Reconheço que me supreendeu positivamente - dada a ausência, em Coimbra, de alguns filmes que queria ver - fui convencida a ver este, que já conta com algumas semanas em exibição no nosso país. E o filme conquista quase desde o início.
David Cronenberg recupera-nos Viggo Mortensen (o "saudoso" Aragorn do Senhor dos Anéis) e atribui-lhe o papel principal - de Nikolai - (que já conduziu a uma nomeação para um Globo de Ouro como melhor actor) num enredo do interior das máfias de leste, operante em Londres.
Naomi Watts (Anna) representa o papel de uma parteira que, por um acaso, toma conhecimento de um crime cometido no âmbito das máfias de leste. O que constitui o pretexto para conhecer as famílias russas, com as suas práticas, hábitos e crimes. Saliente-se, ainda, a representação de Vincent Cassel, no papel de Kirill.
Não é só mais um filme de acção, um triller, um drama ou uma história bem contada. Talvez seja tudo isso ordenado sob a batuta de um realizador que quis imprimir o maior realismo a cada uma das cenas. A todas as cenas. Incluindo as mais crúeis e brutais, sem descurar a própria fotografia. Como se não tivesse qualquer tipo de compaixão pelo espectador, não o poupando das cenas mais violentas.
O canadinado Cronenberg não esquece a pincelada político-social - o KGB e o seu sucessor, a imigração vinda de Leste à procura de melhores condições de vida e que apenas conduz ao ingresso num sub-mundo, com a luta pela sobrevivência e dignidade.
4 comentários:
Espectacular. Quem é que sabe, quem é?
estou curioso...
Ainda não vi. Queria ver. Agora com este post redobrei a vontade!
Já vi! Bem... Acho que estou a ficar um tanto ou quanto apático em relação a filmes de grande orçamento. Pelo menos fiquei com melhor sensação do que aquando do American Gangster.
Quanto ao Eastern Promises, salva-se, e bem, a fotografia, os planos também bons, como é o caso da chávena na primeira cena Anna/mãe. Gostei imenso de um pormenor: a primeira cena em que a Naomi Watts anda de mota, é filmada de frente e dá aquela velha sensação de estar parada no estúdio com uma tela a correr um filme por trás. Achei muito curioso :)
A brutalidade e crueldade das cenas mais violentas é assustadoramente real, deixou-me bem a pensar em fragilidade humana.
Bem... acho que aqui é só, mas vou fazer a crítica completa noutro blog :p
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