29.8.06

Os mais, os menos e os assim-assim


"A gente pode
morar numa casa mais ou menos,
numa rua mais ou menos,
numa cidade mais ou menos.

A gente pode
dormir numa cama mais ou menos,
comer um feijão mais ou menos,
ter um transporte mais ou menos,
e até ser obrigado a acreditar mais ou menos no
futuro.

A gente pode
olhar em volta e sentir que tudo está
mais ou menos.

Tudo bem.

O que a gente não pode
mesmo, nunca, de jeito nenhum,
é amar mais ou menos,
é sonhar mais ou menos,
é ser amigo mais ou menos,
é namorar mais ou menos,
é ter fé mais ou menos,
e acreditar mais ou menos.

Senão a gente corre o risco de se tornar
uma pessoa mais ou menos."

Chico Xavier

Acidentalmente, tropecei neste texto brasileiro e não resisti a reflectir sobre ele. De onde vem esta nossa tendência de catalogar estados de espírito, sentimentos e relações como "mais ou menos"?

Confesso que, por vezes, também concluo que certas coisas essenciais são mais ou menos. Não é sim ou não, é assim-assim. É o meio termo. É o quase-tudo ou o quase-nada...

Será que tudo deveria, ao invés, ser qualificado de forma maniqueísta, ou seja, entre dois pólos opostos? Só preto. Só branco. Sem todos os cinzentos de diferentes tonalidades que existem no meio?
Ficam as questões.

1 comentário:

Mr. Sherlock disse...

Eu por acaso tenho muito a mania do "mais ou menos". Sou, até, o verdadeiro "mais ou menos" crónico.
Mas concordo que em certas coisas não dá para sermos "mais ou menos", e até nessas áreas eu gostava de ser um pouco menos do mais que acho que sou. Há coisas que o mais ou menos até resulta bem, depende de tudo, das pessoas, das situações, e do resto...