7.11.06

Lados lunares



"Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e aguentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

[...]

Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que 'normalidade' é uma ilusão imbecil e estéril."


[Oscar Wilde]

Que tendência é a nossa de identificar um padrão de normalidade e, a partir daí, catalogar como desviante ou 'anormal' algo que fuja a essa padrão?

Ao ler este texto de Oscar Wilde fui imediatamente remetida para o fabuloso "Lado Lunar", de Rui Veloso e recordei aqueles versos: "Mostra-me o avesso da tua alma/ Conhecê-lo é tudo o que eu preciso/ Para poder gostar mais dessa luz falsa/ Que ilumina as arcadas do teu sorriso".

Sem comentários: