30.3.07

Os Passos das Palavras

[A coreografia para Mosquito, de Rui Reininho]

Ainda que o público não fosse em número suficiente para encher o Salão Nobre da Ordem dos Médicos, o grupo não se sentiu desmotivado.

O Move'In Mento (Núcleo de Dança Contemporânea de Espinho) subiu ao palco para dar movimento e voz às letras de músicas, proferidas, em voz firme e pausada [de Mr. Sherlock], como se de poemas se tratassem, sem a rede da música.

A coreografia oscila entre a sensualidade, os movimentos cómicos, o ritmo e os efeitos visuais. De vez em quando, por trás do pano da dança contemporânea, vislumbra-se o ballet clássico.

Com o mote "... e se as palavras tivessem pernas?", dançam-se e declamam-se textos de Rui Reininho, Pedro Abrunhosa, Jorge Palma ou Carlos Tê, entre outros.

Um espectáculo original, bem conseguido e que confirma a qualidade dos elementos que compõem o núcleo. Só se lamenta a curta duração... Ficou, inequivocamente, a vontade de ler mais músicas e de observar os movimentos (os passos) das palavras!


Em jeito de recuerdo, ficam os excertos dos textos daqueles que foram, para mim, os momentos mais altos do espectáculo:





A rapariguinha do shopping
Bem vestida e petulante
Desce pela escada rolante
Com uma revista de bordados
Com um olhar rutilante
E os sovacos perfumados
Quando está ao balcão
muito distante e reservada.

Nos lábios um bom baton
Sempre muito bem penteada
Cheia de rímel e crayon
E nas unhas um bom verniz

Vai abanando a anca distraída
Ao ritmo disco dos bee gees.

(A rapariguinha do shopping, Carlos Tê)


Quero que saibas
Que sem ti não há lua,
Nem as árvores crescem,
Ou as mãos amanhecem
Entre as sombras da rua.

Leva os meus braços,
Esconde-te em mim,
Que a dor do silêncio
Contigo eu venço
Num beijo assim.

(Beijo, Pedro Abrunhosa)


Mesmo assim, porque te prendes?
Foge de mim, não entendes?
Eu nasci para ser gaivota.

(Segredos, Kátia Guerreiro)

27.3.07

Ali nasceu Portugal?


O repto é lançado, como muitos outros, por e-mail. A convocatória poderia parecer, no mínimo, e à primeira leitura, estranha:

"embarcar nesta noitada tipicamente portuguesa (andar km’s para comer num restaurante típico, com um nome parolo, um dono parolo, empregados parolos que nos dão limão para enganar os polícias nas operações stop, fadunchos… Festa no século XIX, uma discoteca muito fixe, com um nome parolo, um dono que não é parolo, mas com uma clientela um tanto ou quanto parola – varia consoante os resultados do clube local)." - contributo [eloquente] do R. na angariação de convivas!

Guimarães é uma cidade, quanto a mim, que convida a uma visita. A várias visitas. Já lá vão alguns anos desde a data em que me apercebi do verdadeiro encanto do centro histórico. Escolhido para celebrar um aniversário, ainda no início da minha juventude...

Em 2001, foi atribuído pela UNESCO a classificação, ao Centro Histórico de Guimarães, de Património Cultural da Humanidade.


Esta fugaz visita ao Restaurante Pirâmide do Egipto [confirma-se que o nome é, efectivamente, parolo] permitiu medir o pulso ao fado tocado e cantado numa pequena localidade nas redondezas de Guimarães, com direito a dedicatória especial "para a mesa da juventude ali do canto".



A decoração é, toda ela, digna de registo desde as fotografias colocadas nas várias salas em que aparece o dono e figuras mais ou menos conhecidas da praça até às guitarras penduradas nas paredes, passando por objectos clubísticos.



Ainda tem a cidade [o que muito nos divertiu] alguns focos do "aqui nasceu o Portugal autêntico". Desde as operações stop serem acompanhadas de caçadeira à tentativa [frustrada] de um local tirar o seu Jaguar de cima do jardim, enquanto se ouve a vox populi "se tivesses um fiat uno, pegava-se o carro em mãos e ele já estava cá fora".

Uma noite com Portugal no seu absoluto melhor!

25.3.07

MSN e a criatividade











Olhando para as frases que adolescentes entre os 14 e os 18 anos têm no MSN retiram-se algumas conclusões e a diversão é, absolutamente, garantida.

Vejam:

1) Os românticos / pieguinhas:

- Juro q te adoro !=D (A minha dupla adora-me)
- Adoro-te FMMG
- Gosto muito de si menina Andreia. És especial.
[A menina Andreia agradece a gentileza do senhor com essa declaração e retribui, sentidamente]
- Olhinhos meiguinhos. Amo-te mais do q tudo ursinho.
- É impossível ser feliz sozinho... Mas k linda troka de olhares k nos tivemos... tens um sorriso, hmmmm, amei. [hmmmm? Se calhar devia estar na categoria dos gulosos, não?]
- Akele mininu é msm lindu. [o mininu lindu tb axa k a minina é msm linda]
- 17:54 ela disse 'adoro-te' pela 1ª vez. [E tiveste tempo de olhar para o relógio? Isso é obra!]
- Quero ser a solução para os teus problemas.
- A minha vontade d te amar é grande mas a distância n deixa.
- Só tu sabes ouvir o meu silêncio e compreender o que não digo. Adoro-te.
[Será que ele é vidente?]
- Because I can see us holding hands, walking on the beach, our toes in the sand.
- Tou mesmo apanhadinha pelu porta-chavx.
[Pelo porta-chavx? Isso é grave! Caso clínico...]

2) Os poetas

- A vida não é um sonho.
- Gosto de fechar os olhos, fugir do tempo, de me perder.
- Vamos jogar essa mão para cima que a vida é muito boa.
[Parece um verso de uma música brasileira. Será que me engano?]
- Podemos imaginar tudo do que nada sabemos.
- Há coisas que não têm justificação.
[É uma boa resposta para uma pergunta de um teste. Não sei porque não tem justificação...]
- A vida tem dois dias por isso faz directa. [Esta é eloquente. Temos poeta!]
- Para entender o significado de uma lágrima precisamos aprender a entender o significado de um momento.
- A saudade é a maior prova de que o passado valeu a pena.


3) Os carentes / gulosos

- ... a precisar de chocolate, amor e muito carinho.
- Chocolate.
[Como te percebo... E morangos, não?]
- I gotta find peace of mind.
- Adicionem, mas só os que gostam d mim, ta?
- Chegou a Páscoa. Ke maravilha só amêndoas.
[Amêndoas de chocolate, pode ser?]
- With champagne living my life.
- Perdi os números todos. Mandem msg.
- Bless me so that they can't curse me!
[Curse you?]

4) Os comerciantes

- Tenho DTR para vender. Tudo legal. [É bom que esclareças se está tudo legal. Será que também é brasileiro?]
- Vendo prancha de surf marca semente, tamanho 6'9, com deck e quilhas FCS.

5) Indecisos e inclassificáveis

- Vida confusa.
- Como é que diz o Timon? O mundo é meu!
- Já abro 70% dos olhos!
- Deus quer o homem sonha e como tal a Obra nasce. Há conquista de Portugal!
[Há conquista de Portugal... Não se pode ser conhecedor de Português em toda a linha. Já basta ter decorado um verso de Fernando Pessoa!]
- Afro é do melhor.


Devido à mudança da hora, a inspiração não chegou para comentar todas as frases. Mas há algumas que falam por si...


P.S. Agradecimento aos contactos do MSN do irmão mais novo!

23.3.07

Frases que ficam


A American Filme Institute apresentou, já há alguns meses, as 100 melhores frases do cinema. Ao lê-las, muitas delas me fizeram sorrir e relembrar determinado filme.


A que ficou em primeiro lugar foi retirada de "E tudo o vento levou" - "Frankly, my dear, I don't give a damn", no já longínquo ano de 1939. Frase com propriedades catárticas, acreditem!


Aqui ficam as que mais gostei e retiradas do TOP 100:



- May the force be with you (Starwars - 1977) - 8º lugar;



- You talking to me (Taxidriver - 1976) - 10º lugar;








- E.T. phone home (ET - 1982) - 15º lugar;




- Bond. James Bond (Dr. No - 1962) - 22º lugar;





- I'll have what she's having (When Harry met Sally - 1989) - 33º lugar [é das minhas preferidas!];




- I'll be back (Terminator - 1984) - 37º lugar;


- Mama always said life was like a box of chocolates. You never know what you're gonna get (Forrest Gump - 1994) - 40º lugar;


- We'll always have Paris (Casablanca - 1942) - 43º lugar;


- Houston, we have a problem (Apollo 13 - 1995) - 50º lugar;


- Hasta la vista, baby (Terminator 2 - 1991) - 76º lugar;


- My precious (Lord of the Rings 2 - 2002) - 85º lugar;


- Carpe diem. Seize the day, boys. Make your lives extraordinary (Dead poets society - 1989) - 95º lugar


- I'm king of the world! (Titanic - 1997) - 100º lugar.



Quem quiser, pode consultar a lista completa.




Bom fim de semana!

21.3.07

Dia D

Hoje é dia Da ÁRVORE


Do início da PRIMAVERA


Da POESIA




DA ÁRVORE


As árvores crescem sós. E a sós florescem.

Começam por ser nada. Pouco a pouco
se levantam do chão, se alteiam palmo a palmo.

Crescendo deitam ramos, e os ramos outros ramos,
e deles nascem folhas, e as folhas multiplicam-se.

Depois, por entre as folhas, vão-se esboçando as flores,
e então crescem as flores, e as flores produzem frutos,
e os frutos dão sementes,
e as sementes preparam novas árvores.

E tudo sempre a sós, a sós consigo mesmas.
Sem verem, sem ouvirem, sem falarem.
Sós.
De dia e de noite.
Sempre sós.

Os animais são outra coisa.
Contactam-se, penetram-se, trespassam-se,
fazem amor e ódio, e vão à vida
como se nada fosse.

As árvores, não.
Solitárias, as árvores,
exauram terra e sol silenciosamente.
Não pensam, não suspiram, não se queixam.
Estendem os braços como se implorassem;
com o vento soltam ais como se suspirassem;
e gemem, mas a queixa não é sua.

Sós, sempre sós.
Nas planícies, nos montes, nas florestas,
A crescer e a florir sem consciência.

Virtude vegetal viver a sós
E entretanto dar flores.



[Poema das Árvores, António Gedeão]




DA PRIMAVERA

A estação do ano que deixa para trás o deprimente Inverno e que torna os dias, ao que se espera, mais luminosos, quentes e divertidos.





DA POESIA


"O poema não é feito dessas letras que eu espeto como pregos, mas do branco que fica no papel", Paul Claudel

P.S. É também o Dia Mundial do Sono e o Dia Universal do Teatro. Não se conseguia arranjar mais nada??

19.3.07

Sin sin sin - ii


Gula.



O pecado mortal com sabor a morango e chocolate. Irresistível!

P.S. Pecado cometido, repetidamente, este fim de semana. Acho que não tem perdão!

Cartas fora do baralho




Trunfos?
Um tinha umas sobrancelhas hirsutas em jeito de arbusto mal cuidado, espetadas como urze; punho erguido em sonantes gritos militantes; postura distante; e uma pochete debaixo do braço.

O outro um nariz adunco, tez amarelada e pálida, em jeito de vela de sacristia; voz aflautada e com travo das beiras; e usava botas.

Um foi o arauto dos “cassetes” do nosso país, criando uma nova forma de comunicação e perpetuação de discurso, no qual o tom monocórdico e ideologia gasta se vão repetindo e reciclando ao sabor dos tempos, ad eternum, sempre adaptados pelos cegos seguidores, que mais não são que aparelhos de banda magnética, gasta, cada vez mais gasta. Pelo meio foi dizendo “olhe que não, olhe que não!!!!”, e deixou-lhes a Festa do Avante, o mal vestir dos seus camaradas e o gosto por ser do contra mesmo quando ser do contra é a corrente, e então já não faz sentido nenhum.

O outro vinha das beiras conquistou os seus pares com o brilho da sua artis jurídica; foi apanhado no turbilhão de uma noite de rave de uns militares com os bigodaços fartos e quando deu por si tinha um país para governar; e fê-lo como sabia melhor: transformou-o num beco de sacristia, com cheiro a vela, mentalidade pequenina agarrada ao destino de o ser sempre assim, disse que “Deus, pátria e família” é que era, deu-lhes o Eusébio, a Amália, e a Nossa Senhora de Fátima. Foi pena ter se lembrado de deixar também os senhores da PIDE e a guerra do Ultramar. Mas vá lá ficamos com a bela arquitectura do Estado Novo e o Portugal dos Pequenitos.

Agora, estão os dois nomeados para Grande Português. É uma pena…

Vencedores?
As pré-estatísticas ou, melhor, as sondagens – mais oficiais do que as feitas pelos signatários - feitas em relação à votação, apontam para que os dois não sejam potenciais vencedores.
São os mais controversos do TOP 10 dos Portugueses. Provocam paixões e ódios, sem medida, a maior parte deles.
Uns salientam que, apesar das “cassetes”, Cunhal permitiu uma viragem política do nosso país; outros, do lado oposto, salientam a eficácia da governação salazarista e o de ter conseguido manter opositores bem à distância.
Diz-se que o primeiro tem contra si a falta de consenso em seu redor. E o segundo o de ter feito o país estagnar durante décadas.

Concordo que são cartas (quase) fora do baralho. Mas não nego que a proximidade temporal ainda pode trazer algumas surpresas.

E, claro, teremos sempre o Portugal dos Pequenitos…


P.S.1 Última parte de "Previsões e apostas a quatro mãos", em relação à eleição para o Maior Português. Ou não...

P.S. 2 Trunfos? por Mr. Sherlock
Vencedores? por Joaninha

17.3.07

Diferente (Gotan Project)

Ao sabor do tango...

14.3.07

Labirinto premiado

2007 foi sorridente para Guillermo del Toro. Viu o seu último filme "O labirinto do fauno" premiado várias vezes. Desses prémios, constam três Óscares (Direcção Artística, Maquilhagem e Fotografia), bem como o prémio de Melhor Filme do Fantasporto 2007.

Rotulado como filme do cinema fantástico e de terror, é, sem dúvida, um filme alternativo.

Entre o real e o onírico, entre a guerra civil e o mundo de fadas, não se esperem os saltos da cadeira vulgares de um filme do género. O que resulta no filme é todo o cenário, a inteligência da maquilhagem e a expressão visual das personagens.

Uma história simples mas criativa - uma criança deslocada e à procura de um refúgio do ambiente doméstico. A leitura de "contos de fadas" [supostamente desadequados a uma criança já no início da adolescência] leva à fantasia [ou será o real?] de percorrer um labirinto [do fauno] até à coroação como princesa.

Pelo meio há, ainda, lugar para a guerrilha de resistência ao regime de Franco e para reflexões, ainda que fugazes, para o "ter de ser" da realidade.

Muito bom. Um filme do cinema fantástico que poderá seduzir as massas.

Leva 4 estrelas [não leva mais devido à brutalidade de algumas cenas!...].

13.3.07

Imagem do dia - VI


[Sol de Inverno, sobre o Rio Douro - vista do Palácio do Freixo]


O sol de Inverno é: frio, provisório e enganador. Mas dá um especial brilho ao rio...

11.3.07

Camélias no Palácio

[Exposição de Camélias, organizada pela Sociedade Internacional das Camélias - Portugal]

O Palácio do Freixo, do século XVIII, foi objecto de profunda recuperação finda há cerca de 4 anos. Uma colorida exposição de camélias deu tonalidades especiais às deslumbrantes salas daquele Palácio, este fim de semana, e serviu de pretexto para a descoberta do espaço.

A camélia (de origem asiática) terá entrado em Portugal através da cidade do Porto, no início do século XIX.

Com o rio Douro como vizinho e um inteligente aproveitamento da luz solar, o Palácio convida a uma demorada visita.

Tem pormenores imperdíveis, como sejam os tectos ou as paredes, sem esquecer o Salão dos Espelhos.


[Salão dos Espelhos]







Com ou sem camélias [que só por si justificavam a visita, tendo em conta a variedade e quantidade], fica mais um dos [muitos] motivos para uma visita à Invicta!


8.3.07

Best of no feminino


[Pablo Picasso, Sleeping woman]


Comemorando-se, hoje, o Dia Internacional da Mulher, decidi efectuar uma recolha de excertos no feminino. Textos (poesia, prosa ou letras de música) de mulheres [portuguesas] que, por uma razão ou por outra, ainda que em níveis diferentes, conquistaram a minha admiração.

Espero que apreciem:



I


Porque

Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.

Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.



Sophia de Mello Breyner

II
Quem disse

Quem disse
que esta ausência te devia?

Quem pensou
que esta denúncia se enganava?

Que um dia era pior
que outro dia
Que à noite era melhor
porque sonhava?

Quem disse
que esta dor te pertencia?

Quem pensou que este amor
me perturbava?

Que o longe era mais perto
se fugias
Que o dentro era mais longe
porque estavas?

Quem disse
que este ardor te evidência?

Quem pensou que esta pena
me cansava?

Que calar era pior
se te despia
Que gritar era pior
se te largava?

Quem disse
que esta paixão me curaria?

Quem pensou
que esta loucura me passava?

Que deixar-te era paz
porque corria
Que querer-te era mau
porque te amava?

Quem disse
que esta paixão te espantaria?

Quem pensou
que esta saudade me rasgava?

Que tudo era diferente
se te via
Que o pior era saber
que aqui não estavas?

Quem disse
que esta ternura te devia?

Quem pensou que este saber
se enganava?

Neste langor crescente
que crescia
Neste entender de nós
que cintilava?



Maria Teresa Horta



III

Garras dos sentidos

Não quero cantar amores,
Amores são passos perdidos,
São frios raios solares,
Verdes garras dos sentidos.

São cavalos corredores
Com asas de ferro e chumbo,
Caídos nas águas fundas,
não quero cantar amores.

Paraísos proibidos,
Contentamentos injustos,
Feliz adversidade,
Amores são passos perdidos.

São demências dos olhares,
Alegre festa de pranto,
São furor obediente,
São frios raios solares.

Dá má sorte defendidos
Os homens de bom juízo
Têm nas mãos prodigiosas
Verdes garras dos sentidos.

Não quero cantar amores
Nem falar dos seus motivos.

Agustina Bessa-Luís


IV
Por outras palavras

Ninguém disse que os dias eram nossos
Ninguém prometeu nada
Fui eu que julguei que podia arrancar sempre
Mais uma madrugada
Ninguém disse que o riso nos pertence
Ninguém prometeu nada
Fui eu que julguei que podia arrancar sempre
Mais uma gargalhada

E deixar-me devorar pelos sentidos
E rasgar-me do mais fundo que há em mim
Emaranhar-me no mundo
E morrer por ser preciso
Nunca por chegar ao fim

Ninguém disse que os dias eram nossos
Ninguem prometeu nada
Fui eu que julguei que sabia arrancar sempre
Mais uma gargalhada

E deixar-me devorar pelos sentidos
E rasgar-me do mais fundo que há em mim
Emaranhar-me no mundo
E morrer por ser preciso
Nunca por chegar ao fim


Mafalda Veiga

P.S. Ainda que seja apenas mais um dia no calendário... Os dias de "alguma coisa" são mesmo para isso mesmo. Para serem comemorados.

6.3.07

Termómetros


Temperaturas actuais e estado do tempo:

- Perth (Austrália) - 42º. Sol.

- Mecca (Arábia Saudita) - 34º. Sol.

- Santiago de Cuba (Cuba) - 32º. Sol.

- Punta Cana (República Dominicana) - 29º. Sol.



- Porto - 12º


Chuva fraca, dizem os metereologistas!... Fraca? Estaria bem melhor em qualquer um dos sítios acima. Alguém alinha?

4.3.07

Imagem do dia - V


[Domingos]

2.3.07

Porto fantástico




Ao fim de 27 edições, eis que, finalmente, tenho a oportunidade de auscultar o Fantasporto (Festival Internacional de Cinema do Porto).

As expectativas não eram baixas e, atrevo-me a dizer, foram mais do que superadas.

O premiado em Cannes, em 2006, "12:8: East of Bucharest" (de Corneliu Porumboiu) leva-nos às comemorações do 16º aniversário da queda do regime ditatorial de Ceausescu. O filme foge à categoria de cinema fantástico no seu sentido mais puro e está inserido na semana dos realizadores.

Uma comédia absolutamente hilariante, com os seus pontos mais altos no programa de uma televisão local cujo apresentador pergunta insistentemente "onde é que estava no dia 22 de Dezembro de 1989, às 12:08?", recordando-nos alguém da nossa praça...

Pelo meio, há a oportunidade para a discussão acerca de como se acendem os lampiões de uma cidade. Todos ao mesmo tempo? Ou do centro para a periferia?

O público (constituído, maioritamente pela faixa etária 20-30) aplaudiu com convicção este divertido filme.

Aconselho também, a quem quiser aceitar o repto até Domingo, a visitar a tenda em frente ao Rivoli. Podem conseguir réplicas em cera das vossas mãos:







P.S. Divirtam-se.



1.3.07

Do fundo do baú - ii

"Já sei que vou arder na tua fogueira
Mas será sempre sempre à minha maneira"

[À minha maneira, Xutos & Pontapés]

P.S. Teimosia levada aos limites.