Há umas semanas atrás, no âmbito de uma conversa de trivialidades, o tema foi "qual é o maior escritor brasileiro?". A resposta pronta, dada por um autóctone, foi Machado de Assis, apontando de imediato o livro "Memórias Póstumas de Brás Cubas".
E estava lançado o mote e convite à leitura. A uma velocidade de leitura calculada de 15 minutos por dia (na melhor das hipóteses) foi um livro para se ir lendo.
Com capítulos curtos e divertidos, o autor, colocado na pele de Brás Cubas, vai contando, cronologicamente, os retalhos da sua vida. A obra dedicada "ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver" é inevitavelmente realista e pode aproximar-se a alguns escritos de Eça de Queiroz.
Não foi tarefa fácil a escolha de um excerto para aperitivo - com inúmeros segmentos que poderiam saltar para o post - mas deixo este, eloquente q.b.:
"Começo a arrepender-me deste livro. Não que ele me canse; eu não tenho que fazer; e, realmente, expedir alguns magros capítulos para esse mundo sempre é tarefa que distrai um pouco a eternidade. Mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contração cadavérica; vício grave, e aliás ínfimo, porque o mais defeito deste livro és tu, leitor. Tu tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar..." (Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas, Biblioteca Editores Independentes, pág. 172)
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