18.7.07

O fénomeno Harry Potter


J. K. Rowling não imaginaria o sucesso que a sua escrita daria origem. Aliás, o primeiro livro (dos 7) viu a sua publicação rejeitada em 12 editoras.

Quase 12 anos volvidos desde a data da escrita de "Harry Potter e a Pedra Filosofal", estima-se que já tenham sido vendidas mais de 325 milhões de cópias do conjunto dos seus livros, que apresentam Harry Potter como protagonista, colocando a autora na lista das pessoas mais ricas actualmente.

Como se explica o fenómeno?

Despertada pela curiosidade, logo após a saída do primeiro livro na sua versão portuguesa, atirei-me, pois, à leitura. E repeti o procedimento para os cinco livros que se seguiram.

Não são livros enquadrados na tradicional categoria de "livros infantis", apesar de alguns críticos literários afirmarem que os livros da saga Potter mais não são do que uma miscelânea de clichés, metáforas mortas (?) e reciclagem de contos infantis.

Para mim, o fenómeno e o sucesso justificam-se pela construção de um mundo imaginário paralelo ao real - as vassouras voadoras, os feitiços, as poções mágicas... Mas não só. Isso poderia significar algum sucesso, mas não este sucesso. Os livros são descritivos, os diálogos ricos e a densidade psicológica das personagens é crescente.

A poucos dias do lançamento da versão inglesa do último livro Harry Potter - "Harry Potter and the deathly hallows" - está nas salas de cinema o filme "Harry Potter e a Ordem da Fénix".

Desta vez realizado por David Yates, teve o mérito (?) de realizar o filme mais curto para o livro, até agora, mais longo. O que implica, quanto a mim, o esquecimento de alguns segmentos da narrativa que poderiam, e deveriam, ter sido mais explorados. O 5º livro é aquele em que a dimensão psicológica da personagem central é mais desenvolvida, caracterizando-se por um conflito interior próprio da adolescência e as dúvidas quanto à sua identidade.

Não é tão genial como o "Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban" [quer na versão literária, quer na versão cinematográfica, que foi, para mim, o melhor], mas tem alguns trunfos: a personagem Dolores Umbridge, brilhantemente interpretada por Imelda Staunton, que vem trazer um desequilíbrio de poder à Escola de Hogwarts e impor os seus [divertidos] decretos ditatoriais.

Daniel Radcliffe (Harry Potter) já não é o imberbe dos quatro primeiros filmes e torna-se, neste último filme, notório algum atraso na realização dos filmes, para aproveitar os mesmos actores.

Faltam os jogos de Quidditch, mas aparecem as pericépias dos gémeos Weasley, a componente dos jogos de poder e bons efeitos no embate final.
Saliento, ainda, algumas belas imagens de Londres. Não terá sido por acaso que se pretendeu fazer esvoaçar os membros da Ordem da Fénix pelo Tamisa, passando pelo London Eye, Big Ben ou Buckingham Palace.

Saldo final
- 4 estrelas, para o filme (para os livros são 5 estrelas, sem reservas).

7 comentários:

Anónimo disse...

Pronto, se calhar é desta que me converto. É que desde que ouvi falar no pequenito Harry que nunca senti a mínima curiosidade por ler uma linha que fosse. Mas é tanta gente a delirar com isso... enfim, não há-de andar meio mundo ao engano. Emprestas-me um?

Anónimo disse...

Também achei que faltou muito neste ultimo filme. Especialmente as cenas dramaticas retratadas no livro das discussoes do Harry com os amigos e com o seu professor. O livro mostra um personagem muita mais revoltada com a vida do que tenta transparecer na tela de cinema.

Mr. Sherlock disse...

Não gosto dos filmes, gosto dos livros, e só por isso é que vou ver os filmes.
5 estrelas sem reservas para os livros.
E é caso para perguntar: 6af onde vais estar às 24h?

S. disse...

Partilho da opinião do mr. sherlock, não consigo retirar dos filmes a mesma satisfação que me despertam os livros. A prosa equilibrada, o enredo inteligente e o mérito de um mundo paralelo, onde o impossível toca os limites da imaginação, que sempre fascinou o género humano [veja-se o fenómeno mais recente da "Second Life"] são os ingredientes perfeitos para mover massas às livrarias. E, para mais, esse jovem encantador "nasceu" no Porto.

Eu vou estar lá.

rtp disse...

Bem... eu suponho que vou dizer uma "heresia", mas cá vai!
Nunca li nenhum livro do Harry Potter, nem nunca vi nenhum filme, e (o que é mais grave, julgo) não tenho vontade de ver.
Bem, não tinha até ler este post! :-)

P disse...

Tenho uma posição dúbia. Li um livro, e tenho visto os filmes (à boleia do meu miúdo do meio). A verdade é que nem me fascina nem me motiva a necessidade de 'bater'. A verdade é que me deu bastante prazer ler o livro O cálice de fogo ou algo assim)! Já os filmes... começam a cansar. Acho que gostei mais do III (como é conhecido cá em casa). Não tenho em relação ao fenómeno grandes preconceitos. Pelo menos põe-se gente a ler e com prazer e entusiasmo.

Anónimo disse...

Ahn, como é maravilhoso achar gente que não é criança nem adolescente que gosta de Harry Potter. Eu realmente acho um absurdo que hajam criticos dizendo que HP é coisa para criança, que não passa de meros clichês; pra mim, esse tipo de gente com certeza não soube retirar o devido conteúdo do livro, só leu para criticar mesmo.
Hah, muito bom seu texto; eu amo demais Harry Potter, os livros são maravilhosos, mas os filmes sempre deixam algo a desejar.