A certeza de que Espinho tem um conjunto de pessoas com a arte
[o que quer que isso seja] a correr nas veias já tinha sido constatada no
espectáculo anterior que trouxeram ao Porto.
Desta vez, no Auditório de Espinho [sabe-se lá como o GPS em forma de papel trocou-nos as voltas e atrasou a chegada...], a actuação consiste numa conjugação da Academia de Música de Espinho, o TPE - Teatro Popular de Espinho/Cooperativa de Espinho e Move’in-mento – Núcleo de Dança Contemporânea de Espinho.
A ideia é uma viagem no tempo e no espaço. No tempo, para o início do século passado quando reinava o can-can e a loucura que foi identificada com os "loucos anos 20". No espaço, para o palco e bastidores do mundo do espectáculo.
13 cenários, entre as aulas de ballet, o cabaret, a noite fria e os seus encantos e, até, o belicismo.
Em palco estão cerca de 40 artistas, divididos entre bailarinas, actores, cantores e músicos. O cenário tem imensa cor - como época e a sonoridade o reclamavam - e o guarda-roupa é escolhido a dedo.
A viagem no tempo termina no último "cenário/acto" com a Paródia Da-Da. Com o título inspirado, muito provavelmente, no último hit dos Da Weasel - Dialectos de Ternura. Um percurso por fragmentos do quotidiano do século XXI, culminando no êxtase...
Salientam-se, naturalmente, o divertido texto do Mr. Moustache, recordando o musical Moulin Rouge, a dança can-can pelas sincronizadas bailarinas, a tortura dos atilhos e espartilhos ou a disciplina de guerra sem esquecer a qualidade das vozes interpretando músicas da época ou o pianista que garante quase toda a "banda sonora" do cabaret.
O título "Off Cabaret" baseia-se, segundo o flyer, nas "histórias de fora e de dentro, da rua, das luzes da ribalta e das sombras dos bastidores. Dos in, dos on e dos off...".
Muito bem concebido e conseguido, tendo enchido o bem estruturado Auditório com um público diversificado que se divertiu e aplaudiu convictamente as cenas de um cabaret contadas (cantadas e dançadas) com mestria.