16.1.11

Berlim

Para não variar - e parece que o frio e o neve não têm força suficiente para me demover desse ritual - mais uma passagem de ano em terras gélidas. Desta vez, é Berlim que me acolhe. Fria. Imponente. E deslumbrante.
Encontro uma cidade reconstruída e bem organizada; uma cidade que não se envergonha do passado e que tenta manifestar a sua redenção em pequenas homenagens.
É possível conhecer Berlim a pé. Um bom mapa ajuda a serpentear as ruas amplas e a encontrar cada um dos pontos dignos de visita. E são vários.

Aqui vão os essenciais:

1. Reichtag

O edifício parlamentar alemão assume um significado histórico único. Enquanto edifício insistentemente utilizado para propaganda durante a II Guerra Mundial até ter sido bombardeado em 1945.

Actualmente a cúpula transparente atrai muitos turistas, que, através dela, conseguem ter uma visão ampla da cidade.

Dada a neve que assolou a capital alemã durante a época que lá estive, a cúpula, coberta de um manto branco, estava encerrada, por isso apenas a vista do exterior foi registada fotograficamente:

2. As homenagens/memoriais aos Judeus
É inequívoco, e tal infere-se facilmente, o esforço alemão no sentido de não fazer cair no esquecimento o sacrificado povo judeu. Absolutamente avassalador é o "Memorial aos Judeus Mortos da Europa", tendo sido concluída a sua construção em 2005.


Mas as homenagens vão-se sucedendo. Destaco, em especial, o Museu Judaico, com uma componente histórica enriquecedora para qualquer um, sendo de sublinhar, ainda, o facto de ser um museu interactivo, onde os visitantes são convidados a descobrir, por si, aspectos históricos da convivência entre o povo alemão e o povo judaico. Muito bom, mesmo. E de imprescindível visita.

3. As portas de Brandenburgo

Mais um símbolo da capital alemã. Inicialmente construídas para serem apenas mais uma das entradas da cidade, actualmente traduzem um local de referência para a realização de uma série de eventos, incluindo os concertos e fogo de artifício da noite de passagem de ano.

Milhares de pessoas juntam-se para assistir aos concertos, que, neste último ano, contou com a presença (musical?!) do inigualável David Hasselhof...

4. Ilha dos Museus

Situada na parte leste da cidade, reunem-se aqui os principais, e mais imponentes, museus de Berlim: Pergamon, Altes, Neue e Bode. Também aqui se localiza a Catedral de Berlim.

Berlim é uma cidade com uma grande oferta cultural e museulógica. Difícil será escolher quais visitar, tendo em conta que existem cerca de 170 museus em Berlim. O Pergamon é o mais paradigmático, sobretudo pela obras da antiguidade clássica.



5. Muro de Berlim

Construído em 1961 e derrubado em 1989 foi, durante 28 anos, a barreira física entre a parte ocidental e oriental.

Actualmente, há uma pequena parcela, na zona de Postdamer Platz, mas a parte que vale a pena visitar, e que tem algumas centenas de metros de extensão situa-se na zona da estação de Ostbanhof é denominada "East Side Gallery", onde se encontram autênticas obras de arte no muro, incluindo de artistas portugueses...



6. Miscelâneas
Berlim não tem o potencial para compras que tem Londres ou Nova Iorque, mas existem grandes catedrais do consumo na zona ocidental, em Kurfunrkstendamm. Em termos de gastronomia, não me posso dizer rendida à comida típica alemã. Dificilmente abro mão dos sabores mediterrâneos, mesmo além-fronteiras...

Para quem, como eu, é absolutamente fã da arquitectura moderna e experimental Berlim é um paraíso. A cada esquina se descobrem construções magníficas, só possíveis numa cidade com um esforço de reconstrução e de reabilitação como Berlim.

Conselho final - visitar Berlim na Primavera! Nem sempre é fácil aguentar 12 graus negativos...

31.8.10

Imagens do dia - XIII

Há simplesmente pormenores que, pelo seu encanto, nos retiram (mais) palavras. Dois registos, nas magníficas margens do Rio Douro. Para ir saboreando.


Rio Douro - I






Rio Douro - II


21.6.10

Para quando...


[Londres, Maio 2010]


... as férias??



P.S. A (in)tranquilidade própria de quem não sabe esperar.

21.4.10

Que esse dia não chegue!


Sem dúvida um belo anúncio.

7.3.10

Venham os Óscares


Em jeito de antevisão para mais uma noite de entrega das estatuetas douradas, aqui ficam, uma vez mais, as minhas previsões e apostas.

Num ano marcado pela luta pelas estatuetas entre ex-casados (!) pelos prémios da Academia e pelo (incompreensível) aumento no número de candidatos para Melhor Filme, ainda nada estará decidido.

O vencedor do braço de ferro, parece-me, será James Cameron, em virtude dos acontecimentos dos últimos dias relativos a tentativas de pressão da Academia... O Oscar que já estava nas mãos de Kathryn Bigelow pode ter-lhe fugido entre os dedos.


Aqui ficam, então:

Melhor Filme
- Quem deve ganhar - Avatar
- Por quem vou torcer - Sacanas sem Lei

Reconhece-se que The Hurt Locker pode vir a surpreender. Se Avatar não ganhar nesta categoria, pode ficar, apenas, pelos prémios de caracterização...


Melhor Realizador
- Quem deve ganhar - James Cameron
- Por quem vou torcer - Quentin Tarantino

Mantendo-se a tendência para Melhor Filme e Melhor Realizador coincidirem, a confirmar-se a minha previsão, James Cameron será o grande vencedor.

Taratino levará sempre a que aposte nele (enquanto um dos meus realizadores de eleição), mesmo que saiba, à partida, que os filmes por si concebidos não acolhem aplausos unânimes. De qualquer forma, se o Oscar fosse para Tarantino seria bem entregue!


Melhor Actriz
- Quem deve ganhar - Sandra Bullock (The Blind Side)
- Por quem vou torcer - Meryl Streep (Julie & Julia)

Sandra Bullock e Meryl Streep desempenham, nos filmes para que são nomeadas, papéis muito diferentes daqueles que as lançaram para a ribalta. Sandra Bullock, nos jeitos, caracterização e sotaque, tem uma representação consistente e bem conseguida mas parece faltar "qualquer coisa". De todo o modo, em jeito de prémio pos outros filmes, pode bem ser o ano em que ganha.

Meryl Streep é genial em "Julie & Julia". Sem falhas. Brilhante.

Melhor Actor
- Quem deve ganhar - Jeff Bridges
- Por quem vou torcer - George Clooney (porque já está na altura...)

Melhor Actriz Secundária
- Quem deve ganhar - Mo’Nique
- Por quem vou torcer - Vera Farmiga

Melhor Actor Secundário
- Quem deve ganhar - Christoph Waltz
- Por quem vou torcer - Christoph Waltz

Sacanas sem Lei foi um dos melhores filmes do ano e a representação de Christoph Waltz merece ser premiada. Os críticos não têm dúvida que o prémio é dele.

E amanhã fazem-se as contas!

24.2.10

Guilty Pleasures

De vez em quando, há músicas que vou ouvindo até à exaustão, como verdadeiros guilty pleasures musicais.

Este é o que me ocupa, por estes dias.

E a exaustão ainda não chegou....


28.1.10

No grande ecrã

Após algum interregno, regressei ao cinema e, há que reconhecer, sobretudo para ver dois dos filmes que têm estimulado, neste momento, a crítica, sobretudo em virtude dos prémios alcançados por ambos no âmbito da cerimónia dos Globos de Ouro (mais o primeiro do que o segundo...). Vamos então a eles:

1.Avatar



O género, em si, não faz parte daquele grupo de filmes que me arraste alegremente para o cinema. Tudo o que se enquadre no âmbito do vasto conceito de "ficção científica" costuma causar-me algum desconforto (e admito estar a cometer uma heresia para os aficcionados).

Mas o "Avatar" despertou a minha curiosidade, não só por se apresentar como um dos filmes mais caros na história do cinema, como pelo facto de vir assinado por um realizador que já demonstrou saber surpreender - James Cameron.

E assim fui. Com os óculos 3D, somos levados para um mundo paralelo (?) a algumas décadas de distância e deparamo-nos com seres extra-terrenos com hábitos tão distintos e dignos de aprendizagem. E é a essa empreitada que se atira o personagem Jake Sully, representado por Sam Worthington - conhecer esses seres, os seus hábitos para depois ser mais fácil o domínio dos humanos.

O argumento do filme não é brilhante e chega, frequentemente, a ser previsível para o espectador. Mas o filme não é argumento, pelo menos para mim. O filme vale pela imagem, pelos efeitos, pelo cenário tridimensional e gráfico.

Diverte. Mas não nos rendemos ao seu encanto.

Saldo final
- 3 estrelas.

2. Nas Nuvens




Não é um filme fácil de digerir. Comecemos pelo fim. A sensação que nos acompanha à saída do cinema é de alguma estranheza pela densidade do filme.
Porquê?

Ao contrário do "Avatar" - não sendo dois filmes comparáveis, coloquei a análise dos dois temporalmente perto - "Nas Nuvens" é sobretudo argumento. Tal como era o anterior de Jason Reitman, o belíssimo "Juno".

George Clooney apresenta-se como um quarentão cuja actividade profissional envolve viajar, por avião, cerca de 11 meses por ano, preparando meticulosamente a mesma mala de viagem com o objectivo de despedir pessoas, ou eufemisticamente, levar a que estas abracem outras oportunidades.

É um papel oscarizável em toda a linha. A aparente frieza inerente à actividade de Ryan (Clooney) - e, sobretudo, o distanciamento e ausência de raízes que as viagens obrigam - começa a ser, pouco a pouco, posta em causa. Até ao momento em que a conferência tantas vezes proferida pela personagem quanto a "largarmos tudo o que nos pesa" deixa de fazer sentido. Porque há tanto mais do que viagens de avião. Há tanto mais do "fugas". E a solidão não faz sentido.

Saldo final
- 4 estrelas. Pelo fantástico argumento, pela actuação de Clooney e pela ironia do final.

15.1.10

New York, New York



Apaixonarmo-nos pela cidade é inevitável. Sobretudo pela sua completude. Nova Iorque tem (quase) tudo - jardins, museus, organização, horizonte, monumentos. Falta, talvez, um pouco mais de história, de cultura de povo, que se encontra, abundantemente, em países do Velho Continente. Um metro de melhor qualidade - e que garantisse a deslocação este/oeste/este também seria perfeito.

Fica, então, um pequeno olhar sobre os cantos e percursos de NYC. Os percursos possíveis de percorrer quando a neve, o frio e algum vento, por vezes, nos dificultam os movimentos.


1. Museus

A oferta museológica de Nova Iorque é incompatível com uma visita de apenas uma semana. Ainda assim, com alguma organização de tempo (nem sempre fácil, quando os pontos de interesse não culturais abundam...), conseguem ver-se os principais museus da cidade: Metropolitan, Moma, História Natural e Guggenheim.

Escolher apenas um deles seria demasiado redutor. Pela imensidão e diversidade do espólio talvez optasse pelo Metropolitan (e pelos seus inúmeros Miró, Picasso, Gaugin ou Van Gogh), mas o Guggenheim tem uma arquitectura que o eleva ao pódio, mesmo que a quantidade de obras expostas seja bem menor. É, no entanto, um museu que não cansa, nem é labiríntico nem potencia a que nos percamos...E a exposição de Kandisky é memorável!


Ficam os dois em ex aequo, se me é permitido.



[Metropolitan]



[Guggenheim]

2. Restaurantes

Nova Iorque tem, também ao nível da restauração, uma ampla diversidade de oferta. Desde os restaurantes das cadeias de fast-food (que não abundam tanto como imaginava), aos mais requintados e de excelente cozinha.

Escolher o melhor que visitei é tarefa muito simples. De longe o "Mercer Kitchen", pela localização, decoração (um pouco mais de iluminação seria preferível), serviço e comida. De excelente qualidade, apresentação e originalidade.

Com os atributos descritos o preço não é abusivo. Deixar a escolha das entradas ao empregado é uma óptima opção.


3. Shopping

Como em qualquer cidade em que visite nesta altura do ano, a vertente "compras" está sempre presente. E NYC é uma cidade bem apelativa neste domínio. E não, não me refiro às compras na Chinatown, mas, sobretudo, em todos os cantos da cidade. Os preços são bem simpáticos - desde vestuário à mais recente tecnologia.

O segredo está em descobrir as promoções escondidas em sítios menos frequentados, já que as lojas como a GAP e a Levi's estão sempre cheias.

Se o objectivo for a diversão, a visita à loja dos "M&M" é mais do que recomendada! Londres é mais excêntrica e, por isso, ainda vence Nova Iorque quanto à originalidade.


4. Horizonte

A imensidão de Nova Iorque - sobretudo em altura - pode ser apreciada em vários pontos. Cada um com uma perspectiva diferente mas sendo, todos eles, dignos de visita.

Da Liberty Island vê-se, sobretudo, a parte sul de Manhattan (Downtown), enquanto que do Empire State Building, à noite, alcança-se todo um conjunto de luzes que a descrição em palavras e o registo fotográfico são sempre demasiado pobres para se alcançar a realidade que o nosso olhos consegue captar.


[Vista de Manhanttan do 86º andar do Empire State Building]

A Ponte de Brooklin sendo, por si, motivo de visita permite que, afastando-nos de Manhattan consigamos, finalmente, compreender que Nova Iorque não acaba ali.


5. New Year's Eve

A passagem de ano em Nova Iorque, como tão bem noticiam as nossas televisões, é colorida e muito populosa. De tal forma que todos os acessos a Times Square se encontram fechados desde a tarde de dia 31.12.

De qualquer forma, posso garantir-vos que o Day After tem mais ou menos este aspecto:




E há tantos outros pontos dignos de visita - os passeios pela Greenwich Village (uma das melhores zonas de Nova Iorque para andar a pé, longe do reboliço do centro urbano e dos prédios de dezenas de andares), a Estátua da Liberdade, o Edifício das Nações Unidas, Chinatown, Soho ou o Central Park, coberto de neve, o Harlem e toda a área envolvente da Universidade, a Central Station. E a Broadway, claro. Para ver um musical, mas apenas quando o jet lag já estiver totalmente controlado, para evitar que o sono e o cansaço nos roubem a atenção merecida ao espetáculo grandioso com que somos presenteados...




Por mais que se tente, fica sempre tanto por dizer e mostrar. E recordar. Desde a simpatia dos ali residentes (muitos deles imigrantes, inevitavelmente) ao encanto de descobrir que tanto do que já se viu é tão pequeno quando comparado com NYC. Sem dúvida, uma das cidades mais fascinantes que já percorri.

E o regresso, decerto, não tardará.

19.11.09

Treto - Coppola


Um agradável convite para a ante-estreia (fica o agradecimento...) leva-me para "Tetro".

O filme, de Francis Ford Coppola, está bem estruturado - o que não surpreende, atendendo a quem o assina - e o enredo vai-se compondo assim que os minutos avançam.

Ainda que sob o carimbo de "drama" há no filme qualquer coisa de uma "estranha tragi-comédia".

O argumento é simples - Bennie viaja para Buenos Aires à procura do irmão mais velho Angie. Sem imaginar encontra um "Tetro" e não um "Angie", com personalidade e hábitos diferentes do que se recordava. Tetro já não é um génio da escrita, mas um escritor falhado.

Como a sua estadia em Buenos Aires se vai prolongado, o propósito de Bennie passa a ser, além de tentar descobrir o seu passado, recuperar a genialidade do irmão.

A banda sonora, em que reparo sempre, é consentânea com o enredo. Consistente. A fotografia - entre o preto e branco e as cores, e com todo o jogo que isso envolve - é magnífica.

Recomendo vivamente. Porque Coppola é sempre Coppola.

Saldo final - 4,5 estrelas.

15.11.09

Depeche Mode ... à 3ª é de vez!


Eis que - FINALMENTE - não existem contra-tempos e os Depeche Mode dão o concerto esperado. Ainda que em Lisboa - e estiveram tão perto de vir ao Porto - o concerto foi, sem dúvida, memorável.

Depois de uma curta 1ª parte dos Gomo, Dave Gahan e os seus compinchas tomam conta do Pavilhão Atlântico durante cerca de duas horas.

Inevitavelmente as músicas retiradas do novo álbum fizeram-se ouvir, mas foram os clássicos que renderam os coros da assistência, nomeadamente "It's no good", "Precious" e "Walking in my shoes".

Martin Gore, o guitarrista, protagonizou um dos dois momentos altos do espectáculo. A sua voz na intimista "Home" foi asolutamente inenarrável. Apenas acompanhado ao piano, sem rede. E genial!

O segundo grande momento ficou reservado para o final com "Personal Jesus", já em encore.

As imagens de vídeo abrilhantaram a noite e o som foi melhorando à medida que o Pavilhão esgotava.

Saldo final - 4 ESTRELAS

P.S. Faltou "Just Can't Get Enough", mas pode ser que venha com o regresso da banda a Portugal...

9.8.09

Esperas e aeroportos

[Vista aérea de Alghero, Sardenha]

Atrasos nos voos em cerca de duas horas permite - pelo menos a mim - um olhar mais atento pelos que esperam.

Atenta aos rituais, aos mesmos hábitos que se repetem, mesmo que as nacionalidades dos protagonistas sejam, entre si, muito diferentes. A forma como lidam com a espera, o passar impaciente das horas, foi algo que me resgatou da (minha) espera.

A atenção num casal em que ela improvisa a escrita de uns versos (um poema?) - que só a longa espera justifica - e que vai declamando, orgulhosa. Ele - diferente nos gestos - finge interessar-se, enquanto esboça um sorriso. No final, ele cruza os braços e ouve música. Ela continua agarrada ao papel e empunhando a caneta, freneticamente corrigindo e reescrevendo os seus versos.

A atenção em duas crianças que espalham barbies, cartas e legos pelo frio chão daquele aeroporto. Uma delas, com não mais do que que 4 anos, descobre a minha atenção, denunciando-a, e, destemida, pergunta: "Te vas en el avion?". E assim inicia uma repetição incessante da pergunta, que me dirige, de todas as vezes, com um riso contagiante, mesmo quando, à chegada, me volta a encontrar junto aos tapetes com as malas. A ela, a espera não incomoda, sendo apenas mais um pretexto para prolongar a sua diversão.

Descubro ainda leitores atentos, jogadores de cartas, outros que se deitam nos bancos, numa tentativa de descanso com os risos, choros e barulho como pano de fundo.

Assim lidam com a espera. O avião chega finalmente e eu guardo o papel e a caneta.

E vocês? Como lidam com a espera?

30.6.09

As "cookies"





Para quem, como eu, acompanha a jornada laboral sempre com um pacote de "cookies" ao lado, a imagem faz todo o sentido.


P.S. Obrigada pelo e-mail!

20.4.09

Tampas


Aprendo muito com ela. Hoje fiquei a saber qual o sentido de a vox populi referir os comuns tupperwares como

"tamparueres"


É porque têm tampa.


Muitos se aprende por aquelas bandas.

22.2.09

Q & A e Slumdog Millionaire

Li o livro de Vikas Swarup, Q & A (cuja tradução para português coincide com a tradução do filme para "Quem quer ser bilionário"), com a velocidade própria de quem queria comparar o texto que deu o mote ao filme com a adaptação do argumento ao grande ecrã.

Comecemos pelo livro. No livro, a personagem principal Ram Mohammad Thomas vai narrando à sua advogada, Smita Shah, o motivo pelo qual conseguiu acertar nas doze (ou treze?) perguntas do concurso televisivo.

Não estava prevista a sua vitória, não era suposto que soubesse tanto, nem, muito menos, que chegasse ao prémio mais alto que o concurso alguma vez tinha dado.

O livro, narrado na primeira pessoa, é intimista. Pela voz da personagem principal vamos conhecendo, peça por peça, ou, melhor, pergunta por pergunta, as várias peripécias da sua infância e adolescência.

Sem dúvida que o livro é consistente, bem escrito e que apresenta uma boa história. Aqui e além inspirada (conscientemente ou não) em segmentos de Charles Dickens e os cenários mais ou menos funestos da infância de um órfão.

Passemos ao filme.

Pelas mãos de Danny Boyle, é adaptado ao cinema o livro de Vikas Swarup. Já há muito que não fazia a ponte livro-filme. Até que ponto consegue um realizador transformar um livro - porque a passagem ao cinema implica necessariamente uma transformação - sem destruir a essência da escrita?

Jamal Malik - a personagem principal - às portas do grande prémio, tem que convencer a polícia indiana de que, apesar dos seus 18 anos e de ser apenas um servidor de chás, "sabia todas as respostas".

O livro, como é regra, é mais completo e, de vez em quando, reparam-se os saltos da película em relação ao texto original. Até as próprias perguntas do concurso não são coincidentes. Mas apesar desta desconformidade (e porque desconformidade não significa obra menor), o filme é meritório.

O cenário indiano dá-nos por alguma vezes um murro no estômago. Da imundice dos bairros de lata à pobreza e miséria dos pedintes.

O melhor do filme? A banda sonora. Genial mesmo. Dá um ritmo excepcional ao encadeamento dos factos e fica a vontade de levar já para casa o cd. 5 estrelas para A. R. Rahman. Já em Trainspotting (que é melhor do que este Sumbdog Millionaire) a banda sonora tinha um dos mais importantes papéis na película.

Saldo final - 4,5 estrelas. Pela comparação com o livro conduzir à conclusão que o filme podia, e devia, ter aproveitado alguns segmentos da narrativa em benefício da história.

Previsões e apostas 2009


Esta noite/madrugada todos as atenções estarão dirigidas para a entrega dos maiores prémios do cinema. Num ano especialmente marcado por argumentos adaptados e por filmes de (aparente) baixo orçamento, deverá haver poucas surpresas.

Julgo que um filme que tenha a sua história já escrita e seja, portanto, não mais do que um argumento adaptado, não deveria ganhar o óscar de melhor filme, mas a academia não se deixa seduzir pelos meus "julgamentos" e, por isso, deve mesmo vir a premiar a passagem ao ecrã de um livro bem escrito (a crítica seguirá dentro de momentos...) - "Quem quer ser bilionário?".

Recolhidos os pareceres e vistos quase todos os filmes, aqui ficam algumas tendências:

Melhor filme: Deve ganhar "Quem quer ser bilionário?". Por mim ganharia o "Estranho caso de Benjamin Button", mas talvez este só venha a vencer nas categorias de caracterização.
Melhor realizador: Gus Van Sant, com "Milk". Fugindo-lhe o óscar de melhor filme, que será o mais provável, não lhe deve escapar este justo galardão. Num filme que é, todo ele, feito à imagem do realizador.
Melhor actriz: Kate Winslet. Claro que, por mim, ganharia sempre Meryl Streep que já mais do que provou, com todos os prémios e nomeações, que é a melhor actriz da sua geração e que apresenta sempre uma representação sublime em todos os filmes em que intervém.
Melhor actor: Mickey Rouke. Já recolheu o apluso unânime da crítica, ao regressar às luzes da fama depois de uns anos na sombra. Se perder, só se for para Sean Penn, visto que o papel em "Milk" lhe assenta como uma luva. Eu torço por ele.
Melhor actriz secundária: Já quase que Penélope Cruz tem o prémio nas mãos, mas estaria melhor nas de Viola Davis que tem uma interpretação irreprensível no filme "Dúvida". Resta saber se a Academia se deixa convencer por uma interpretação de apenas cerca de 10 minutos. A mim convenceu.
Melhor actor secundário: Heath Ledger. A título póstumo e quase certo.

Logo se verá.

2.2.09

Benjamin Button


Fui avisada de que o filme duraria quase três horas mas que nem se sentia o tempo passar. Como se de uma metáfora em relação ao próprio filme se tratasse, em jeito de relógio que vai andando para trás, manifestando um acto de catarse do relojoeiro.
"O estranho caso de Benjamin Button" não ignora a grandeza que o envolve nem o impacto que causa a quem o vê.

Baseado na "short story" história de Scott Fitzgerald com o mesmo nome, é sobretudo pelo argumento que o filme tem algumas cartas (de trunfo) a dar. Ainda que seja um argumento adaptado, é enriquecido com umas pinceladas de actualidade, nomeadamente o tempo real em que são recordados os momentos da vida da personagem principal suceder em 2005, em pleno Katrina.

Sob a pena de um dos meus realizadores favoritos - David Fincher (que já me tinha roubado muitos aplausos com Seven, não devendo este ano a estatueta dourada escapar-lhe) - temos a histórica de Benjamin, cujo nascimento ocorre no final da 1ª Guerra Mundial, e cuja vida é o contrário do esperado. Começa-se com rugas e acaba-se num bébé. E ainda que a frase "no final, todos acabamos de fraldas" seja o mote do filme, todos os contra-tempos e fases vividas em turbulência num corpo que vai rejuvenescendo são dignas de apreço e muito bem conseguidas.
A caracterização tem aqui um papel irrepreensível. Como envelhecer e rejuvenescer Brad Pitt e Cate Blanchet (e todas as outras personagens secundárias) parece ser uma operação tão simples para a produção do filme.
Brad Pitt tem uma representação consistente, mas talvez um pouco abaixo do que esperava. Reconhece-se, não obstante, que foi uma boa escolha para a personagem central.

Um filme a não perder, que recomendo.

Saldo final - 4 estrelas (sob reserva de correcção superveniente - para mais -, caso os filmes que estão para vir/ver se revelarem como de segunda linha).

28.1.09

O regresso de Woody Allen


Nos preparativos para as apostas para os melhores filmes do ano, regressei às salas de cinema (após um largo período de jejum, reconheço).

Desta vez, para rever Woody Allen e a sua incessante busca da compreensão do comportamento humano relacional. Vicky Cristina Barcelona não deve ter pretensões em chegar ao nível de Match Point ou sequer de Scoop. Ao nível do argumento, este é mais comum, quase em jeito de filme de Domingo à tarde.

Quanto à representação, só mesmo Penélope Cruz consegue subir a fasquia e destacar-se dos restantes, talvez por isso mesmo se compreenda a sua nomeação para o Óscar de Melhor Actriz Secundária.

A história, em si, não podia ser mais simples. Duas amigas vão de férias para Barcelona e uma delas, em vésperas de casamento, começa a avaliar se terá feito uma boa escolha e se todos os princípios e (pre)conceitos que a caracterizam têm realmente sentido. O já esgotado (a nível de cinema) conflito entre razão-emoção surge, uma vez mais, aqui retratado.

Além da representação de Penélope Cruz, destaca-se a banda sonora, diversificada, mas, inevitavelmente com domínio espanhol, de que saliento Paco de Lucia. E, ainda, a cidade. Barcelona.

Saldo final - 3 estrelas.

4.1.09

Paris




Uns dias depois da entrada em 2009, fica um breve olhar sobre os últimos dias de 2008 e os primeiros de 2009 em Paris. Aquela que é, por muitos, e justamente, designada de "Cidade Luz".

O frio foi sempre a nossa companhia e o sol só brilhou, sem aquecer, no último dia. Quase que nos habituamos a que estas viagens, de fim de ano, sejam fugas para o frio.

Os turistas tomam de assalto a capital francesa, provenientes de todos os cantos do mundo e de máquina fotográfica/ de filmar em punho. Tudo é motivo para uma foto - desde os mais diversos ângulos da Torre Eiffel, a todas as obras expostas no Louvre, sem esquecer toda a luz dos Campos Elísios.

Paris é imensa. Nos monumentos, nas pessoas, nas ruas, nos jardins, no interesse histórico, nos museus. E nos preços, também. Mas isso já se esperava. Com tanto turismo, há sempre alguém disposto a pagar os preços exorbitantes mesmo sem pestanejar.

O essencial:
- andar a pé - conhecer a cidade sem ser através de fugazes saídas nas estações de metro. Claro que isto implica tempo, organização e boas leituras dos mapas (nem sempre fácil, reconheço);
- museus - há muitos e sob a égide de várias temáticas. O de Orsay e o do Louvre são imperdíveis. De manhã bem cedo, para evitar as horas de espera. O do Louvre (que reclama quase um dia inteiro para ver, pelo menos na diagonal, toda as obras) com as atracções por todos conhecidas - Mona Lisa, Vénus de Milo, ou a Vitória da Samotrácia. E, das minhas preferidas, as obras relativas às estações do ano, de Arcimboldo, para demonstrar que a pintura pode ser divertida.



Aquele que foi, em 2007, o museu mais visitado do mundo confirma, e supera, todas as expectativas.
- os jardins, palácios e catedrais;
- a comida - não se pode prescindir dos crepes, das baguetes e dos queijos;
- a luz - uma cidade com brilho próprio, mesmo quando a época do ano se caracteriza por algum cinzento.

E, naturalmente, todos os símbolos da cidade, sobejamente conhecidos.

Ficaram por ver alguns museus de destaque e um espectáculo no Moulin Rouge (por ausência de lugares vagos...). Talvez para o ano!

Para ver, rever e prolongar estadias.


24.12.08

Pink Christmas


Quando por todo o lado se ouvem músicas de Natal alusivas ao "White Christmas", por aqui o Natal é cor-de-rosa. A árvore poderia ser rosa choque da cabeça aos pés (se a nossa tivesse pés e não andasse a tombar de vez em quando...).

Não sei se inspirada pelo fenómeno Hello Kitty, ou se por alguma reminiscência de infância, este Natal estas são as cores reinantes.

Nada de branco, castanho, vermelho ou dourado. Cor-de-rosa, portanto.

Ficam, nestes tons, os votos de um colorido Natal a todos os que visitam este espaço!!!

7.11.08

No porta bagagem


No programa da manhã da Radio Comercial, perguntava-se hoje o que guardamos no porta-bagagem, além das trivialidades.

Chegando ao local de destino, apressei-me a abrir a mala e a confirmar que a ordem e a arrumação não impera naquele espaço. Ali encontro um porta-moedas (vazio...), um cestinho em papel resultante de uma oferta num dos 3.000 casamentos que tive este ano (na esperança de que os noivos não leiam o post e não saibam o destino daquela oferta). Uma prenda para oferecer a alguém que fez anos, que, por preguiça e comodidade, ali vai ficando até ao momento da oferta.

Invariavelmente dois ou três livros técnicos, em jeito de biblioteca ambulante.

E vocês? O que se pode encontrar na vossa mala?