28.4.07

Rotinas


Numa análise mais atenta dos rotineiros de Sábado de manhã conclui-se que a rotina deve trazer alguma tranquilidade. Todos os Sábados são os mesmos que escolhem aquele café para tomar o pequeno almoço. Um café que, em si, não é extraordinário. A decoração é a mesma há anos.

O empregado é sempre o mesmo.

Assim como os clientes.

Tomam o mesmo pequeno almoço todos os Sábados.

Sentam-se nas mesmas mesas. Os mesmos sentados nas mesas à entrada. Os mesmos sentados nas mesas do canto.

Lêem os mesmos jornais.

Até o empregado diz as mesmas piadas: "Já que vai ser ela a pagar, não quer escolher mais nada?". Sorri da sua própria piada.

Aos mesmos clientes, quase nem pergunta qual vai ser o pequeno almoço. Apenas confirma: "O costume?" "Sim, o costume", ouve como resposta.

Está lá o casal que leva o bébé. Nem sempre chora. Mas quando chora provoca os mesmos comentários e sorrisos.

Há sempre alguém que fala ao telemóvel com a mão à frente da boca [como se estivesse a conspirar algo inenarrável].

Será que a ausência num dos Sábados ou a escolha de uma outra mesa ou de um outro pequeno almoço consistiria numa ousadia que afectaria o curso da semana?

[Divagações escritas à mesa de café...]

4 comentários:

SONY disse...

Talvez joaninha...talvez!
Ora aí está uma boa pergunta!
Gostei desta tua vista dos Sábados rotineiros!
Não serve para mim pois isso para mim não dava detesto a rotina, nem em casa!
nunca me deito pro mesmo lado, nunca me sento da mesma forma...nunca me deito às mesmas horas, ora gosto , ora não gosto! LOl
Será que se sentiriam estranhos se mudassem???
Se souberes diz-me!Ok?
Bj Sony :-)
A ROTINA MATA_ME!!!

rtp disse...

Qualquer modificação, por pequenina que seja, pode motivar um pequeno abalo sísmico em certas existências! :-)

Tubarão disse...

Sem dúvida o melhor post que já li nestas fugas.

Anónimo disse...

Provavelmente esse café tem uma longa tradição, seja pela qualidade do serviço, relações de convívio ou outra qualquer razão inerente a quem preenche essa rotina. Há casos em que as faltas ao hábito criado provêm de motivos que excedem esse prazer, por exemplo uma fuga italiana.