- E para beber? - sorri. Olha de lado, como olha sempre, e segura na mão direita a caneta e na esquerda um bloco de notas.
- Para beber... O que tem?
- Só preciso que me digam a cor. Branco ou Tinto.
- O tinto é horrível - digo, entredentes, ao resto dos convivas à mesa.
- Não gosto do tinto. Demasiado ácido.
- Talvez... É um vinho de lavrador. Vem directamente das uvas da minha quinta. É um vinho "tu cá, tu lá". Nada de tratamentos modernos...
Confirma-se que o vinho "tu cá, tu lá" (mais uma expressão a juntar às eloquências) é ácido mas o Zé Manel (o dos Ossos) serve-o como se apresentasse um licor dos deuses.
[@ Zé Manel dos Ossos, Coimbra]
Ao mesmo tempo em que decora o espaço com espécimes como os da foto, se nega a servir café - "para despachar a clientela", assume - e são exibidos textos, desenhos ou poemas (uns mais outros menos conseguidos) dos que por ali passaram, cobrindo, por completo, as paredes...
Um local de visita obrigatória, em Coimbra.
5 comentários:
Não sei se tu sabes a história dessa tasca mas aqui vai... A minha tia conta que na altura em que ela tirou o curso, década de 80, o pessoal não tinha guito, nem para comer satisfatóriamente. O Zé Manel dos Ossos fazia um refugado de restos dos ossos da galinha cozida que era normalmente o jantar dos estudantes pobres. Eu sei... comigo aprende-se muito!
Que fixe! :)
O Zé Manel dos Ossos é um ícone da gastronomia coimbrã. Muito respeitinho, não é como o vinho, que é tu cá tu lá. E digo mais: grande jantar. Para repetir, logo que possível.
Estou a ver que vocês só têm grandes (leia-se alcoólicos) jantares quando eu não estou. Protesto! E agora que controlamos Portugal, vamos demolir o Zé Manel dos Ossos e fazer da Joaninha Em Fuga e da JGil nossas prisioneiras de guerra, quiçá deportá-las para as desertas juntamente com o Goucha! Quem não está connosco, está "contranosco"!
170-907. Tenho dito.
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