30.1.08
Escritos
22.1.08
Expiação
Não se pode dizer que os happy endings de que o realizador se afirma fã seja o tradicional "e viveram felizes para sempre". É só e apenas uma visão possível - e quiça distorcida (como a visão da personagem que desencadeia a expiação) - do que significa a felicidade eterna.
A obra de McEwan, já premiada, é toda ela o suporte do filme. O argumento conta uma história, aparentemente simples, de Briony que, aos 13 anos, assiste ao romance da sua irmã, Cecília (Keira Knightley) com Robbie (James McAvoy) e, em virtude de um conjunto de "mal-entendidos", toma uma decisão que vai mudar o rumo de toda a família.
A vida de Briony será, pois, vivida na expiação do mal provocado. Até à velhice, na pele de escritora [com o pormenor - pouco real - do mesmo penteado sobreviver desde os 13 anos até aos 90 anos...], quando relata, de forma pouco imparcial, os factos ocorridos no âmbito da sua família.
A música que acompanhada as personagens, [os seus passos pelo soalho], é de um ritmo que evoca as batidas de uma máquina de escrever e é de uma envolvência indescritível. Talvez por isso, seja merecidíssimo o globo de ouro conquistado pela banda sonora do filme.
Saldo final - 4 estrelas [lamenta-se que os actores principais não tenham trazido a mais valia necessária para chegar às 5 estrelas. Ao nível da representação, talvez só mesmo Saoirse Ronan (Briony) mereça destaque, tendo-lhe já valido nomeação para melhor actriz secundária].
21.1.08
Rotas
O que lá vai já deu o que tinha a dar
Quem ganhou ganhou e usou-se disso
Quem perdeu há-de ter mais cartas pra dar
E enquanto alguns fazem figura
Outros sucumbem à batota
Chega aonde tu quiseres
Mas goza bem a tua rota
(Jorge Palma, A gente vai continuar)
Eloquências de meia-noite, traduzidas por versos.
19.1.08
7.1.08
O legislador
5.1.08
Promessas perigosas
Reconheço que me supreendeu positivamente - dada a ausência, em Coimbra, de alguns filmes que queria ver - fui convencida a ver este, que já conta com algumas semanas em exibição no nosso país. E o filme conquista quase desde o início.
David Cronenberg recupera-nos Viggo Mortensen (o "saudoso" Aragorn do Senhor dos Anéis) e atribui-lhe o papel principal - de Nikolai - (que já conduziu a uma nomeação para um Globo de Ouro como melhor actor) num enredo do interior das máfias de leste, operante em Londres.
Naomi Watts (Anna) representa o papel de uma parteira que, por um acaso, toma conhecimento de um crime cometido no âmbito das máfias de leste. O que constitui o pretexto para conhecer as famílias russas, com as suas práticas, hábitos e crimes. Saliente-se, ainda, a representação de Vincent Cassel, no papel de Kirill.
Não é só mais um filme de acção, um triller, um drama ou uma história bem contada. Talvez seja tudo isso ordenado sob a batuta de um realizador que quis imprimir o maior realismo a cada uma das cenas. A todas as cenas. Incluindo as mais crúeis e brutais, sem descurar a própria fotografia. Como se não tivesse qualquer tipo de compaixão pelo espectador, não o poupando das cenas mais violentas.
O canadinado Cronenberg não esquece a pincelada político-social - o KGB e o seu sucessor, a imigração vinda de Leste à procura de melhores condições de vida e que apenas conduz ao ingresso num sub-mundo, com a luta pela sobrevivência e dignidade.