eu cá apoio o senhor.
Se aparecer uma Lídia que me queira dar a mão num fim de tarde à beira rio que me ligue…
Cá para mim ou ganha este ou ganha o moço da pala…
Ps: já aqui se vê a tendência nacional para o mau funcionamento oftálmico ou oftalmológico: ou são paletas ou usa óculos de fundo de garrafa. Bem razão tinha o outro quando dizia que o nosso problema era falta de visão…

Joaninha:

Probabilidade – 40%.
É aquele por quem vou torcer. E, se votasse, seria nele. O nome que mais vezes citei neste blog e um poeta que me conquista em cada linha que escreve. Com os seus heterónimos, a sua capacidade de construir personagens ou com a sua "Mensagem", Fernando Pessoa pode vir a surpreender. É o que espero, pelo menos.
Mr. Sherlock também usa lupa… Será em solidariedade com a falta de visão deste painel?

- Vasco da Gama (1469-1524)


Mr. Sherlock:

Eu conheci uma vez um miúdo de uma escola secundária prós lados a sul de Gaia, abaixo do Porto, que concorreu ao concurso nacional da fundação dos descobrimentos para ganhar uma viagem a Macau com um texto jornalístico (pelos vistos polémico, mas muito bem intencionado, no vigor da irreverência juvenil) que colocava com uma boa dose de humor de nonsense o tema a viagem dos portugueses à índia nos seguintes termos: a entrevista era com o protagonista do auto da Índia de Gil Vicente, aquele que foi fortemente enganado pela mulher e ficou com aquele problema que para além de o por a andar de eléctrico fez com que estragasse e riscasse o verniz de tudo o que era porta em que queria entrar, e que só foi traído porque o meteram numa nau comandada por este senhor, que ao que essa reportagem apurou não percebia nada das artes de marear limitando-se a sacar da sua bazófia e dar umas ordens assim por dá cá aquela palha. Conclusão: o entrevistado desmistificava este senhor de barbas compridas e chapéu amaricado, sempre com o bastão na mão (ou mapa ou lá o que é), e dizia que quem tinha descoberto a Índia tinha sido ele e o resto da tripulação que fez com que a barcarola chegasse à terra do Sandokan.
É óbvio que o puto não foi a Macau. E é óbvio também, que a pessoa em que o puto se tornou continua céptica em relação ao senhor das barbas que tinha a mania que era marinheiro mas quis foi mas é fazer altos filmes para os lados da terra onde os tigres sofrem de ciática e têm os joelhos fracos e por isso andam de Bengala. Há quem diga que ele é o pai de Bollywood. Eu não sei, mas que no meu videoclube há uma legião de fãs considerável que esgotam estes filmes musicais com muita pancada à mistura.
Ps: tivesse o coitado do Henriques de sobrenome ter tido a sorte de o levarem a dar um passeio à Índia e tinha-se posto logo em aulas de canto para poder entrar nestes filmes de pancada onde se canta um bocadito ou filmes com muita canção onde se dá umas pancadas nos mauzões de vez em quando.

Joaninha:
Probabilidade – 60%.
Acho que resulta deste top 10 a tendência dos portugueses pelos Descobrimentos portugueses. São várias as figuras ligadas a esta fase histórica e Vasco da Gama é a cereja em cima do bolo. Navegador português que descobriu o caminho marítimo para a Índia.
Gostei da recordação do “Auto da Índia”, que muito animou as nossas aulas de Português, principalmente com a frase final – “Mais quero asno que me leve, que cavalo que me derrube!”.

- Infante D. Henrique (1394-1460)



Mr. Sherlock:
Nós por cá gostamos muito deste senhor. Foi a irmã dele que trouxe cá para a Britain [não confundir com Britney, by goodness sake!!! (e não também não me estou a referir à bebida japonoca que anda na moda)] como dote de casamento umas folhas de ervazitas descoloradas que quando se metem em água fervente acabam por dar em sumo que sabe bem quando se bebe por volta das 16h59 e mais alguns minutos.
Por sua conta, este senhor que era um verdadeiro “guna” da ribeira, local onde foi nado e criado, conhecido por ter a mania de querer descobrir novos horizontes ter iniciado a mania de se divertir à noite na outra margem do douro.
O seu penteado à tigelinha indica que a veia de guna foi abandonada a meio do processo e virou-se para a onda de jogar basquetebol com uma catrefada de marinheiros. São opções…
De qualquer das formas da paixão pelos marujos mudou-se com audácia para moda de construir estaleiros, talvez lhe tenha dado queda para os carpinteiros. Nunca se sabe.
Foi o pai dos descobrimentos, pese embora não ter ficado conhecido por botar pé num barco; se calhar era dado aos achaques e aos enjoos.
Ficou conhecido pela estátua ao lado da torre que há na zona onde os pastéis de nata fazem furor.
Toda a gente o conhece, mas duvido que alguém se lembre dele para este efeito. Talvez a malta que anda a escavar ali para os lados da ribeira e a desenterrar os seus brinquedos de criança se mobilize para votarem no homem que lhes dá que fazer (que isto de ser arqueólogo só compensa para quem morar no Egipto ou para quem se chamar Indiana Jones).

Joaninha:
Probabilidade – 50%.
É, a par de D. João II, a figura que conquista a adesão de algumas pessoas que me rodeiam. Cabendo o voto ao português médio não acredito que ganhe, mas não nego a possibilidade, tendo em conta ter impulsionado a expansão ultramarina.
Muito se aprende com o Mr. Sherlock. Além do mérito de decifrar crimes estranhos, agora consegue ver à lupa a verdadeira realidade por trás de grandes mitos… Quem diria que o Infante D. Henrique era, afinal, um “guna da ribeira”?

Agora, resta esperar pela próxima entrega destes divertidos fascículos em capítulos promovidos pelo M&P e pelo EmFuga.

Até já... (ora aí está uma frase de um grande português que não sei como não ficou no top10, nem sequer no top100)

12.2.07

O elogio

Depois de uma discussão jurídica, eis que me dizem:
"- Sabe qual é o seu problema?"
"- Qual?"
"- É ter mau feitio."

E esta calou-me.

11.2.07

Bastidores


6h28. Acordo. Dois minutos antes do despertador. Estava tão bem a dormir...

Se fosse um dia de semana, e com o sono que estava, deixava-me ficar, pelo menos, mais uma hora (à semana não se trabalha antes das 10h...).

Hoje não deu para ficar. Saio de casa ainda com o som da noite. Silêncio. Absoluto.


Quem é que, a um Domingo, desperta assim tão cedo?

Dá-se boleia a um vizinho que, tal como eu, aceitou a tarefa de "escrutinador". Vêem-se poucos carros na rua e ainda menos pessoas. A escola, a poucos metros de casa, parece já ter acordado há muito tempo.

Ainda está uma noite escura.

São cerca de doze horas dentro de uma sala de aula que já viu melhores dias e com os armários repletos de exemplares de pedras e areias de várias praias.

Às 8h00 em ponto chega o primeiro eleitor, nervoso. Reclama: "tenho que ir abrir o estabelecimento e já tenho gente à espera!".

Entre as normais peripécias eleitorais, há sempre margem para uma piada, várias gargalhadas e o reencontro com caras que já não se viam há muito tempo.

Um dia cansativo, sem dúvida. Mas vale a pena.

As mulheres votam em maior número, enquanto os homens ficam à porta.

O resultado esse foi expressivo. Naquela secção, 68% de votos no SIM. Ainda bem.

7.2.07

Sin sin sin - i


Preguiça...

P.S. Título emprestado de uma música de Robbie Williams.

5.2.07

Liderança e Gestão

Chegou-me por e-mail um conjunto de cinco lições - de ouro - que podem auxiliar na caracterização de um bom profissional.

Olhem lá se não sou vossa amiga?! 5 lições gratuitas:

Lição N.º 1 - Gestão do Conhecimento

Um homem entra no banho enquanto a sua mulher acaba de sair dele e se enxuga. A campainha da porta toca. Depois de alguns segundos de discussão para ver quem iria atender, a mulher desiste, enrola-se na toalha e desce as escadas.
Quando abre a porta, vê o vizinho Bob na soleira.
Antes que ela possa dizer qualquer coisa, Bob diz:
- Dou-lhe 800 € se deixar cair essa toalha.
Depois de pensar por alguns segundos, a mulher deixa a toalha cair e fica nua. Bob, então, entrega-lhe os 800 € prometidos e vai-se embora.
Confusa, mas excitada com sua sorte, a mulher enrola-se novamente na toalha e volta para o quarto.
Quando entra no quarto, o marido grita do chuveiro:
- Quem era?
- Era o Bob, o vizinho da casa ao lado - diz ela.
- Óptimo! Deu-te os 800 € que me estava a dever?

Moral da história
: Se compartilhares informações a tempo podes evitar exposições desnecessárias!!!

Lição N.º 2 - Chefia e Liderança

Dois funcionários e o gerente de uma empresa saem para almoçar e na rua encontram uma antiga lâmpada a óleo. Esfregam a lâmpada e de dentro dela sai um génio. O génio diz:
- Só posso conceder três desejos, por isso, concederei um a cada um de vós.
- Eu primeiro, eu primeiro - grita um dos funcionários - Queria estar nas Bahamas a pilotar um barco, sem ter nenhuma preocupação na vida!
Puf! E lá se foi. O outro funcionário apressa-se a fazer o seu pedido:
- Quero estar no Havaí com o amor da minha vida e um provimento interminável de pinas coladas!
Puf e lá se foi.
- Agora você - diz o génio para o gerente.
- Quero que aqueles dois voltem ao escritório logo depois do almoço - diz o gerente.

Moral da História
: Deixe sempre o seu chefe falar primeiro.

Lição N.º 3 - Zona de Conforto

Um corvo está sentado numa árvore o dia inteiro sem fazer nada. Um pequeno coelho vê o corvo e pergunta:
- Posso sentar-me como tu e não fazer nada o dia inteiro?
O corvo responde:
- Claro, por que não?
O coelho senta-se no chão, debaixo da árvore e relaxa. De repente, uma raposa aparece e come o coelho.

Moral da História
: Para ficares sentado sem fazeres nada deves estar sentado bem no alto.

Lição N.º 4 - Motivação

Em África, todas as manhãs, uma gazela ao acordar, sabe que deve conseguir correr mais do que o leão se se quiser manter viva. Todas as manhãs, o leão acorda e sabe que deverá correr mais do que a gazela se não quiser morrer de fome.

Moral da História
: Pouco importa se és gazela ou leão, quando o sol nascer deves começar a correr.

Lição N.º 5 - Criatividade

Um fazendeiro resolve colher alguns frutos da sua propriedade. Pega num balde vazio e segue para o pomar. No caminho, ao passar por uma lagoa, ouve vozes femininas que provavelmente invadiram as suas terras. Ao aproximar-se lentamente, observa várias raparigas nuas banhando-se na lagoa. Quando elas se apercebem da sua presença, nadam até à parte mais profunda da lagoa e gritam:
- Nós não vamos sair daqui enquanto não se for embora.
O fazendeiro responde:
- Não vim aqui para vos espreitar, só vim dar de comer aos jacarés!

Moral da História
: É a criatividade que faz a diferença na hora de atingirmos nossos objectivos.

3.2.07

Palavra do dia - ii

Concatenar (v.) - encadear, prender, ligar, relacionar, condizer, ligar-se, encadear-se.

A pedido e sugestão de J.

Tinha prometido que a próxima palavra do dia seria "flash", em homenagem às eloquências proferidas entre um jogo chinês [ou vários] e um copo [ou muitos]. Mas acho que não vem no dicionário...

1.2.07

A praia ainda vem longe...



Já há muito que não fazia um destes testes on-line, mas este ("Se fosse um petisco de comer à beira mar, qual seria?") foi mais forte do que eu. E confesso que fiquei com saudades da praia...

Se a praia ainda demora, venha entretanto o marisco que eu não me importo!


Mas por que carga de água Portugal não é um país tropical?